ATENTADOS INDÍGENAS

Quatro índios mortos em um mês e meio no Maranhão

Funai descarta relação entre o caso e crime de ódio ou disputa por terra. Já a polícia Investiga se crime teria ligação com tráfico de drogas. Cime repudiou mortes no estado

Reprodução

Duas pessoas foram mortas a golpes de faca durante uma festa realizada na madrugada desta sexta-feira (13), na Vila Industrial do município de Amarante do Maranhão. Eles foram identificados como Dorivan Soares Guajajara, 28 anos, que seria um índio da etnia Guajajara, residente na Terra Indígena Arariboia, e mais conhecido como Cabeludo, e Roberto do Nascimento Silva, 31 anos.  Segundo informações da polícia, o crime teria sido motivado pela suspeita do envolvimento de uma das vítimas com o tráfico de drogas. Ainda segundo revelações policiais, o indígena seria usuário e tinha envolvimento com traficantes da região.

O Instituto Médico Legal (IML), esteve no local realizando as devidas providências cabíveis para a remoção dos corpos das vítimas. A polícia da região também informou que estão sendo realizadas investigações sobre os crimes, porém até o fechamento desta edição, os assassinos ainda não haviam sido identificados.

Citando informações da polícia maranhense, a FUNAI informou que “estão descartadas todas motivações de crime de ódio, disputa por madeira ou por terras” na morte de Guajajara, que estava “em companhia do não indígena Roberto do Nascimento Silva”, ainda segundo as informações da Funai. “A FUNAI acompanha o caso junto às instituições de Segurança Pública, garantindo que as investigações respeitem toda a legislação alusiva aos povos indígenas”, informou a nota da fundação, que informou ainda colocar-se “à disposição para contribuir com o que estiver no limite de suas atribuições e aguarda mais detalhes do caso conforme a evolução do trabalho dos órgãos competentes pela investigação”.

Força Nacional está no Maranhão 

 Por causa de um atentado que matou dois índios Guajajara neste mês, o Ministério da Justiça autorizou o envio da Força Nacional de Segurança para o estado, para auxiliar na proteção aos povos indígenas nesta região do país. Operação conta com 20 homens e deve durar 90 dias para garantir a integridade física e moral dos povos indígenas, dos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e dos não índios. Em novembro, em outro atentado, também na Terra Indígena Araribóia, o integrante do grupo Guardiões da Floresta Paulo Paulino Guajajara foi assassinado, também a tiros, após uma emboscada.

Índios também foram mortos na BR 226

APÓS O ATAQUE QUE RESULTOU NA MORTE DE OUTRAS DUAS VÍTIMAS, INDÍGENAS GUAJAJARA FECHARAM A BR-226,  EM PROTESTO

Em sua página oficial na internet, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou e repudiou os atentados que ocorreram nos últimos dias com vítimas fatais contra o povo Guajajara, no estado do Maranhão, e contra um indígena Tuiuca, no Amazonas. A nota lembrou o fato ocorrido no último sábado (7), quando um grupo de lideranças indígenas Guajajara retornava de uma reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Eletronorte quando foram atacados e atingidos por vários disparos de arma de fogo na BR 226, no município de Jenipapo dos Vieiras (MA).

Os dois indígenas assassinados foram identificados como os caciques Firmino Praxede Guajajara, da Terra Indígena Cana Brava e Raimundo Belnício Guajajara, da Terra Indígena Lagoa Comprida; além deles outros dois indígenas encontram-se gravemente feridos. Os disparos foram praticados por criminosos que estavam em um veículo Celta branco.

O Cimi também lembrou que em 1º de novembro, a liderança Paulo Paulino Guajajara foi assassinado dentro da Terra Indígena Araribóia, também no Maranhão, atacado por invasores durante emboscada onde Laércio Souza Silva Guajajara acabou alvejado no braço e nas costas, que sobreviveu. O Cimi ressalta que até esta data o crime não foi solucionado e os criminosos seguem não identificados e presos.

A instituição também revelou que no dia 2 de dezembro, foi vítima de espancamento e violência extrema o indígena Humberto Peixoto, do povo Tuiuca, do Amazonas, que trabalhava na Cáritas Arquidiocesana. O indígena veio a óbito também no últimio sábado (7). 

O Cimi também denuncia que os direitos dos povos indígenas têm sido negociados e entregues à bancada ruralista, que já tem o controle das ações da Funai em Brasília e nas regiões. A instituição lembra que o Ministério da Justiça, ao qual a Funai é subordinada, está omisso e o ministro Sérgio Moro se nega a receber os representantes indígenas que têm solicitado audiências para resolver pendências territoriais. 

O Cimi exigiu também imediata e isenta apuração dessa onda de crimes contra os povos, que os criminosos sejam identificados e penalizados nos termos da legislação brasileira.

A nota ressalta ainda que, a ação propositada do governo federal de instrumentalização da política indigenista, em favor dos interesses econômicos dos ruralistas, mineradores e madeireiros, é grave e irresponsável, atenta contra a Constituição Federal e contra todos os acordos e convenções internacionais de proteção dos povos originários, dos direitos humanos e do meio ambiente. 

O atentado contra lideranças indígenas Guajajara, é de responsabilidade das autoridades do governo federal, que têm negado os direitos indígenas, incitado o preconceito e o ódio na população e acobertado a invasão dos territórios e a violência física contra os povos. O Cimi se solidariza com os familiares das lideranças assassinadas e feridas, com os povos Guajajara e Tuiuca e com todos os povos indígenas do Brasil nesse momento de profunda dor e indignação.

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