Assim falou Zaratustra
As eleições de 2018 aparecem como metáfora do clássico Assim Falou Zaratustra. Uma empreitada para todos ou para ninguém. Pode ser uma eleição para recompor a história democrática do Brasil, ou uma farsa para maquiar as erupções de 2016, com impeachment de Dilma Rousseff e a tentativa de impedir Lula de ser candidato. O desmantelo […]
As eleições de 2018 aparecem como metáfora do clássico Assim Falou Zaratustra. Uma empreitada para todos ou para ninguém. Pode ser uma eleição para recompor a história democrática do Brasil, ou uma farsa para maquiar as erupções de 2016, com impeachment de Dilma Rousseff e a tentativa de impedir Lula de ser candidato. O desmantelo
do resultado das urnas de 2014 pode ser consertado pelas urnas de 2018? Como se faria isso, com o Congresso banido por corrupção e a população que vota tapando o nariz diante do mau cheiro exalado do esgoto rompido pela Lava-Jato?
Uma coisa está definitivamente clara: as eleições de 2018 não serão iguais às de 2014. Ou por reforma dos parlamentares sujo, ou por ação dos eleitores – nada, logicamente, será igual. Se for pela reforma política, a lista fechada tem chance de passar. Afinal, os políticos desaparecem da urna. O eleitor vota no partido, que monta a lista encabeçada pelos parlamentares de mandato. Os eleitores votarão em sigla e não em candidato. Os mais votados serão eleitos, conforme o numero de vagas. Com o atalho, anônimos serão eleitos, sem precisar aparecer como listados na Lava Jato.
Em Assim Falou Zaratutra, Nietzsche, filosofa, como um incrédulo: “E, tal como eu mesmo, vos destes perguntas como respostas/ É ele um prometedor? Ou um cumpridor? Um outono? Ou uma relha de arado? Um médico? Ou um convalescido?/ Um libertador? Ou um domado? Um bom? Ou um mau?”. Trazendo e atualizando no Brasil tais inquietações
filosóficas, pode-se indagar: Michel Temer vai até as eleições? Os políticos corrompidos pela Odebrecht serão candidatos? O eleitor indignado com a corrupção, votará neles? Afinal, como serão as eleições de 2018?
No Maranhão, sobram espaços para inquietações nada comparadas às de Nietzsche. Flávio Dino tem medo de disputar contra Roseana Sarney? Ou Roseana e seu grupo temem perder duas eleições sucessivas para um candidato ‘comunista cristão’? Com três anos de mandato até janeiro, Flávio Dino pode ser comparado a Roseana, que passou 14 anos governadora e ainda, por cima, é filha de José Sarney, que manda no Maranhão há 50 anos? O recall desse tempo todo, da ex-governadora, é, inegavelmente, um cipoal difícil de destrinchar em um único mandato.