‘Tesoura de vento’ quebra vidraças, derruba placas e deixa mais estragos em tarde de chuva na capital maranhense
Meteorologista explica fenômeno. Veja imagens da destruição
A meteorologia até previu que esta segunda-feira (08) seria nublada e chuvosa, mas nada indicava que, em pleno mês de junho, quando historicamente já se vive o fim da transição entre os períodos chuvoso e de estiagem, haveria tantos estragos causados pela força dos ventos e pela intensidade do temporal que caiu sobre boa parte da capital maranhense hoje.
Por volta das 15h, o céu se fechou em nuvens carregadas e vieram as primeiras rajadas de vento. Antes, fazia o típico calor de mais de 31º. Acredita-se que este encontro entre a corrente de ar e o solo aquecido tenha feito surgir uma espécie de ‘tesoura de vento’, nome popular dado ao fenômeno que levantou poeira e outros tipos de materiais em uma espiral, que girava no meio da avenida São Luís Rei de França, no bairro do Turu. Pessoas que estavam na rua, nesse momento, flagraram o fenômeno, que pode ter sido o causador dos estragos vistos ao longo da via.
“Não foi uma rajada, porque uma rajada leva pro lado, pra frente. Foi como uma sucção, mas não um tornado, pois não se viu a base da ponta do funil tocando no solo, o que classificaria, além da destruição, que daria pra classificar o tipo: F1, F2, F3. Mas a gente não vê isso. Certamente, uma forte gradiente de temperatura e pressão fez esse efeito de levantamento e sucção por parte das nuvens. A forte pressão fez o aumento de vento no sentido giratório, causando esse cisalhamento do vento”, atesta Gunter Reschke, responsável pelo Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
Na mesma avenida, estabelecimentos comerciais também tiveram prejuízos. Em um supermercado, parte do vidro da fachada caiu sobre os carrinhos que estavam enfileirados. Fotos feitas por clientes que estavam no local, na hora do incidente, mostram que os cacos de vidro se espalharam e a área foi isolada por funcionários da loja.
Segundo a assessoria de comunicação da rede de supermercados, houve apenas danos materiais.
Em diversos outros locais, o que chamou a atenção foram os alagamentos. Na Vila Passos, próximo ao estádio Nhozinho Santos, os poucos carros que estavam estacionados em volta ficaram parcialmente engolidos pelo volume de água.
No bairro da Camboa, ruas viraram rios e moradores viram a correnteza invadir as casas. Foi preciso se refugiar do lado de fora das residências, e usar baldes para tirar o aguaceiro de dentro.
Mais distante dali, em um dos acessos à avenida Litorânea, na Ponta do Farol, o cruzamento com a avenida dos Holandeses também ficou inundado. A água quase cobriu uma caminhonete, que ficou presa pelo meio do caminho.
Quem estava no Terminal Rodoviário de São Luís também foi surpreendido pela chuva. As imagens mostram inúmeros pontos de goteira, que deixaram desprotegidos passageiros à espera das viagens ou do transporte para sair da Rodoviária.
Em nota, a Rodoviária esclarece:
A Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico Ltda, SINART, esclarece que o cronograma de obras prevê a requalificação de toda área do telhado do Terminal Rodoviário de São Luís.
A área que aparece nas imagens também será requalificada, com a mesma qualidade em que foi feito o serviço em uma área de 2.000 metros quadrados, já em uso após 05 meses de obras.
A área por onde já houve intervenção profissional contém calhas novas, que foram colocadas após verificação de necessidade por conta de eventos climatológicos semelhantes ao de hoje e apresenta 100% de segurança e eficiência. Todo o telhado será adequado as necessidades conforme orientação dos profissionais da área de engenharia no mesmo padrão de excelência apresentado na primeira etapa de requalificação.