Sem Carnaval: Comércio vai sofrer prejuízo econômico
Em todo o país governos e prefeituras decretaram a suspensão das festas e a consequente folga na segunda e terça-feira que elas garantiam
De um lado quem gostaria de curtir o carnaval; do outro, quem queria a folga para descansar. De um lado decisões para alavancar a economia; do outro, um fator preponderante, causador do cancelamento das festividades de Momo, cessar a taxa de transmissão da Covid-19.
Em todo o país governos e prefeituras decretaram a suspensão das festas e a consequente folga na segunda e terça-feira que elas garantiam. Assim, alguns setores, como serviço público, comércio e instituições escolares funcionarão normalmente na capital maranhense.
Se por um lado cancelar as festas para evitar as aglomerações e o aumento do fluxo de viagens é medida para frear a transmissão da Covid-19, por outro, o efeito na economia atinge toda uma cadeia produtiva.
Em conversa com O Imparcial, a economista Nilce Cardoso Ferreira, Mestre em Desenvolvimento Socioespacial e Regional, disse que tudo na economia está articulado. “Há um efeito multiplicador que conecta as atividades econômicas e atinge a vida das pessoas. As festividades, que se encontram no contexto das atividades culturais agregam muitas áreas produtivas, empregos e postos de trabalho, que vão de companhias aéreas ao vendedor ambulante de água. É claro, que a pandemia tem efeitos na economia mundial, mas do ponto de vista local, sofremos um impacto que se aplica às atividades específicas, também, de grupos e iniciativas populares, inclusive nos diversos municípios, além de São Luís, que recebem nas épocas festivas um grande número de pessoas que se deslocam da capital, garantindo uma dinâmica econômica diferenciada e própria dessas festividades. É um período em que muitos trabalhadores e trabalhadoras conseguem um incremento na renda e garante um efeito multiplicador no consumo, consequentemente na renda agregada”, disse.
É um período em que muitos trabalhadores e trabalhadoras conseguem um incremento na renda e garante um efeito multiplicador no consumo, consequentemente na renda agregada
Em se tratando de comércio varejista, o cancelamento das festas provoca um impacto direto sobre os setores de vestuário, calçados, armarinhos, lojas de decoração, além dos segmentos de bebidas, alimentação, hospedagem, entretenimento e turismo em geral. “Assim como o São João, o Carnaval é uma festividade muito esperada por esses setores econômicos. O cenário persistente de incertezas gerada pela pandemia da Covid-19 inviabiliza a avaliação do alcance do impacto econômico neste momento. Será necessário que as empresas busquem alternativas para amenizar os prejuízos, oferecendo produtos e serviços adaptados à realidade da crise sanitária e os novos modelos exigidos de festividades, com comemorações em reuniões familiares, dentro da própria casa. É preciso reinventar o modelo de negócio e oferecer soluções para o consumidor tendo em vista essas novas necessidades”, disse o superintendente da Fecomércio-MA, Max de Medeiros.
O Carnaval é uma festividade muito esperada por esses setores econômicos. O cenário persistente de incertezas gerada pela pandemia da Covid-19 inviabiliza a avaliação do alcance do impacto econômico neste momento
Comércio funcionará normalmente
Com o cancelamento das festas de Carnaval e o decreto estadual de funcionamento normal do serviço público no período, o comércio abrirá as portas na segunda e terça de Carnaval pela primeira vez em muito anos. Vale lembrar que o a terça-feira de carnaval não é feriado, é apenas um hábito e costume.
Nesta semana a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), seus sindicatos empresariais filiados, o Sindicato dos Empregados no Comércio de São Luís (Sindicomerciários) e o Sindicato dos Empregados no Comércio e Serviços de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, informaram oficialmente que o comércio, na base territorial de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa funcionará normalmente nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro, que seriam dedicados às comemorações do Carnaval.
Em outros anos, no período carnavalesco o comércio funcionava no sábado até as 14h e reabria somente na Quarta-Feira de Cinzas a partir das 13h.
“É preciso esclarecer que o período não é feriado, não é previsto em nenhuma lei federal, estadual ou municipal. O que acontece é que, por tradição, os governos tendem a decretar o ponto facultativo para as administrações públicas e as Convenções Coletivas de Trabalho estabelecem o descanso remunerado para os empregados da iniciativa privada. Este ano, em função da pandemia, vivemos um momento atípico, com as suspensões das comemorações para evitar as aglomerações, o que torna sem sentido a paralisação das atividades. No entanto, as regras previstas nas Convenções Coletivas relativas ao ‘período carnavalesco’ continuam válidas, mesmo sem a definição de uma data, e se os indicadores epidemiológicos permitirem a realização das festividades carnavalescas ainda em 2021, em outro mês do ano, o comércio da Região Metropolitana terá que garantir o descanso remunerado para os empregados nas respectivas segunda e terça-feira desse período”, disse o superintendente da Fecomércio-MA, Max de Medeiros.
Crise econômica e sanitária
A expectativa do crescimento da economia no comércio varejista para este ano passa pelo controle da disseminação do vírus, segundo a Fecomércio. “É fundamental que empresários, empregados, consumidores e toda a sociedade estejam engajados nessa direção do cumprimento efetivo das medidas de controle do vírus. Assim, podemos manter a atividade econômica funcionando e caminhando na direção da retomada dos empregos e da renda das famílias, fato que já foi observado no final de 2020”, comentou Medeiros.
Para Nilce Cardoso Ferreira, uma crise econômica nas dimensões da que se apresenta nesta conjuntura precisa ser combatida com muita responsabilidade de todos os sujeitos sociais, que passa pelo Estado, instituições e organizações da sociedade em geral, até pelo cidadão e cidadã comum, no que se refere às práticas preventivas e minimizadoras da contaminação. “Esse é um aspecto extremamente relevante a se considerar. Por outro lado, os efeitos macroeconômicos da crise exigem uma política clara, bem definida e comprometida com o cuidado e bem-estar da população. Essa tarefa é do Estado, em particular aos governos em suas três esferas e em especial do governo federal, que pode deliberar sobre a política monetária e política fiscal com maior abrangência, considerando a necessidade de distanciamento e de evitar aglomerações”, disse a economista.
Nilce Cardoso ressalta que os governos estaduais e municipais têm uma autonomia relativa, para influenciar na política econômica, que os limita do ponto de vista territorial e legal, que possa causar um efeito impactante anticíclico e anticrise, a minimizar, de fato, suas consequências nocivas. “Isso significa que o governo federal precisa protagonizar um plano de enfrentamento e recuperação, que considere possibilidades de crédito produtivo, enfrentamento ao endividamento, subsídios a pequenas e microempresas, auxílio à população mais vulneráveis, dentre outras questões. Isso implica uma visão voltada para as necessidades sociais; focar nas pessoas; utilizar reservas internacionais para a promoção e dignidade da gente do Brasil e não somente para os interesses especulativos e concentradores de riqueza”.
Bancos não abrirão
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) comunicou que não haverá expediente nem atendimento ao público nas agências bancárias de todo o país nos dias 15 e 16 de fevereiro. Na Quarta-feira de Cinzas (17/02), as instituições financeiras reabrem a partir das 12h e encerram as atividades no horário normal de fechamento de suas agências, que difere de banco para banco, no Maranhão.
Para o Sindicato dos Bancários (SEEB-MA), os banqueiros devem intensificar as medidas preventivas para proteger os trabalhadores e a população, tais como: a testagem de em massa de seus funcionários; a disponibilização de álcool em gel nas agências; a diminuição da superlotação das unidades, dentre outras ações.
O SEEB-MA também não terá funcionamentos nas sedes administrativas de São Luís e Imperatriz, assim como a sede recreativa, no Turu. O objetivo do Sindicato é diminuir a circulação de pessoas e evitar aglomerações, no caso do clube da categoria, visando resguardar a saúde e a segurança dos bancários contra o coronavírus.
É preciso esclarecer que o período não é feriado, não é previsto em nenhuma lei federal, estadual ou municipal. O que acontece é que, por tradição, os governos tendem a decretar o ponto facultativo para as administrações públicas e as Convenções Coletivas de Trabalho estabelecem o descanso remunerado para os empregados da iniciativa privada