LOCKDOWN

O impacto negativo no comércio do Dia das Mães

Situação inédita na Ilha de São Luís, a determinação judicial impacta fortemente as vendas para o Dia das Mães, segunda melhor data para o varejo

Comércio não funcionará no Dia do Comerciário em São Luís. (Foto: Divulgação)

O comércio do Maranhão deve amargar uma situação econômica nunca antes vivenciada neste Dia das Mães. A data, que é considerada o Natal do primeiro semestre pelo comércio e a segunda mais importante no calendário varejista brasileiro, vai encontrar, na região metropolitana de São Luís, as portas dos comércios de serviços considerados não essenciais fechados. A medida é para impedir o avanço do novo coronavírus no estado.

A crise provocada pelo Covid-19 já acarretava uma queda histórica do volume de vendas no varejo em todo o Brasil. Com o lockdown (bloqueio total) dos serviços não essenciais em São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa, a situação tende a ficar mais crítica.

Determinado pela justiça via Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís  e acatado pelo Governo do Estado (Decreto Estadual Nº 35.784/2020), o lockdown entrou em vigor na terça-feira (5) para conter a pandemia de Covid-19 e vale por dez dias. A população deve seguir as medidas de restrição, sob pena de multa. Dentre os pontos elencados no decreto, está a suspensão das atividades não essenciais, com exceção de serviços de alimentação, farmácias, portos e indústrias que trabalham em turnos de 24 horas; suspensão da circulação de veículos particulares, sendo autorizados somente a saída para compra de alimentos ou medicamentos, para transporte de pessoas e atendimento de saúde, serviços de segurança ou considerados essenciais; limitação da circulação de pessoas em espaços públicos.

Assim, muitas lojas que utilizavam a plataforma digital para continuar as vendas por delivery, tiveram que acatar a decisão. “Devido à decisão judicial que determina o lockdown estamos suspendendo nossas atividades até que seja decretado o fim do mesmo. #fiqueemcasa”, informaram algumas lojas de vestuário e calçados que impulsionavam suas vendas pela Internet fazendo entrega a domicílio.

Para Max de Medeiros, Superintendente da Fecomércio, o impacto de um Dia das Mães sem comércio físico é mais direto sobre os pequenos negócios, que não têm a capacidade de migrar de forma tão inesperada e acelerada para as plataformas on-line e montar um sistema de entrega.  “Por isso não descartamos, por exemplo, uma estratégia de incentivar o adiamento da comemoração da data para um período posterior. É importante que, nesse momento, as pessoas que mantem sua capacidade de compra preservada possam dar prioridade para o pequeno negócio local que ofereça os serviços de comercialização digital, para que possamos fazer com que o dinheiro circule na nossa economia”, disse Medeiros.

Ainda de acordo com o superintendente, algumas estratégias estão sendo desenhadas para atenuar o grave impacto econômico que a data deverá experimentar este ano, como campanhas de conscientização para que os consumidores comprem de modo digital, priorizando o comércio local. “A situação é inédita, tanto para empresários quanto para consumidores, e, portanto, necessitaremos do empenho e apoio de todos para contornarmos a situação, sem deixar de lado um momento tão importante para as famílias como é o Dia das Mães”.

Não descartamos, por exemplo, uma estratégia de incentivar o adiamento da comemoração da data para um período posterior

Fiscalização em pontos estratégicos na Ilha

No primeiro dia de lockdown, equipes da Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado (Suvisa), mantiveram a fiscalização dos estabelecimentos, em pontos considerados estratégicos na Ilha de São Luís. Equipes de fiscais percorreram os bairros da Cohab, Cohatrac, Cidade Operária, São Francisco, Renascença e Avenida dos Holandeses.

Em caso de descumprimento das exigências do lockdown, o estabelecimento poderá sofrer desde advertências, a pagar multas e interdição parcial ou total. As multas poderão ir de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, podendo dobrar o valor em caso de reincidência, mas levando em conta a capacidade econômica.

A Prefeitura de São Luís também está com suas equipes nas ruas. O trabalho será até o dia 14, quando encerra o decreto. Podem sair quem necessitar comprar alimentos, ir às farmácias, unidades de saúde e outras atividades essenciais. Em todos os casos é necessário que haja comprovação da necessidade do deslocamento. A circulação de veículos particulares também só pode ocorrer nestes casos específicos. O comércio não essencial também segue fechado durante o período.

No Brasil

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a crise provocada pelo novo coronavírus vai acarretar uma queda histórica do volume de vendas no varejo, no de 2020. Em comparação com o ano passado, a entidade estima que o Dia das Mães acarretará um encolhimento de 59,2% no faturamento real do setor na data.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, explica por que a projeção de queda para o Dia das Mães por conta da pandemia ficou acima das perdas estimadas para a Páscoa (-31,6%): “O Dia das Mães deste ano ocorrerá em meio ao fechamento de segmentos importantes para a venda de produtos voltados para a data, como vestuário, lojas de eletrodomésticos, móveis e eletroeletrônicos. Já a Páscoa tem como característica a venda de produtos típicos em segmentos considerados essenciais, como supermercados, que permaneceram abertos desde o início do surto de covid-19”.

Segundo a CNC, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, unidades da Federação (UFs) que respondem por mais da metade das vendas voltadas para o Dia das Mães, tendem a registrar perdas de 58,7%, 47,4% e 46,6%, respectivamente”, destaca. Em termos relativos, no entanto, três UFs do Nordeste deverão registrar as maiores perdas: Ceará (-74,2%), Pernambuco (73,5%) e Bahia (66,2%). Quando foi feita a pesquisa, ainda não havia sido decretado o lockdown  em São Luís.

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