COVID-19

Estudo mostra tendência de estabilização de casos na Ilha de São Luís

Para obter as projeções, o professor utiliza um método matemático chamado de “ajustes de curvas por polinômios”

Reprodução

Os efeitos do lockdown na Ilha de São Luís podem ser vistos tanto na redução na procura de leitos, quanto na diminuição da taxa de contágio do coronavírus. Esse cenário positivo, com queda do número de novos infectados, já vinha sendo projetado pelo professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Allan Kardec.

Nesta quinta-feira (28), o governador Flávio Dino divulgou gráfico elaborado pelo professor Kardec que aponta tendência de estabilização de novos casos de Covid-19 na Ilha de São Luís após o lockdown.

Pesquisador com mais de 20 anos de experiência em estatística e processamento de dados, com doutorado em Engenharia da Informação pela Universidade de Nagoya, no Japão – país onde também estudou Engenharia Biomédica -, Kardec vem elaborando gráficos que preveem o comportamento da curva de contágio da Covid-19 no Maranhão.

Para obter as projeções, o professor utiliza um método matemático chamado de “ajustes de curvas por polinômios” e os dados diários divulgados no boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES) para traçar estimativas sobre a doença.

Na entrevista abaixo, Allan Kardec fala sobre como obtém os resultados e o que o Maranhão fez para conseguir estabilizar a curva de contágio na Grande São Luís.

O governador Flávio Dino divulgou gráfico elaborado pelo senhor que aponta tendência de estabilização de novos casos de Covid-19 na Ilha. Como foi aferido esse resultado? Como o senhor detalharia os três indicadores presentes no gráfico?

Esse gráfico tem três curvas: a curva azul, que são os dados dos casos reais, das pessoas que tiveram o diagnóstico de Covid-19, cada um em um dia diferente [análise do dia 10 de abril até o dia 28 de maio] e tem outras duas curvas, uma vermelha e uma rosa.

O lockdown em São Luís foi decretado a partir do dia 8 de maio. Nós fizemos uma estimativa de como seria a curva de 10 de abril até 8 de maio e como seria o futuro a partir daí, para saber como a curva se comportaria. A outra foi como ela se comportaria até o dia 28 de maio e como ela se comportará nos próximos cinco dias.

O resultado mostra duas coisas: para a curva vermelha, que é aquela antes do lockdown, a gente vê claramente que há uma subida, uma curvatura que a gente chama de curva exponencial, um crescimento extraordinário. E aquela outra curva que mostra o cenário real com o lockdown, é justamente aquela que acompanha o número de casos até agora, que em média são 200 [diários].

Se a gente examinar até o dia 1º de junho, em um cenário sem o lockdown, ao invés de 200 nós chegaríamos a 1.500 casos.

O senhor alega que este tipo de projeção tem 95% de grau de confiabilidade. Como o senhor explica esse alto nível de precisão do gráfico?

Quando nós fazemos os cálculos matemáticos, nós tentamos extrair uma média do que está acontecendo. É como fazem nas pesquisas eleitorais, onde você tem que ter um grau de confiança. Isso é comum nos meios matemáticos. Isso quer dizer que esses números que a gente calcula estão com 95% de chance de estarem certos.

Ao contrário da tendência mundial, no Maranhão a taxa de letalidade pelo novo coronavírus não acompanha a curva de crescimento de novos casos da doença. A quais fatores o senhor atribuiria esse resultado?

No Maranhão, as curvas de casos e óbitos são bem diferentes e bem únicas, eu diria. Das curvas que nós analisamos, as curvas de casos e óbitos são muito similares. No Maranhão não, no Maranhão há uma tendência de queda no número de óbitos.

No fundo não sabemos a razão. Estou deslocando alguns estudantes e pós-doutores para observar esse fenômeno de queda no número de óbitos, o que é um fato extraordinário, porque mostra que vidas estão sendo salvas.

Em entrevista recente o senhor disse que “O Maranhão está salvando vidas”. Por que o senhor avalia que o Maranhão vive um cenário mais positivo em relação à pandemia?

Acredito que o Maranhão está salvando vidas e está em um cenário melhor porque o governo estadual, encabeçado pelo governador Flávio Dino, se antecipou. Quando a crise chegou na Europa, o governador iniciou alguns movimentos no sentido de prover a cidade para ter capacidade de fazer os atendimentos. Depois ele lançou políticas públicas como o lockdown e o rodízio de veículos. São medidas que de fato demonstram que foram acertadas e isso nós estamos vendo com os números das projeções.

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