LIÇÃO DE VIDA

“Ele apenas queria ter pai e mãe”

Verdadeiros relatos e histórias de amor de mamães incríveis

A gestação dela foi de 5 meses, mas, ao contrário do que se pode pensar, o filho não foi prematuro. Na verdade, ele já era bem crescidinho. Com quase 18 anos. É isso mesmo. O casal Viviane Medeiros do Amaral Nogueira, 47 anos, engenheira e Cláudio Martins Nogueira, 54 anos, psicólogo, é de Belo Horizonte e realizou um ato de amor dos mais raros de se ver. Adotou o Williams, que estava em um abrigo preste a completar 18 anos. A história deles foi amor à primeira vista. O casal queria um filho e Williams, uma família. A troca se deu. Hoje, após 3 anos da adoção, a família está completa.

gestação dela foi de 5 meses, mas, ao contrário do que se pode pensar, o filho não foi prematuro. Na verdade, ele já era bem crescidinho. Com quase 18 anos. É isso mesmo. O casal Viviane Medeiros do Amaral Nogueira, 47 anos, engenheira e Cláudio Martins Nogueira, 54 anos, psicólogo, é de Belo Horizonte e realizou um ato de amor dos mais raros de se ver. Adotou o Williams, que estava em um abrigo preste a completar 18 anos. A história deles foi amor à primeira vista. O casal queria um filho e Williams, uma família. A troca se deu. Hoje, após 3 anos da adoção, a família está completa.

E essa história o casal conta pelo Brasil quando dá palestras em eventos sobre adoção. Conversei com eles sobre o assunto. Do começo ao fim da entrevista, o sorriso, o brilho no olhar e a plenitude de quem sabe que fez a coisa certa eram perceptíveis no casal.

Viviane e Carlos estão juntos há 12 anos. Ela tem um filho biológico, o Lucas, de 29 anos. E ele tem o Davi, de 16. Ambos são filhos de outros relacionamentos e ambos já alimentavam o desejo de adotar. Porém, Viviane queria uma criança de mais idade e Cláudio, uma mais nova. “Mesmo antes de ter o Lucas, eu fui mãe aos 17 anos. Eu já tinha o desejo da adotar. O Cláudio também. A gente começou a frequentar um grupo de adoção de Belo Horizonte, por 6 anos, para amadurecer a ideia, porque eu queria adotar um adolescente e o Cláudio, uma criança mais nova. Então, a gente foi trabalhando, lendo, assistindo palestras, até que em uma reportagem sobre campanha de adoção crianças acima de sete anos e adolescentes, eu vi o meu filho que estava participando. Eu já o reconheci como filho”, conta Viviane.

Quando ela tinha 9 anos a mãe tentou adotar uma criança, mas não se concluiu. Foi desde aí que se plantou a semente da adoção no coração da engenheira. “Eu fiquei já com essa ideia no meu coração, de que quando eu ficasse adulta eu ia adotar. Na verdade não tem muita explicação, parece que nasce com a gente e Deus faz as coisas de uma forma tão linda que as coisas vão acontecendo de forma natural, e o desejo vai só aumentando”, destaca a engenheira.

Questiono sobre o fato de lidarem com um jovem já crescido. Não bate um medo de algo não dar certo? “Essa é uma pergunta que todo mundo faz porque todo mundo acha que ele está com o caráter formado, porém todo mundo está o tempo todo em transformação. Então quando a gente dá amor para uma criança, um jovem, um adolescente, tudo tende a se transformar. Eu não tive medo em momento algum, porque sabia que era meu filho que estava ali me esperando”, acredita.

O desafio e os preconceitos

Para Carlos o medo não existiu. Mas o desafio sim. “Na verdade o desafio é ter filhos. Não importa “se adotado ou biológico. A questão maior é a do preconceito da sociedade nesse aspecto. Ela acredita que um filho biológico ou um adotado que foi criado desde pequeno, que a gente vai moldar o caráter dele, Mas isso não acontece. Quantos filhos biológicos um dia vão crescer, vão ter dezoito anos e vão dar problema, como a grande maioria dos filhos dão? Ter filhos é um ato de coragem, independente se por adoção ou biológico.”

Viviane assegura que o um filho que vem pela adoção e que nasce para a família já adolescente apresenta um desafio maior porque tem uma história de vida já pregressa. “Sabia que ia ser um desafio, e é um desafio. Mas é um desafio muito bom porque o amor é um amor de mãe incondicional e a gente está ali no dia a dia. Preconceito a gente vive diariamente, porque além do preconceito da adoção em si, que já existe no nosso país, porque as pessoas acham que é uma filiação inferior, desnecessária, há  o preconceito racial, porque a nossa adoção é inter-racial , e ainda  preconceito da idade”, lamenta Viviane.

Sobre adoção tardia é um termo que Viviane não gosta de falar. Ela e o marido que tem a missão de desmistificar várias ideias sobre a adoção diz que a adoção acontece na hora certa sempre. “É na hora de Deus. É um desafio muito grande lidar com isso e ter que mostrar para as pessoas que não tem nada de anormal, que não é nada demais, que não precisa ter medo, a gente tenta desmistificar isso em todos os lugares que a gente vai”.

O “parto” no aeroporto

Foram cinco meses de gestação, até o primeiro encontro pessoalmente. Primeiro receberam uma autorização do juiz para um contato virtual, por cerca de 10 dias,  porque Williams  morava em Recife (PE) e eles são de Belo Horizonte (MG). Foram 10 dias sendo acompanhados pela psicóloga da Vara da Infância e depois foi feito um relatório, onde o juiz autorizou a  ida deles para a capital pernambucana para eles terem 10 dias em convivência pessoal. “Meu parto se deu no aeroporto, foi lá que dei o primeiro abraço, primeira vez que pude pegar meu filho no braço, tivemos imprevisto, perdemos o voo, mas foi maravilhoso”.

Carlos conta que foram dez dias em que compartilharam experiências de vida. “Doação é um ato de amor, porque  é uma troca. Ele tinha desejo de ter uma família e nós de ter um filho. E adoção de um  adolescente  tem essa vantagem que já tem uma maturidade, uma experiência de vida que eles sabem o que ele querem e manifestam esse desejo através da fala. É amor de ambos os lados. E a sociedade acha que é um ato de caridade, e quando os pais vão para adoção acham que estão fazendo caridade é nessas circunstâncias  que as vezes a adoção costuma não dar certo”.

Sobre ser mãe  e estar perto do dia delas, Viviane diz que se sente completa, realizada e com o mesmo sentimento de quando teve seu filho biológico. “Não tem diferença a não ser a forma como ele veio para a gente e a sociedade precisa ver isso de uma forma mais aberta. Porque quando a gente vai na vara da infância a gente escolher um perfil, mas eles não escolhem os pais, eles estão abertos para receber amor e os pretendentes também tem que acabar com essa questão de perfil, porque a  maternidade, a  paternidade pode ser exercida em qualquer idade. O amor não tem idade”, diz ela.

Carlos completa que no caso específico do Williams  ele não perguntou se eles tinham carro, onde trabalhavam… “ele não tinha perfil para pais, ele apenas queria ter pai e mãe, e isso ficou muito claro nas conversas que tivemos que ele sempre perguntava quando íamos leva-lo para nossa casa”.

E querem adotar mais um? Eu pergunto. “Gostaríamos. A gente está conversando ainda. Na verdade a gente já queria ter adotado, só que o Williams ainda não está preparado para uma nova adoção, porque ele ainda está curtindo muito o que ele não teve nesses 18 anos. E a gente precisa respeitar esse tempo dele, porque q a família toda precisa adotar. A família toda precisa estar de acordo senão não dá certo.  Então a gente está trabalhando isso com ele, pra ele aceitar um novo irmão e a gente poder fazer uma nova adoção, independente de idade”, diz Viviane.

Maranhão

Carlos e Viviane vieram a São Luís participar de palestras a convite do AME – Grupo de Apoio a Adoção. “Nós viemos a São Luís a convite da AME, que é superimportante falar sobre os grupos de grupo de apoio que são eles que nos ajudam a amadurecer a ideia que dão o suporte após a adoção e que esclarece todas as dúvidas”, disse Carlos.

Os dados atualizados sobre adoção no Maranhão, validados pela justiça apontam que existem 100 pessoas habilitadas para adoção em São Luís, e 242 no Maranhão. Há 20 crianças e adolescentes com DPF (Destituição do Poder Familiar), sendo 8 meninas e 12 meninos:  2 de 0 a 5 anos, 2 de 6 a 10 anos, 13 de 11 a 15 anos e 3 acima de 15 anos.

Segundo dados do Cadastro Nacional de Adoção, Mais de 35 mil pessoas estão na fila da adoção no Brasil e 6,5 mil crianças e adolescentes esperam por uma família.

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