BATALHA DE GUAXENDUBA

405 anos de uma batalha épica

Episódio importante para história do Maranhão colonial estará completando este mês 405 anos e será tema de mesa redonda entre historiadores no próximo dia 19

Reprodução

O que aconteceu na Batalha de Guaxenduba ocorrida em 1614, no sítio de Guaxenduba, atual povoado de Santa Maria, município de Icatu? Por que os portugueses, que tinham menos contingente de combatentes e material bélico menos moderno, ganharam a batalha contra os franceses?

Para falar sobre essa batalha épica da história do Maranhão e as causas para tão improvável vitória portuguesa, entre outros aspectos dessa parte da história, e também para marcar a data, é que haverá o evento 405 anos da Batalha de Guaxenduba (1614/2019): uma guerra brasílica, no dia 19 de novembro, às 16h, na Livraria da AMEI (no São Luís Shopping).

O evento será aberto ao público e irão participar da mesa, o professor, historiador e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Euges Lima; o professor, historiador e presidente da AILCA, José Almeida (autor do livro: Icatu, Terra de Guaxenduba); o pesquisador e presidente da Casa dos Açores do Maranhão, Paulo Matos e o professor e pesquisador belga, Frans Gistelinck, autor do livro: “1612, A França Equinocial: encontro de dois mundos na Ilha do Maragnan,” que será lançado na oportunidade.

A Batalha de Guaxenduba ocorreu na manhã do dia 19 de novembro de 1614, no sítio de Guaxenduba, atual povoado de Santa Maria (município de Icatu). Naquele dia, franceses e portugueses se confrontaram numa encarniçada batalha pela posse do Maranhão. As forças portuguesas estavam sob o comando do mameluco Jerônimo de Albuquerque e o exército francês sob a liderança de Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière.

Em superioridade numérica e bélica, mas com percalços pelo caminho, os franceses perderam a batalha, graças a vários elementos que favoreçam os portugueses, dentre elas, uma boa estratégia, e quem sabe até uma ajuda da padroeira de São Luís, Nossa Senhora da Vitória. “São 3 palestrantes e mais um coordenador que vão abordar a questão histórica, como se deu a batalha, os principais elementos, a importância histórica e as polêmicas que estão em torno das versões sobre essa batalha. Vamos explicar quais foram realmente as causas que levaram a derrota dos franceses e a vitória dos portugueses. Esse é um dos pontos de discussão que levantam controvérsias, dúvidas… os portugueses estavam em menor número, em condições mais precárias, com armas menos modernas, enfim, os portugueses estavam em desvantagem numérica, bélica, tinham menor contingente de soldados e de índios que o apoiavam, havia uma desigualdade muito grande entre franceses e portugueses e ainda assim ganharam a batalha”, comenta Euges Lima.

Mesmo os franceses com a ajuda de mais de dois mil índios tupinambás, 200 soldados e bons armamentos, (segundo as crônicas da época), não conseguiram êxito. “A autoconfiança deles era muito grande, tanto que foram eles, os franceses, que tomaram a iniciativa do combate.  Os portugueses estavam acampados no Sítio de Guaxenduba, no caso a praia de Santa Maria, onde a batalha se deu. Havia esse favoritismo e por isso a necessidade de se explicar de forma racional, do ponto de vista histórico e historiográfico, como que os portugueses mesmo estando em desvantagem conseguiram obter resultados favoráveis? ”, aponta o historiador Euges Lima.

Jerônimo de Albuquerque x Daniel de La Touche

Adiantando um pouco do que será explicado no evento do dia 19, Euges Lima diz que foram vários os elementos que contribuíram para a vitória dos portugueses. Até mesmo os fatores naturais, como a variação da maré. “Existem vários elementos que explicam essa importante derrota francesa, por exemplo, os portugueses acabaram usando uma estratégia que foi mais eficaz e eficiente. No momento que os franceses estão desembarcando nas praias de Guaxenduba,  os portugueses, para ter alguma chance nessa batalha e enfrentamento, se antecipam ao combate. Eles não deixam que os franceses desembarquem e se fortifiquem. Então no momento em que os franceses estão ainda se estabelecendo, os portugueses fazem um ataque surpresa”, conta Euges.

A estratégia acaba sendo acertada. Em seguida, os portugueses dividem a tropa em duas colunas, sendo que uma vai pela praia e outra por uma colina que existia, de forma que essas colunas acabam cercando as tropas francesas.

“Outro fator, é a questão do excesso de confiança do próprio comandante francês o Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière. Ele vai para essa batalha com 400 homens só que como ele achava que essa vitória era certa, ele divide a tropa e não desembarca todos os soldados. Outros 200 ficam no navio, então essa é uma das causas para essa derrota. Quando ele percebe que seus soldados estão sendo derrotados, ele tenta se aproximar, aí já é tarde demais, porque a maré baixa de tal forma que não dá para o navio chegar próximo da praia. Então esse fator natural, a variação das marés que ocorre no nosso litoral, também foi importante para o resultado favorável aos portugueses”, conta Euges.

O fato de o exército francês ter soldados combatentes, mas também colonos que não tinham experiência em batalhar, também fortaleceu a tropa portuguesa.

Além disso (nota da repórter), algumas versões também dão conta que essa batalha, tal como a do Outeiro da Cruz, entre portugueses e holandeses (1641), teve uma ajuda de N. Sra. da Vitória, padroeira de São Luís. 

Na ocasião, ela teria aparecido e ajudado os portugueses na batalha transformando areia em pólvora. Como se vê, a batalha suscita vários recortes.

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