FOTOGRAFIA

Registro digno de premiação

No Dia Mundial da Fotografia que é lembrado no dia 19 de agosto, relembramos algumas fotografias de maranhenses que foram premiadas

Reprodução

Já imaginou como seria o mundo sem a fotografia? Foi em 1837 que o francês Louis Daguerre fez uma das primeiras fotografias da história, registrando, com sua câmera, segundo a Britannica Digital Learning, imagens sobre placas metálicas chamadas da guerreótipos. A enciclopédia conta ainda que, poucos anos depois, o cientista britânico William Henry Fox Talbot inventou a imagem em negativo, que permitia a impressão de várias cópias em papel, método usado até hoje.

“As primeiras fotografias eram difíceis de tirar, porque as câmeras eram grandes, pesadas e registravam as imagens em placas rígidas, não em filmes. No fim do século XIX, o inventor George Eastman criou o filme flexível e uma câmera pequena e simples, tornando a fotografia mais acessível”, relata.

Hoje chegando a quase dois séculos dessa invenção, muita coisa mudou. Muito se modernizou, tecnologias tornaram os equipamentos fotográficos muito mais fáceis de serem manejados e muito mais sensíveis à captura. Celulares viraram câmeras quase que profissionais, o acesso a um registro fotográfico ficou mais comum… Mas o que não mudou foi o olhar do fotógrafo, sempre em busca do novo, do diferente, do que não está à vista de todos, que só o olhar dele é capaz de capturar, mas que precisa ser visto por todos.

No Dia Mundial da Fotografia que é lembrado no dia 19 de agosto, relembramos algumas fotografias de maranhenses que foram premiadas. Trabalhos que ultrapassaram as fronteiras do Maranhão e ganharam o Brasil e o mundo. Trabalhos que nos deixam orgulhosos em saber quanto talento tem o estado.

Recentemente os trabalhos Espíritos de Senzalas – Imagens do Silêncio, do Vazio, do Invisível, e Pseudo Indígenas, dos maranhenses Márcio Vasconcelos e Ana Mendes, respectivamente, foram selecionados e premiados em um dos maiores concursos de fotografia do país, o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger.

O trabalho de Ana, que denuncia o racismo e o preconceito contra os índios, ganhou o prêmio na categoria Documental. Jornalista fotográfica e premiada em outros concursos e seleções, o profissionalismo e sensibilidade de Ana Mendes são conhecidos das causas sociais do Maranhão. Ela já registrou a situação dos Gamella e recentemente publicou matéria sobre as quebradeiras de coco babaçu na Baixada Maranhense.

O de Márcio Vasconcelos (premiado em dezenas de concursos), na categoria Ancestralidade e Representação. O ensaio reproduz imagens que mostram o silêncio, o vazio, o invisível, o encantado, provocando discussões sobre o carnal e o espiritual, questionando se os espíritos desse escravos ainda podem estar acorrentados nas antigas senzalas das casas-grandes ou fazendas coloniais e de que forma manifestam sofrimentos e súplicas pela libertação. O trabalho participará da exposição coletiva do Prêmio, que começa dia 8 de outubro, em Salvador-BA. “Eu venho fazendo esse trabalho há mais de 1 ano, ele não está concluindo ainda porque eu pretendo visitar outros estados do Brasil que tiveram maior afluência de exploração da mão escrava, de escravos que foram sacrificados nas plantações de cana de açúcar, café, algodão, minas de ouro. Pretendo ir a lugares onde pode se encontrar senzalas, casas e fazendas antigas, qualquer registro de construção antiga onde os escravos foram muito utilizados na construção e nos trabalhos”, diz o fotógrafo.

Para levar seu entendimento acerca do que foi aquele período, Márcio, através das fotografias quer mostrar o lugar vazio do silêncio, onde ele acredita, os espíritos dos escravos ainda se encontram vagando, acorrentados nesses lugares. Segundo ele, os médiuns acreditam nisso e são capazes de ouvir, ver e sentir a presença desse espíritos nessas localidades.  “Ganhar um prêmio é muito bom, principalmente com um trabalho que ainda está em construção como é esse caso. Você submeter um trabalho a uma banca de notáveis de fotografia e ser aprovado. Foram mais de 500 inscritos e eu cheguei entre os 5 finalistas. É de uma importância muito grande, mostra que estamos no caminho certo e é um incentivo para continuar fazendo e chegar até o fim como é a minha intenção. É um coroamento de um trabalho onde a gente tem fé, acredita, faz com muito afinco e dedicação”.

Em uma entrevista concedida recentemente, ele diz que a “imagem fotográfica, independente de como for capturada, sempre será um importante instrumento para mostrar uma realidade, fazer uma denúncia, de estar presente. Com a agilidade dos equipamentos digitais e os smartphones, isto se tornou ainda mais imediato. Sabemos que por mais que o fotógrafo tente manter certa ‘distância’ da sua obra, ela acaba sofrendo influência por parte dos filtros sociais, culturais e pessoais do próprio fotógrafo”.

Talentos
Fotógrafo desde 1995, o renomado fotógrafo Meireles Junior já foi premiado com vários trabalhos expostos inclusive em outros países, e tem como característica principal a inquietação. Seus mais recentes trabalhos destacaram as belezas naturais, como as publicações: Descobrindo os Lençóis Maranhenses (2003); Entre o Céu e Terra – Maranhão Patrimônio de Imagens (2008); 400 Anos Luz (2012), Sobre São Luís (2014), Sobrenatural: Impressões sobre os Lençóis Maranhenses,  Grand Canyon (2016), entre outras.

Em dezembro do ano passado o jornalista de Açailândia, Mikaell Carvalho venceu um concurso nacional de fotografia, o Prêmio Fotográfico 2018, ao registrar um ritual indígena de passagem da mocidade à fase adulta em uma aldeia Guajajara do Maranhão. O registro é Ritual da Menina Moça e foi feito na aldeia Piçarra Preta, na Terra Indígena Rio Pindaré, de Bom Jardim. A foto conquistou 1.452 interações (curtidas, amei e uau). Além disso, foi compartilhada 229 vezes e recebeu 219 comentários, ficando em primeiro lugar entre as 10 fotos escolhidas para o concurso.

O fotojornalista Ruy Barros é premiado e foi vencedor, dentre vários outros concursos e premiações, nos anos de 2013 e 2018 do Concurso Sua Foto que escolhe as 12 melhores fotografias do ano, pela National Geographic Brasil. De suas fotografias prediletas, as mais importantes retratam crianças. “Eu gosto de mostrar crianças, elas passam pureza no olhar.” E sobre esse tempos modernos, Ruy deixa um conselho: “Fotografia é amor. Hoje em dia um pessoa compra uma câmera e já quer ser profissional. Não é bem por aí.”

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