DRAMA SOCIAL

Venezuelanos fogem da crise e esmolam em sinais de São Luís

Imigrantes da Venezuela, chegaram a capital maranhense na terça-feira (7), em busca de comida, trabalho e um lugar. O grupo formado por homens, mulheres e crianças já passou por Boa Vista, Manaus e Belém.

Reprodução

O Maranhão já começa a sentir os reflexos do agravamento da crise na Venezuela que vem acontecendo nos últimos três anos. Um grupo formado por 55 venezuelanos desembarcou, na noite da última terça-feira (7), em São Luís, fugindo do país vizinho em busca de oportunidade de uma vida melhor.  

Vítimas da falta de alimentos e remédios em seu país, os venezuelanos estão em semáforos e paradas de ônibus pedindo esmola. Descalços e com um cartaz de isopor nas mãos eles pedem dinheiro para comprar comida e água. O venezuelano identificado apenas como Jonhy de 37 anos, e seus dois filhos Windsor e Oliver, um de quatro anos e meio e um outro de seis, abordavam os motoristas na Av. Beira Mar, enquanto aguardavam o sinal abrir.   

Cansados, com fome, e sem dinheiro, Jonhy com o ar de desconfiado, mesmo depois da equipe de O Imparcial ter se identificado, contou que está no Brasil há um ano e três meses.  “Estou a procura de trabalho para comprar remédios, alimentos, roupas e pagar aluguel.  Estamos sofrendo muito. Muito mesmo.  Viemos de Belém eu e os outros.  Enquanto isso não acontece tenho que contar com a boa sorte das pessoas. Não sei nem o nome do bairro que estamos. Paguei 35 reais para o táxi que nos deixou aqui”, disse ele.

Jonhy contou que ele, sua família e um grupo de outros venezuelanos percorreram 200 km a pé da fronteira até Boa Vista, em Roraima onde ficaram instalados em barracas improvisadas em um praça na cidade. Como o número de imigrantes era muito grande, eles resolveram tentar a vida em Manaus, no Amazonas onde ficaram no local por seis meses. Depois o grupo migrou para Belém onde passaram seis meses na capital paraense e desde o início da semana estão na ilha. “Eu não sei o nome do bairro onde estou, eu não conheço a cidade, eu não sei de nada daqui. Só sei que viemos para cá em busca de um trabalho para que eu possa viver melhor com a minha família”, disse ele informando que a esposa também estava pedindo esmola no Centro de São Luís .

Enquanto a reportagem entrevistava Jonhy as crianças circulavam no corredor do trânsito em busca de moedas e notas que eram colocadas em uma bolsa junto com alguns enlatados para matar a fome e uma garrafa pet cheia de água para matar a sede. “Só queremos um trabalho e sermos feliz”, disse Jonhy.

Grupo pode fazer parte do processo de “interiorização”

Questionado como chegaram a São Luís, e se o grupo faz parte do processo de interiorização dos venezuelanos, que começou em abril do ano passado, organizado pela Casa Civil da Presidência da República e a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Jonhy, apressou-se por meio dos carros em busca de outras moedas botando um fim na conversa.

Com o agravamento da crise migratória em Roraima provocada pela situação política na Venezuela, o Governo Federal está realizando o processo de “interiorização”. Criado como alternativa para reduzir o impacto social desse grande fluxo de imigrantes, o programa prevê o deslocamento de parte desse contingente a outras regiões brasileiras. Mais de 4 mil imigrantes já foram levados a diversos estados após aderir voluntariamente ao processo. no Amazonas, na Bahia, no Distrito Federal, no Mato Grosso do Sul, na Paraíba, no Paraná, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul.

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