DIA DO JORNALISTA

O jornalismo além da notícia

Para celebrar a data, O Imparcial ouviu jornalistas de diferentes gerações para dar uma dimensão sobre o exercício desta profissão em épocas diferentes

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Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também se define o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade de Comunicação. Comemorado no dia 7 de abril, o Dia do Jornalista foi instituído em 1931, por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), como homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830. Líbero Badaró, como era mais conhecido, era um oposicionista ao imperador D. Pedro I e foi o criador do Observatório Constitucional, jornal independente que focava em temas políticos até então censurados ou encobertos pelo monarca. Badaró era defensor da liberdade de imprensa e morreu em virtude de suas denúncias e de sua ideologia que contrariava os homens do poder.

E para celebrar a data, O Imparcial ouviu jornalistas de diferentes gerações para dar uma dimensão sobre o exercício desta profissão em épocas diferentes. Para o jornalista José Ribamar Rocha Gomes, conhecido carinhosamente pelo apelido de Gojoba, que trabalhou em diversos veículos de comunicação nos anos de 1980 e 1990, quando as notícias eram produzidas em máquinas de datilografia, o fax era um grande aliado e a internet era discada, afirma que o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação. ”Sempre procurei me pautar por esse artigo do Código de Ética do Jornalista. Esse é o compromisso do profissional da informação. Alguns acham que tempo bom era aquele do tempo da linotipo, telex, rádio-escuta, etc. Nada. Tempo bom é esse onde você pode trabalhar de casa. Apurar todos os fatos através das redes sociais”, explicou o jornalista.

Gojoba (foto) ressalta ainda que tempo bom é agora que o editor não precisa sair de madrugada de casa para mudar uma manchete ou ver se está tudo bem com a edição. Você recebe tudo no seu telefone celular. “Mas, ser jornalista, não é usar a profissão e o poder do veículo para benefício próprio. Ao lado da modernidade houve uma deturpação do que é ser “jornalista”. Há uma espécie de desvalorização profissional por conta da variedade salutar de veículos de informações com as mídias sociais. Hoje, qualquer um é jornalista. Nem precisa mais de registro. Muitos, no entanto, preservam a dignidade da profissão. Sabem o que é ser jornalista e honram o título. Outros… Nem tanto”, acrescentou o jornalista.

Para o jornalista e diretor de redação de O Imparcial, Raimundo Borges, fazer jornalismo hoje em dia é esquecer boa parte do que se aprendeu e se fez em tempos não muito distantes. Segundo Borges, até a década de 1970, o noticiário de agência chegava às redações em pacotes enviados do Rio e São Paulo, via Correios. Para ele a instantaneidade de hoje é surpreendente. “Por isso, cada dia é um esforço a mais para os jornalistas atenderem um público mais exigente e que também é partícipe da notícia, dando pauta e até enviando informações pelas plataformas das redes sociais”, disse o jornalista. Raimundo Borges lembrou ainda que o fotojornalismo do passado que passava por diversas etapas. “Quando se fazia a foto, levava ao laboratório da Redação, revela-se o filme e depois passava ao clicheirista para transpor a imagem a uma chapa de alumínio, mediante nova revelação em produtos químicos. Hoje, a fotografia e o vídeo estão tão juntos, que se confundem. Por isso, o jornalismo hoje, para muitos, é mais um fetiche do que uma profissão de informar. O bom jornalismo, no entanto, permanece tão influente quanto foi desde a época de José Hipólito da Costa, no Correio Braziliense”, contou o jornalista.

Jornalismo como filosofia de vida

A jornalista Mirlene Bezerra costuma dizer que não fui ela que escolheu o jornalismo, mas o contrário. Mirlene Bezerra lembrou que durante boa parte da sua infância passava os dias correndo pelos corredores da TV Difusora, na época afiliada da Globo e pertencente aos irmãos Afonso e Magno Bacelar. “Tendo um tio, Mauro Bezerra e meu pai, Clodomir Lima, respectivamente diretor de jornalismo e redator de noticiário da emissora e, ainda, minha mãe proprietária de uma cantina no local, desde cedo tive familiaridade com câmeras de TV, bancadas de apresentação, microfones, gravadores, mesas de edição e máquinas de datilografia, além do contato direto com grandes nomes da imprensa maranhense, a exemplo de Murilo Campelo, Lima Coelho, Gojoba, Florisvaldo Souza, Edir Garcia, Rayol, entre outros. E o resultado não poderia ser diferente: na hora de escolher que rumo seguir o jornalismo falou mais alto”. Contou Mirlene Bezerra. A jornalista atuou em grandes veículos da imprensa maranhense, a exemplo das emissoras de TV Praia Grande e Difusora e do jornal O Imparcial. Mas foi em assessoria de imprensa que desenvolveu a maior parte da sua carreira, tendo trabalhado em órgãos como Câmara Municipal de São Luís, Assembleia Legislativa do Maranhão, Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra), entre outros.  “Para quem não vivencia o jornalismo pode até parecer uma atividade glamourosa, mas a realidade não é bem assim! A falta de valorização da profissão e de um horário  regular de trabalho; o salário relativamente baixo, que parte da categoria reclama; as pressões para o fechamento de uma matéria; e o esforço em se manter ético e sério diante das adversidades são alguns dos fatores que não tornam o nosso dia a dia tão fácil. Mesmo assim, com todas as dificuldades, ainda sou apaixonada pelo que faço e não me arrependo da escolha que fiz. Levar o cidadão a conhecer inúmeros e diferentes fatos, sob todos os ângulos possíveis ainda me encanta. Sem falar que as histórias que contamos ficarão para a posteridade, fazendo com que no futuro as pessoas possam conhecer o que acontece hoje.

Já o jornalista Diego Rodrigues (foto) que atua na profissão desde os 19 anos e que hoje está com 35 anos, afirmou que presenciou uma mudança bem expressiva na profissão. “Quando eu ainda estava na faculdade e estagiava sabia que o profissional da comunicação, mais especificamente o jornalista, era responsável por apurar, por investigar, apresentar notícias em forma de reportagem ou notícias, e que ele precisava ter um amplo conhecimento sobre o assunto e traduzir isso para a população. Com o passar do tempo eu percebi a invasão do “social mídia”. Fui resistente há uns dois anos a esta parcela do mercado, por acreditar na forma do jornalismo tradicional, de redação, de assessoria de imprensa. Mas essa invasão do social mídia por meio das plataformas digitais foi importante porque ela pauta o jornalismo. O jornalista tem que se adequar as novas tecnologias. Ressalto que a checagem das fontes é essencial, pois faz o diferencial entre o jornalista e uma pessoa que se comunica pelas redes sociais. Isso serve até para evitar as famosas fake news”, disse Diego Rodrigues.

O futuro do jornalismo

Para a estudante de comunicação, Ana Bruzaca, o jornalismo atualmente é um mundo onde todos estão interligados com a revolução digital que estamos vivendo nos dias de hoje. “Agora todo mundo faz parte. Todos estão conectados. Todos querem dar a sua opinião, todos querem falar e recai sobre a gente uma responsabilidade muito grande de saber o que estamos produzindo. A gente tem um papel ainda mais importante na sociedade não só de vigiar o que está sendo dito, mas de assumir o que se está falando. E poder falar “fui eu quem disso isso mesmo”. Muita gente acha que o jornalismo vai acabar. Mas eu acredito que ele está mais forte do que nunca porque a gente precisa confiar em quem estamos lendo. Ser jornalista é ter a responsabilidade do que se fala por meio de uma notícia”, disse Bruzaca.

Já a estudante Giovanna Kury acredita que ser jornalista “é ser o filtro entre o fato e a sociedade. A gente tem que assumir um papel muito importante de ética e responsabilidade social de transmitir as informações de maneira correta e que seja de maior proveito do público”. Ela analisa que o jornalismo passou por uma transformação radical com a era da internet onde tudo precisa ser rápido e factual e as informações tem que ser muito compactas simples de se ler. Na maioria das vezes por imagens e vídeos que chamam mais atenção neste mundo tão rápido e tão corrido. E a gente tem que adaptar aquela notícia antiga que era escrita em forma de texto que é necessária para as novas plataformas e novos modos de contar uma nova história.

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