“Mulheres Mais Renda”: projeto para gerar renda e garantir a dignidade feminina
A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2014, considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como saúde pública.
A estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira”, conduzido pela BRK, empresa privada de saneamento presente em mais de 100 municípios brasileiros, traz uma análise inédita relacionada à pobreza menstrual.
Os dados mostram que as mulheres mais pobres têm um esforço econômico 16 vezes maior para conseguir comprar produtos de higiene pessoal, comparado com a população feminina de maior renda.
Mulheres que não têm acesso a água tratada comprometem uma parcela maior da renda com a compra de absorventes e coletores menstruais, o impacto é 36% superior. Para aquelas que vivem sem banheiro em casa, o esforço econômico é 64% maior.
A Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2014, considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como saúde pública e uma questão de direitos humanos.
A maioria das meninas passará boa parte de sua vida escolar menstruando, já que, segundo a PNS 2013, 90% das brasileiras têm sua primeira experiência menstrual entre 11 e 15 anos de idade.
Por isso é necessário que produtos como papel higiênico, absorventes, tampões íntimos e coletores menstruais sejam considerados itens de primeira necessidade, uma vez que eles garantem às mulheres a liberdade de ir e vir, trabalhar, estudar e são instrumentos que vão além da higiene, pois garantem a dignidade dessas pessoas.
Neste cenário, a BRK, responsável pelos serviços de água e esgoto em Paço do Lumiar e São José de Ribamar, realiza o projeto Mulheres Mais Renda, em parceria com a Rede Asta, envolvendo costureiras dos dois municípios.
A Rede Asta é uma organização social que, há 16 anos, trabalha o empreendedorismo feminino, treinamentos e a conexão de produtoras de baixa renda com o mercado.
“O projeto Mulheres Mais Renda tem dois grandes objetivos: A geração de renda para as costureiras participantes, que irão produzir os absorventes de tecido reutilizáveis, e a doação desses absorventes às mulheres e adolescentes em situação vulnerável, que não tem recursos para comprá-los”, explica Miriam Lima, sócia da Rede Asta.
Segundo ela, a parceria com a BRK no Maranhão permitirá levar proteção e saúde a estas mulheres e mitigar os efeitos da pobreza menstrual, “que leva a 62% das adolescentes a perderem até 45 dias de aulas por ano pela falta de condições básicas de higiene”, disse.
Trinta artesãs dos municípios, Ribamar e Paço do Lumiar, foram selecionadas e receberão os kits de apoio para a confecção dos absorventes, como tecidos, moldes, botões e um manual de instrução.
Cada artesã produzirá 280 unidades por mês, e durante os dois meses do projeto, serão produzidos mais de 33 mil absorventes, que serão distribuídos para 8400 jovens de São José de Ribamar e Paço do Lumiar.
“Para a BRK, há três pilares de ação totalmente conectados ao cerne do trabalho da empresa. Primeiro, a ação social em si, no trabalho com a vulnerabilidade social, uma vez que a menstruação é um fenômeno biológico, pois as mulheres não escolhem menstruar. O segundo pilar de atuação é o ambiental, onde temos o absorvente industrializado como um dos maiores vilões dos entupimentos das redes coletoras de esgoto, que ocorre através do descarte indevido desses objetos”, comemora Amanda Cardoso, responsável pelo departamento Social da BRK no Maranhão.
“Por último, e de igual importância, temos o pilar da geração de renda, onde as costureiras participantes do projeto serão remuneradas para confeccionarem os absorventes, indo na contramão do desemprego e capacitando estas profissionais para uma atuação autônoma, futuramente”, finalizou.
É de extrema urgência o comprometimento de todos para que as próximas gerações cresçam conscientes sobre a importância da liberdade e dignidade feminina, e o seu papel como instrumento de desenvolvimento econômico e social, além do estímulo à educação. AS Prefeituras de Ribamar e Paço do Lumiar já apoiam a iniciativa da BRK.
Maria Paula Azevedo, prefeita de Paço do Lumiar ressalta a importância dessa ação da BRK: “Nossa gestão vem se preocupando há bastante tempo com a problemática da ‘violência menstrual’. Só no ano passado, foram mais de 1.500 absorventes entregues em comunidades do município. Agora, estamos em parceria com a BRK para fazermos a montagem dos kits de absorventes reutilizáveis, ratificando nossa preocupação em garantir dignidade por meio de ações e políticas públicas” declarou a prefeita.
Gilvana Dualibe, Secretária de Assistência Social, Trabalho e Renda de São José de Ribamar, que abraçou o projeto, declara: “A prefeitura abraçou essa parceria visando proporcionar bem-estar e melhoria na vida de seus moradores”.
Segundo ela, “a iniciativa contribui diretamente no combate à pobreza menstrual, gerando dignidade, trabalho e renda para a nossa gente, fortalecendo também o cuidado com a educação ambiental pois os absorventes são reutilizáveis e de longa duração” disse.