PATRIMÔNIO EM RUÍNAS

Força das chuvas: Viana perde mais um casarão histórico

Imóvel secular que estava abandonado desde os anos de 1980 e foi um dos primeiros hotéis do município não resistiu à força das chuvas e desabou na última segunda-feira (22). Departamento de Patrimônio Histórico fará vistoria na segunda quinzena de maio.

Reprodução

O acervo arquitetônico do município de Viana está ameaçado por conta das fortes chuvas que estão caindo no estado. Na última segunda-feira (22), um imóvel onde funcionou um dos primeiros hotéis do município, comandado por “Dona Filhinha” – como os vianenses a conheciam, não resistiu a força da água e desabou. Localizada, na Região da Baixada Maranhense, é a quarta mais antiga do Maranhão. Viana teve sua origem na aldeia Guajajara de Maracu, que começou a ser povoada pelos missionários da Companhia de Jesus em 1709. O município possui vários imóveis seculares que estão ameaçados pela ação do tempo.

Segundo informações postadas pelo publicitário, Luiz Antonio de Morais, em sua página no Facebook, o casarão foi abandonado no início dos anos de 1980 e, por conta de intransigências familiares, permaneceu em ruínas, até o seu desabamento. Luiz Antonio, ressaltou ainda, que o casarão agora “faz parte da dilapidação do patrimônio histórico vianense, tal qual o seu vizinho do lado direito: o famoso sobrado de Ozimo de Carvalho, cujo terreno foi doado pela prefeitura à Academia Vianense de Letras (AVL), que por sua vez luta para obter recursos para reerguer o prédio e transformá-lo em sua futura sede”, escreveu o publicitário.

Em entrevista a O Imparcial, Eduardo Longhi, superintendente do Departamento de Patrimônio Histórico, órgão veiculado à Secretaria de Estado da Cultura, informou que desde o final do ano passado estão agendadas visitas técnicas ao município para verificar a situação dos imóveis. “Vamos realizar na segunda quinzena de maio, uma visita técnica nos municípios de Viana, Caxias e Carolina que possuem um grande número de casarões históricos. A intenção é fazer um levantamento sobre a situação destes imóveis para tomarmos as devidas providências. Também já entramos em contato com os prefeitos destes municípios para estabelecermos parceria para a revitalização destes imóveis. Estamos esperando a liberação das diárias do pessoal para podermos realizar os nossos trabalhos”, ressaltou Eduardo Longhi.

Última vistoria aconteceu em 2013

O Imparcial apurou que a última vez que o Departamento de Patrimônio Histórico esteve em Viana, realizou uma visita em outubro de 2013, a dois prédios de arquiteturas coloniais, localizados na área de tombamento da cidade. A visita na época contou com a presença da então Superintendente de Patrimônio, Andréa Vasconcelos e do engenheiro Zacarias Castro Júnior. A Academia Vianense de Letras foi o primeiro prédio a receber a visita dos técnicos da Secma que analisaram e avaliara os reparos que deve sofrer em sua infraestrutura. Situada na Rua Antônio Lopes, nº 535, a casa de arquitetura originalmente colonial pertenceu a Amâncio de Aquino, autor da letra do Hino Vianense. Amâncio era radiotelegrafista e por isso sua residência funcionou como Correio e Telégrafo de Viana por muito tempo. O casarão foi adquirido no ano de 1951, pelo comerciante e vereador Ananias Gomes de Castro, que por diversas vezes foi palco para festas e bailes municipais de carnaval. Atualmente o imóvel abriga a Casa de Cultura de Viana.

O Sobrado Amarelo foi o segundo prédio a ser visitado pelos técnicos da SPC. Localizado na Rua Cônego Hemetério, 244 – Centro, o Sobrado viveu o apogeu do desenvolvimento econômico do Brasil. Os altos do sobrado serviam de residência para os proprietários e o andar térreo funcionava como ponto comercial e abrigava a Fábrica Santa Maria. 

Construído em 1843 por proprietário de posse econômica abastada, o Sobrado Amarelo de Viana foi incluído à classe produtora e exportadora vianense. Dessa prosperidade, pode-se dizer, surgiram os imóveis construídos com elementos duráveis, casarões com fachadas de azulejos e uma arquitetura estilo portuguesa.

Construído em 1843 por proprietário de posse econômica abastada, o Sobrado Amarelo de Viana foi incluído à classe produtora e exportadora vianense. Dessa prosperidade, pode-se dizer, surgiram os imóveis construídos com elementos duráveis, casarões com fachadas de azulejos e uma arquitetura estilo portuguesa.

Solicitação de um estudo técnico dos casarões

Em fevereiro deste ano, a deputada estadual Mical Damasceno (PTB) apresentou indicação à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Maranhão, para que seja feito um estudo técnico no acervo artístico e histórico dos casarões de Viana. De acordo com a parlamentar, o município está entre as quatro cidades maranhenses que têm o seu material tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado desde o ano de 1988.

O objetivo principal da propositura é a formalização de planos de ação para a preservação e restauração dos bens históricos da cidade que representarão um importante ganho para a população vianense. Moradora do município, a parlamentar afirmou que é uma satisfação solicitar esse estudo. “Os vianenses têm orgulho da história deste lugar e lutam para que seja preservada a cultura da cidade. Serei representante dessa causa e, juntos, manteremos viva a cultura de Viana”, enfatizou. Na forma do art. 146, a Indicação 044/19, publicada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa, foi encaminhada ao governador Flávio Dino e ao secretário de Cultura, Diego Galdino.

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