A eleição do desencanto
Em pleno movimento pré-eleitoral, e Copa do Mundo na Rússia, o Brasil vive um caos político, econômico e institucional. Num ambiente completamente toldado e a menos de escassos quatro meses da eleição presidencial, o principal candidato, que lidera todas as pesquisas, com chance de vencer no primeiro turno, está preso. Nem o enviado do Vaticano, […]
Em pleno movimento pré-eleitoral, e Copa do Mundo na Rússia, o Brasil vive um caos político, econômico e institucional. Num ambiente completamente toldado e a menos de escassos quatro meses da eleição presidencial, o principal candidato, que lidera todas as pesquisas, com chance de vencer no primeiro turno, está preso. Nem o enviado do Vaticano, Juan Gabrois, que tentou entregar a Lula um rosário e uma mensagem do papa Francisco, teve acesso ao petista, por ordem da Polícia Federal e da Justiça de Curitiba.
Enquanto isso, os grandes veículos de comunicação da imprensa brasileira resolveram simplesmente censurar o enviado do Papa Francisco. Notícia a respeito? Nenhuma. Nem mesmo que fosse para criticar o sumo pontífice, maior líder mundial, que presenteou na cadeia a maior liderança no Brasil. É esse o país que está a caminho das urnas para eleger o presidente, governadores, senadores e deputados, com a população politicamente aturdida.
A corrupção, desmonte da educação, recessão, privatização e violência urbana e rural campeiam numa realidade gritante, onde as facções criminosas, em suas diferentes vertentes, desafiam o aparelho estatal. Não é sem razão que 72% dos brasileiros apontam que a economia piorou, segundo o Datafolha. O momento não poderia ser mais propício ao surgimento de aventureiros, salvadores da pátria, agindo no inconformismo coletivo e na incerteza política. Desinformados ou alienados chegam a ter saudade dos generais. Enquanto isso, os quartéis vivem o ouriço conveniente, mas contidos pelos generais que os comandam. A jovem democracia, com seus 30 anos, sofre bullying todos os dias de quem deveria preservá-la. O Judiciário é o superpoder. No vácuo do Legislativo inoperante e desmoralizado, o Judiciário legisla e faz cumprir a própria legislação, estabelecida por interpretações
enviesadas e discutíveis. O Legislativo não muda por medo. E o Executivo vive acuado num cenário de corrupção, do qual poucos conseguem sair ilesos. Por isso, os brasileiros estão com os nervos à flor da pele. Desemprego recorde, violência em patamares assustadores e as Forças Armadas sempre de olho no poder, como tem sido desde 1889, o primeiro golpe contra D. Pedro II.