opinião

Pais ansiosos, filhos ansiosos

Alexandri di Saulli Mendonça- Diretor Pedagógico do IEMA Viana

Alexandri di Saulli Mendonça
Diretor Pedagógico do IEMA Viana
MBA pelas Escolas de Humanidades pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Professor de História desde 1998
Membro da Nacional Associação de História – ANPUH desde 2021
. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para muitos pensadores, a Angústia Coletiva é um dos maiores problemas, vivenciados na Pós-Modernidade. Quem desenha a semântica da nossa vida? A nossa alma? A Genética? O Meio Ambiente? As Relações Sociais? Ou todas as coisas? Estas são as perguntas mais complexas de se encontrar uma resposta em um mundo, que passa por mudanças econômicas estruturais aceleradas pela Indústria 4.0, Internet das Coisas, a Globalização da Cultura dos Algoritmos, dentre outras, conforme veremos no decorrer do tecido deste artigo. Vive-se em uma sociedade global em que a felicidade tem se tornado um bem cada vez mais precioso de ser encontrado, haja vista que as relações de consumo pelo prazer momentâneo cresce na razão inversa da busca pela felicidade. Tal problemática tem aumentado de forma astronômica em razão do momento pelo qual a Aldeia Global atravessa o nascimento de uma Cultura da Ansiedade. Trata-se de uma espécie de pandemia infectocontagiosa que não é causada por via microbiana, mas sim, pelo próprio “aprendizado humano” em virtude das novas relações de trabalho e da nova forma da estrutura familiar, cada dia mais individualizadas. Dito isto, recentemente defendi em uma palestra a tese de que pais ansiosos criam um ambiente propício para filhos ansiosos. De acordo com o Sociólogo Polonês Zygmunt Bauman: “Os filhos estão entre as aquisições mais caras que o consumidor médio pode fazer ao longo de toda a sua vida”. A partir deste postulado há de se destacar a pesquisa do Professor Pedro Calabrês em que, segundo ele, o grau de felicidade com casais que desejam ter filhos cai de forma astronômica logo nos primeiros meses da gestação e que só voltam a subir quando os filhos saem de casa na idade adulta. Trata-se de uma pesquisa consistente que contou com a presença de mais de duas mil pessoas entrevistadas. Isto tudo nos leva a crer que, em casos específicos, os pais são responsáveis pela ansiedade dos filhos, ao exigirem esforços exaustivos, a fim de que os mesmos obtenham melhores resultados no mundo acadêmico. A luz do pensamento do Filosofo Sul-coreano Byung-Chul Han, em sua Obra a Sociedade do Cansaço, percebi que alguns pais contribuem de forma significativa para a ansiedade dos seus filhos a partir dos seguintes quesitos: Críticas Constantes, Comparações Negativas, Negligência Emocional e Falta de Espaço para o Erro. É perfeitamente compreensível perceber que a família está criando muros, ao invés de pontes, refletindo efeitos desastrosos no futuro para a saúde mental da sua prole. Ao detectar uma crise de ansiedade, os genitores quase sempre buscam o caminho mais fácil para “diagnosticar” o problema: A transferência de culpa para outras pessoas, já que é mais fácil culpar a secretária do lar, os professores, os amigos dos filhos, que a si mesmos. A grande verdade é que a maioria esmagadora das pessoas não sabem se estão dispostas a assinar um contrato irrevogável: Ter Filhos. Não adianta comprar cursos on line para ser pais se o indivíduo não tem Projeto de Vida bem definido, por conseguinte, de nada vale propiciar ao seu filho o último lançamento do smartphone da Apple, a última geração do videogame se os genitores não forem presentes no processo cognitivo do seu filho, ensinando a eles valores fundamentais e essenciais à vida em sociedade ao longo do seu crescimento biológico e sociocultural, caso o contrário, o dilema Pais Ansiosos Filhos Ansiosos continua…

Página de opinião desta quinta-feira (11). (Foto: Banca O Imparcial)
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