LOCKDOWN NA ILHA

“Quem não se convenceu ainda, será convencido”, diz Flávio Dino

O primeiro dia de lockdown em São Luís foi marcado por fiscalizações de trânsito e orientações aos beneficiários do auxílio emergencial do governo em diversos bairros

Reprodução

O bloqueio da maior parte das atividades comerciais e da circulação de pessoas nas ruas e avenidas de São Luís por conta do o lockdown determinado pela Justiça para reduzir a disseminação do novo coronavírus (covid-19) na Ilha de São Luís, teve uma baixa adesão de parte da população.  Apesar da Justiça do Maranhão ter decretado o bloqueio total em Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís, na manhã de ontem (5) muita gente preferiu sair de casa para resolver problemas particulares. Várias imagens viralizaram nas redes sociais mostrando a movimentação de motoristas e pedestres em vários pontos da ilha.

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A equipe de O Imparcial constatou que houve grande movimentação das pessoas no Centro, Renascença, Liberdade, entre outros bairros da Ilha. Na região do Centro muitas pessoas enfrentaram filas nas agências da Caixa Econômica Federal do Maranhão e casas lotéricas em busca do auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal para quem não tem trabalho formal ou está desempregado.  

A dona de casa Maria dos Remédios Santana, 45 anos, moradora do Bairro de Fátima madrugou na fila da agência bancária do Centro, localizada entre a Rua do Sol e a Rua do Rio Branco relatou que estava precisando muito do dinheiro, pois estava sobrevivendo com a ajuda de um dos seus filhos que trabalha como vigia, desde que parou de vender roupas em uma das travessas da Rua Grande. “Eu sei que o governo não quer ninguém na rua, mas eu estou praticamente sem comida em casa. Cheguei aqui desde as 22h de segunda-feira para ver se sou atendida entre os primeiros”, disse ela com a máscara no rosto, informando que tinha levado frutas, um cobetor e uma sobrinha para se proteger da chuva. Outros preferiram ignorar a presença da reportagem.

Na agência da Caixa da Praça João Lisboa, no Centro, a fila estava dando voltas desde as primeiras horas da manhã na Rua do Egito, que foi interditada para a circulação de veículos. As filas foram organizadas por homens do Corpo de Bombeiros que demarcaram a distância com um x na rua para cada pessoa. Para dar maior comodidade às pessoas, as agências da Caixa estão funcionando das 8h às 17h, e a superintendência do banco está orientando os beneficiários baixarem o aplicativo Caixa Tem onde será gerado um código substitui o uso do cartão e que deve ser apresentado na casa lotérica ou digitado no caixa eletrônico para a pessoa possa receber o valor do auxilio emergencial. Também foi registrada uma grande movimentação na agência da Caixa que fica no Tropical Shopping, no bairro do Renascença. A fila pela manhã estava dando volta pelo shopping por conta do distanciamento de um metro entre uma pessoa e outra como forma de segurança.

Autoridades estão fiscalizando pontos chaves

Pela manhã muitos motoristas circularam e para disciplinar o trânsito nas ruas e avenidas da capital, homens da Secretaria de trânsito e transporte fizeram abordagens solicitando autorizações de trabalho e documentos para comprovar a real necessidade.  Barreiras militares foram instaladas na subida das pontes Bandeira Tribuzi, na Av. Camboa e próximo do prédio da RFSSA, na Av. Beira Mar que dá acesso à Ponte do São Francisco.

O acesso à Av. Litorânea, próximo a rotatória da Ponta do Farol na entrada da Praia de São Marcos também foi monitorado por homens da Polícia Militar. O motorista que quer ter acesso ao local, além de mostrar documentos tem que ter uma justificativa plausível, pois de acordo com o decreto estão autorizada circulação de pessoas que estão trabalhando em serviços essenciais.

Segundo, o cel. Honório Carvalho, comandante do Batalhão de Policiamento de Turismo (BPTUR), afirmou durante uma entrevista ao vivo a uma emissora de TV local que as forças de segurança estão nas ruas de São Luís para que se tenha um controle desse deslocamento. “Durante a abordagem queremos saber quem é a pessoa; para onde ela vai; o que ela vai fazer e se ela possui uma autorização com uma justificativa para o deslocamento. Se ela possui a autorização e está preenchida e assinada, o deslocamento é autorizado. Na ausência desse documento neste primeiro momento estamos orientando as pessoas a retornar para casa. No segundo momento vamos tomar as medidas punitivas, como fazer o flagrante, encaminhar para a polícia judiciária ou o TCO fazer o auto de prisão em flagrante se for o caso”, disse o comandante.

O trânsito também está suspenso nas MAs 201, 202, 203 e 204, com exceção de circulação de cargas e veículos como viaturas e ambulâncias, além daqueles usados por trabalhadores de serviços essenciais e pessoas em busca por serviços essenciais.

Também está ocorrendo fiscalização nos ônibus coletivos. Sobre o assunto o cel. Honório Carvalho, explicou que os passageiros tem que informar para onde estão indo e se tem autorização, sendo que dentro do veículo todos tem que estar sentados e usando máscara. Lembrando que o decreto proíbe o deslocamento de pessoas sem máscaras. “Não faz sentido proibir o fluxo de veículo e permitir que as pessoas circulem a pé. Também estamos orientado o cidadão para a sua segurança que permaneça em casa e se proteja. Só saia se for estritamente se for necessário”, ressaltou o comandante.

Quem não se convenceu será convencido, diz Flávio Dino

Na última segunda-feira (4), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), falou sobre o lockdown que já está em vigor até o próximo dia (14), em Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís. Ao ser questionado em entrevista à GloboNews sobre o uso de força policial para cumprir o decreto, Dino afirmou que a maioria da população está convencida sobre os riscos do coronavírus, mas acredita que as demais pessoas serão convencidas pelos bloqueios nas vias públicas

“Temos a orientação da polícia de cumprir a lei. O primeiro caminho é o diálogo, se necessário for, se houve resistência, neste caso, a lei será cumprida. Temos previsões legais quanto ao cometimento de crimes. Creio que isso, se ocorrer, será um ou outro caso, porque as pessoas estão convencidas, e, quem não se convenceu, será convencido pelas barreiras que serão colocadas a partir de amanhã”, disse.

 “O conjunto dos fatores induzem que as medidas darão certo, não que o coronavírus desapareça por encanto, mas garantir o declínio da velocidade do crescimento para alcançarmos a estabilidade e no final de maio começar o declínio, que é tudo que desejamos e precisamos”, afirmou Dino.

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