Patrimônio em ruínas na cidade do futuro
Conselho de Turismo faz denúncia à Promotoria Pública de Alcântara sobre descaso cultural.
A situação de arruinamento do patrimônio histórico e artístico de Alcântara é preocupante e está sendo denunciada pelo Conselho de Turismo à Promotoria Pública do Município. O risco de desabamento de vários prédios históricos é uma ameaça não apenas para a memória da cidade, mas está colocando em risco a própria vida da população e de turistas.
O Ministério Público notificou o IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artistico Nacional) no começo de semana, que pediu um prazo de 30 dias úteis para se manifestar.
Mas, em alguns casos, a situação exige providências imediatas já que a previsão das chuvas de abril pode agravar ainda o estado de prédios como o Cavalo de Tróia, que já teve perdeu toda sua varanda com vista para o mar.
Outro caso preocupante é o de um dos Palácios do Imperador, em frente ao Largo do Carmo, que é um dos atrativos mais visitados pelos turistas e está com várias colunas comprometidas.
A lista, denunciada pelo Conselho de Turismo, relaciona quase duas dezenas de situações envolvendo casarões e monumentos seculares, tombados pelo Patrimônio Nacional desde 1948.
Alguns deles são de propriedade particular e há anos estão abandonados, como o prédio em ruínas ao lado da Casa da Cultura e outro na Rua Grande, esquina com a Praça do Galo, que pertence ao empresário francês Bernad Vassas, e cujo telhado já veio abaixo.
Na lista também foi incluída a situação do Sítio Nazaré, um conjunto de ruínas do que foi o primeiro porto de escravos de Alcântara e até do cemitério da cidade, cujo roubo de peças históricas já virou até lenda e tem perturbado a paz de vivos e mortos.
“E tudo isso acontecendo enquanto Alcântara vem sendo cogitada para se transformar na Cidade do Futuro, que abrigará modernas empresas de tecnologia espacial, com a criação do CEA( Centro Aerospacial de Alcântara), a partir da expansão do CLA( Centro de Lançamentos Alcântara)”, lamentou o Conselho de Turismo, em nota.
“Também na Ilha do Cajual, interior do município, aguarda apenas a conclusão do licenciamento a construção de um mega porto em parceria com os chineses, que movimentará milhões de toneladas de cargas do lucrativo mercado do agronegócio. E justamente nessa virada de ciclos, a população da Cidade-Monumento a ver navios e assistindo estarrecida ao abandono e descaso com sua identidade e memória”, comenta.
“No último dia 2 de março, aconteceu novo desabamento de parte do telhado do casarão localizado na esquina das ruas Direita e das Caravelas, de propriedade do empresário francês Bernard Vassas (dono da Pousada La Maison Du Baron). O telhado desse prédio vem caindo aos poucos, sem que o dono faça os devidos reparos. Solicitamos que as medidas legais sejam tomadas para tal caso”, pontuou Cláudio Farias, Coordenador Geral do COMTUR Alcântara,
Segundo ele, o proprietário ainda possui outro imóvel em situação de abandono, na rua das Mercês, que fica do lado direito da Casa do Mordomo Régio, próximo da sede do Iphan. “Esse imóvel está abandonado há anos, com telhado danificado e com estrutura física comprometida (rachaduras nas paredes e portais em pedra lioz assentadas em soque que emolduram as portas da fachada principal já com sério comprometimento, com recalque visível no sentido da rua).
Esses portais sustentam a parte superior da fachada frontal, e caso venham a se romper o prédio pode cair para a frente ou para os lados, comprometendo a integridade física de moradores vizinhos ou de transeuntes, o que caracteriza sério risco para a população e para visitantes”, disse o coordenador, em ofício enviado à Promotoria.
O Conselho elenca ainda outras 17 localidades que estão em situação precária e de abandono, como: o sobrado com mirante que pertence ao IPHAN, cedido para a prefeitura de Alcântara. Localizado na rua Grande, ao lado da casa paroquial; o cemitério da cidade, dentre outras.