Caso perdido?

Parece um tema repetitivo, enjoado e desinteressante para a maioria das pessoas que moram e trabalham nas cidades. Mas o trabalho escravo contemporâneo no Brasil é uma chaga que não foi sarada totalmente com a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel durante sua interinidade no Terceiro Reinado, em 1888. O enfrentamento que ela teve para […]

Parece um tema repetitivo, enjoado e desinteressante para a maioria das pessoas que moram e trabalham nas cidades. Mas o trabalho escravo contemporâneo no Brasil é uma chaga que não foi sarada totalmente com a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel durante sua interinidade no Terceiro Reinado, em 1888. O enfrentamento que ela teve para pôr fim à escravidão numa das poucas nações ocidentais que a matinha ainda tem a resistência das mesmas forças. Os fazendeiros
– médios e grandes – alinhados com o agronegócio.

Mesmo passados 129 anos, o trabalho escravo mudou apenas de forma. Mas a exploração, não. O Maranhão, com a metade de sua população atolada na pobreza, é o maior fornecedor de mão de obra para os escravocratas do século 21. Eles modernizaram os meios de produção, mas o sentimento da exploração do trabalho permanece. A lista de empresas flagradas pelo Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal subiu para 232 cadastros na “lista suja”, com milhares de explorados. No entanto, o ministro do Trabalho do governo Michel Temer, Ronaldo Nogueira, proibiu a divulgação.

Só apareceu na nova versão, porque a TV Globo teve acesso e fez reportagem sobre a relação, em meio à imensa repercussão nacional e internacional das novas regras baixadas em portaria do presidente Michel Temer. E atende à bancada ruralista, que se mistura com a velha conhecida “bancada da bala”e deve votar a seu favor amanhã. Por
sua vez, o Maranhão está no centro da discussão, mesmo sem a manifestação à altura de sua bancada parlamentar federal e estadual. É que em praticamente todas as operações de resgate de trabalho escravo ou análogo à escravidão, maranhenses são resgatados em condições deploráveis.

Um executivo do Grup EKM chegou a dizer uma frase que serve à reflexão: “Se o trabalho que chamam de escravidão fosse tão ruim assim, como explicar que ano após ano os cortadores de cana do Maranhão vão e voltam aos canaviais?”. Significa que os fazendeiros não estão nem aí para as ações que correm na Justiça, onde ninguém é preso ou condenado. Parece um caso perdido essa luta secular
pelos direitos humanos de quem trabalha no meio rural nas condições mais degradantes possíveis.

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