A pressão e o impasse

Com cara de mau que nem pica-pau, o presidente Michel Temer decidiu jogar o jogo do Planalto com sua base aliada no Congresso Nacional. “Votar contra a reforma é votar contra o governo”, avisou, no último fim de semana, numa reunião de áulicos. A ordem das aos ministros seria não haver contemporização, nem nhenhenhém. É […]

Com cara de mau que nem pica-pau, o presidente Michel Temer decidiu jogar o jogo do Planalto com sua base aliada no Congresso Nacional. “Votar contra a reforma é votar contra o governo”, avisou, no último fim de semana, numa reunião de áulicos. A ordem das aos ministros seria não haver contemporização, nem nhenhenhém. É “fechar a porteira” aos peemedebistas metidos a rebeldes na votação da reforma da Previdência, como o líder no Senado, Renan Calheiros.

Pois é assim o jogo político em tempo de crise alimentada pelo fisiologismo. Ou até pegando o resíduo da hermenêutica bíblica. O politicamente incorreto “vale-tudo”. Quem não conhece a velha expressão do Evangelho de São Lucas?“Aquele que não está comigo é contra mim, e aquele que comigo não ajunta, espalha”.

Brasília está numa rota sem atalhos. Só há porta de entrada e de saída da base do governo. Seu instrumento de trabalho com os parlamentares é a troca de cargos, fatiando o poder. Sempre foi assim. Com Sarney, para garantir cinco anos de mandato e FHC para aprovar a reeleição. Portanto, a cobrança não tem diplomacia. Ou os parlamentares aprovam a reforma da Previdência ou o presidente Temer terá multiplicadas as chances de ser cassado no Tribunal Superior Eleitoral.

Os ministros podem levar em conta o apoio político que ele tem para governar o país e apontar os rumos para aliviar a crise. Se não tem tal apoio nem do próprio PMDB, imagine o que será nos próximos dois anos. E se a rebeldia peemedebista contaminar outros partidos da base aliada, como o PSDB, a situação o caos se instala. Aliás, o PSDB está no seguinte impasse: se Temer aprovar as reformas sairá do imbróglio como superpoderes. Os tucanos se lascam. Se Temer perder no Congresso, o prejuízo contamina os tucanos, que ajudaram a derrubar Dilma Rousseff. Sobra para os aventureiros de plantão.

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