SEPARAÇÃO

Pais separados: filhos e sofrimento

A separação é um momento difícil, principalmente se o casal tiver filhos. Não importa a idade, para eles é sempre complicado aceitar e entender a decisão dos pais

Reprodução

Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1984 a 2016, enquanto a população brasileira cresceu 70%, os casamentos avançaram 17%, mas os divórcios aumentaram 269%. No Brasil são registradas por dia, em média, 581,8 dissoluções de casamentos.

Josuel Almeida e Rafaela Silva fazem parte dessa estatística. Casados por 8 anos, eles se separaram em 2015. Juntos, tiveram Ana Karla, que na época da separação tinha 4 anos. Hoje, a pequena está com 7 e, segundo a mãe, está lidando bem com a situação. “Na época, ela sentiu muito. Era muito apegada, e perguntava todas as noites que horas ele ia chegar. Doeu para mim que ela estivesse assim, mas ela se acostumou”, disse Rafaela, que confessou ainda não ter levado a filha a um especialista. “Não foi necessário. Soubemos lidar”.

A psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline Cristina de Melo, dá dicas de como abordar o assunto e ajudar as crianças a lidarem com o divórcio.

Para a profissional, o melhor momento para informar aos filhos é quando esta decisão está seguramente resolvida pelos pais, para evitar angústias desnecessárias, caso eles mudem de ideia.

A especialista lembra que a adaptação do discurso para a realidade dos pequenos e a sinceridade são pontos que devem ser levados em conta. “Posicioná-los sobre a separação de forma clara, sincera e verdadeira, transparecendo tranquilidade e segurança, faz com que a criança identifique tais sentimentos e apazigue sua angústia por meio deste acolhimento”, diz. Ela explica que não há necessidade de expor os reais motivos do divórcio, porém é muito importante que fique claro para a criança que ela não teve qualquer culpa ou participação nesta decisão.

Paciência e sensibilidade também são muito importantes diante das dúvidas que surgirão no decorrer deste processo. Segundo a psicóloga, na maioria dos casos, a criança não absorve bem a notícia, pois tal aspecto implica no surgimento de muitas fantasias em suas mentes, que vão desde a culpa e a contribuição delas para a separação dos pais, até a possibilidade de o divórcio afetar o amor que sentem por ela. “Isso sem falar na angústia da ausência do cônjuge que sairá de casa”, complementa.

Aline Melo ressalta que a rejeição da criança pode ser temporária. “Ela dura até que perceba que, embora sua rotina mude, o carinho e amor que recebe dos pais não mudará. Com o tempo, essa reação de rebeldia tende a se dissipar, conforme os filhos forem recuperando a segurança na família e nos laços afetivos”, acrescenta a psicóloga do São Cristóvão.

Relacionamento saudável ou diálogo

Para a psicóloga Aline Cristina de Melo, evitar expor os filhos aos conflitos do casal deve ser a maior preocupação dos pais. “É importante tomar cuidado para não acabar usando os filhos para afetar o outro. Isso poderá se refletir negativamente na criança”.

Ela explica que um cônjuge não pode falar mal do outro para a criança. O ideal é que eles saibam separar a relação deles como casal da relação deles como pais.

A dica da profissional é que os pais mantenham um relacionamento saudável, ou, pelo menos, tenham um diálogo cordial. “Ter um bom relacionamento é importante, pois eles precisam dialogar e se organizar quanto aos cuidados, atenção e rotina dos filhos”.

Dessa forma, as crianças perceberão que sua família passou por uma grande mudança, mas que isso não afetou no carinho e amor dos pais. “Quando isso acontece, os filhos percebem que não há motivo para sentirem-se abandonados”, reforça. (P.C)

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