A mítica da TV na campanha eleitoral
Ontem, os candidatos começaram a campanha eleitoral. No Maranhão, nenhum dos seis candidatos ao Palácio dos Leões procurou um espaço em São Luís para dar a largada na corrida atrás do eleitor. E será corrida mesmo, pois o eleitor nunca esteve tão escabreado em relação aos políticos. Pior ainda, com relação aos velhos da política […]
Ontem, os candidatos começaram a campanha eleitoral. No Maranhão, nenhum dos seis candidatos ao Palácio dos Leões procurou um espaço em São Luís para dar a largada na corrida atrás do eleitor. E será corrida mesmo, pois o eleitor nunca esteve tão escabreado em relação aos políticos. Pior ainda, com relação aos velhos da política que sempre fizeram a política velha.
Quem não mudar o discurso, a pose e até o jeito de dar tapinha nas costas do eleitor, pode se dar mal. Essa campanha é diferente. Tem mais rede social do que contato pessoal. É campanha sem dinheiro empresarial, sem palanque, carro de som, outdoor, panfletagem e brindes. Adeus carradas de pedras na porta do eleitor. Emprego é bom nem se falar, como também promessas mirabolantes.
E quando vier a campanha pelo rádio e a TV? Aí mesmo é que o bicho vai pegar. Gente com um tempão de imagens e falação e outros com segundos para dizer quase nada do que gostaria. Ontem, o jornal espanhol “El País” lembrou de 1989, quando Lula perdeu para Collor. “Bote fé no Velhinho, o Velhinho é demais. Bote fé no Velhinho, que ele
sabe o que faz, Vai limpar o Brasil do Oiapoque ao Chuí e acabar com a molecagem que tem por aí”. Era o jingle de Ulysses Guimarães durante a campanha presidencial.
O Brasil acabara de sair do regime ditatorial de 1964. Voltava às urnas para escolher seu presidente depois de 25 sem voto. O TSE reservou cinco horas diárias — em dois blocos de duas horas e meia — durante 58 dias para que a população conhecesse os 22 pleiteantes ao Palácio do Planalto. Quase 30 anos depois, as cinco horas diárias estarão reduzidas a 25 minutos, em dois blocos de 12 minutos e meio, e por apenas 35 dias. O tempo de todo de 2018 é quase o mesmo que os 11 minutos que Ulysses teve em 1989, ou os 11 minutos e 48 segundos de Dilma Rousseff em 2014.
A diferença no tempo é astronômica. Em 1989, o “velhinho” Ulysses do jingle ficou em sétimo lugar, e o jovem Collor foi eleito. Em 2014, Dilma, com os mesmos 11 minutos, foi reeleita com a força de Lula, hoje enclausurado e com quase nenhuma chance de manter a candidatura e ter a foto na urna do dia 7 de outubro. Como será esse desdobramento do tempo na novela eleitoral no Maranhão? Só o segredo das urnas vai revelar.