Base de Alcântara dos americanos
Pelo contrato a ser firmado entre Bolsonaro e Trump, na visita que ele fará à Casa Branca, o Brasil concede aos EUA o uso comercial da Base de Alcântara
Como o Brasil não conseguiu em mais de 35 anos se tornar uma potência aeroespecial, mesmo com a Base de Lançamentos de Alcântara no melhor lugar do planeta para lançamentos, o presidente Jair Bolsonaro vai fechar um novo Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) com o governo norte-americano. Pelo contrato a ser firmado entre Bolsonaro e Donaldo Trump, na visita que ele fará à Casa Branca, o Brasil concede aos Estados Unidos o uso comercial da Base de Alcântara.
Os esforços para concretizar o acordo foram retomados pelo governo Temer (MDB) em 2016, após duas tentativas frustradas: no Congresso Nacional, em 2001, e por meio de plebiscito, na mesma época. A proposta original do governo estadunidense era proibir a utilização da base pelo Brasil, devido à confidencialidade tecnológica. Por esse detalhe, o governo Lula rompeu o acordo que vinha do governo FHC e estabeleceu novas regras, com o Brasil tendo acesso aos testes e lançamentos, com as quais os americanos não concordaram. Agora, o CLA pode ser um excelente negócio para os Estados Unidos, mas ninguém sabe se será tão bom assim para o Brasil.
Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Flávio Rocha afirmou ao jornal o Estado de S. Paulo que, a partir dessa nova negociação, os Estados Unidos teriam acesso ao local mais estratégico – de todo o mundo – para lançamento de satélites. O especialista em geopolítica e segurança internacional entende que o acordo é motivado por uma política “ultra-neoliberalizante”. Por coincidência, tal acordo ocorre com um projeto no Maranhão, governado por um partido comunista, e o país, por um governo de formação radical de direita.
Para aquele especialista, o Brasil busca um alinhamento geopolítico a todo custo e a curto prazo, com os Estados Unidos. Ele avalia que a negociação da base de Alcântara coloca a soberania do país sob perigo. “O maior risco que vejo nisso é uma perda de autonomia política e ideológica do país para desenvolver uma série de tecnologias que seriam de interesse nacional”. Permitiriam ao Brasil escolher parceiros estratégicos para desenvolver toda uma gama de ciência e tecnologias, que poderiam colocá-lo em um patamar distinto do que ele está hoje na comunidade científica mundial.