A política nas entranhas do carnaval
O carnaval maranhense deste ano foi movido a purpurina, paetês e, no meio, a guerra política. Acabou levando a escola Marambaia, há 63 anos participante dos desfiles oficiais apenas como figuração, ao inédito título de campeã. O enredo Nordeste Brasileiro, com Lampião no centro, foi o máximo. Daí algo vermelho surge no ar. O ano […]
O carnaval maranhense deste ano foi movido a purpurina, paetês e, no meio, a guerra política. Acabou levando a escola Marambaia, há 63 anos participante dos desfiles oficiais apenas como figuração, ao inédito título de campeã. O enredo Nordeste Brasileiro, com Lampião no centro, foi o máximo. Daí algo vermelho surge no ar. O ano promete para os comunistas.A Marambaia é historicamente um ninho de comunistas, dirigida pelo Haroldão, do Bairro de Fátima. Ironicamente, o PCdoB ganhou na passarela, o carnaval maranhense,historicamente,
foi dominado pelo grupo Sarney. Basta lembrar os bons tempos da Flor do Samba, escola em que Roseana Sarney tinha lugar marcado em suas alas, e a agremiação, o pódio.A escola da Rua São Pantaleão ficou agora em segundo lugar.
Como os Sarney são supersticiosos ao extremo, só esse fato carnavalesco de 2018 já deixou muita gente no grupo de cabelos em pé, imaginando uma premonição. Já a Turma do Quinto, que em 2003, com Roseana Sarney no Palácio dos Leões, levou para a avenida o enredo Mãe Kiola, homenagem ao ex-presidenteJosé Sarney, acabou campeã. Agora ficou em 4º lugar.
Naquele ano, o secretário de Cultura, o poeta Luís Bulcão, preparou a letra do samba, que pedia: “Embala eu, mamãe Kiola/Embala eu, com essa alegria/ Vou levar José/ Pelo fardão da Academia/ Embala eu, mamãe Kiola/ Um grande amor ninguém contesta/ O povo canta a Escola/ E a Madre Deus está em festa”.Sarney teria assistido ao desfile, de um helicóptero do GTA. Em2001, foi o programa de turismo de Roseana – os segredos doMaranhão – que rendeu o título de campeã à turma do Quinto.
Quando o pessoal saudosista do sarneísmo verberava contra, por todos seus meios de comunicação, Dino não deu bola. Foi sucesso retumbante na Beira-Mar, com espaço para os foliões, blocos e escolas. No total, foram 87 agremiações. O Maranhão foi destaque com os acadêmicos de Tatuapé e Mocidade Alegre, que ficou em segundo lugar. O resto fica por conta da imaginação dos carnavalescos de plantão na espera de 2019,quando a eleição de outubro é que vai definir o enredo.