SÃO LUIS

Conheça a história da família que divide o teto com um cavalo em São Luis

Sem local adequado para abrigar o cavalo, seu Francisco divide espaço na própria casa com o animal e tem a companhia dele nas refeições, inclusive na hora de dormir

Reprodução

Há 12 anos o condutor de veículos a tração animal, carroceiro Francisco Almeida, mais conhecido como “Irmão Francisco”, adquiriu o cavalo Ventania. Na época, ele morava em um local no bairro Vila Nova  com bastante espaço para  a família e o cavalo, mas, por causa de problemas de saúde da mãe, eles tiveram que se mudar. Foi aí que começaram os problemas para Seu Francisco.

Na nova residência, no Sol Nascente (próximo ao Hospital Aquiles Lisboa),  seu Francisco não tem mais quintal amplo e mora com mais 8 pessoas. Ele, a esposa e os filhos dividem espaço com Ventania, que ficou sem lugar apropriado. Segundo ele, depois de conseguir autorização na Prefeitura para fazer a estribaria, a mesma foi derrubada. “Já faz um tempo eu procurei a Prefeitura, porque tem um terreno na Vila Nova que é só matagal, não tinha cerca. Procurei a Marinha, porque como é perto do mangue, para ver se eu podia fazer a estribaria para o meu cavalo. Eles me mandaram procurar a Prefeitura e a Prefeitura me autorizou. Não me deram um documento porque não consta cadastro de ninguém nessa rua. Então, eu rocei o matagal, construí há 1 mês, mas não foi de alvenaria, que não pode, mas esta semana derrubaram. E eu continuo vivendo em estado de calamidade pública. Eu me sinto prejudicado”, lamenta seu Francisco.

Desde a última segunda-feira ele frequenta os órgãos do Ministério da Fazenda e da Prefeitura  para tentar regularizar a situação. “A Prefeitura disse que eu posso deixar o animal lá, porque não há documento que comprove que o terreno tem dono. E a pessoa que mandou derrubar disse que comprou o terreno, mas não tem documento oficial da prefeitura que comprove. A área pertence à Marinha”, disse seu Francisco.

Conflito entre vizinhos por conta da terra

O suposto dono do terreno se chama Esaú, e disse que tem os recibos de compra. Porém, como também não tem um documento que comprove que  as terras pertencem a ele perante a Prefeitura, o imbróglio está formado. “A gente vai ter que resolver isso junto à Prefeitura para ela dizer o que a gente pode fazer. Eu não quero saber de briga. Eu preciso de 6m2 de terra para fazer a estribaria. Investi um dinheiro, que para mim é muito, e foi tudo abaixo e botaram uma cerca”, lamenta  seu Francisco.

Enquanto isso, dia e noite o cavalo convive com a família. O incomodo é grande para todo mundo. Ele lamenta que a família dele reclama. Afinal, tem que suportar o odor de urina e fezes do cavalo o tempo todo. O gasto com material de limpeza é muito grande, segundo ele.

O cavalo fica no terraço da casa, que não tem quintal. Enquanto falava conosco seu Francisco começou a chorar. E disse ainda que a esposa está doente, que a casa tem crianças e que vivem no médico. Dos filhos dele o mais novo tem 4 anos. “Conviver com animal não é fácil, mas é onde tiro o sustento da minha família. Como é que eu vou abandonar ele? É meu instrumento de trabalho e tenho que cuidar dele. Nesse pedaço de terra que quero fazer a minha estribaria eu até vou morar com ele, se for preciso. Já que ele já mora comigo há tanto tempo”, reforça seu Francisco.

Seu Francisco disse que não quer brigar, quer apenas construir sua estribaria com autorização da Prefeitura. “Não estou fazendo confusão com ninguém. Mas se a própria Prefeitura está dizendo que eu posso fazer, que a área não tem dono, então vamos resolver. Ele que mostre o documento, a pessoa que diz que é o dono. Eles ligam me esculhambando, mas eu sou da paz. Eu quero é resolver. Eu não sou melhor do que ninguém, só quero trabalhar, dar o sustento da minha família”, finaliza.

Ele diz ainda que falou ao suposto dono do terreno, que se dispôs a contribuir para a melhoria da rua em questão, que, segundo ele, é cheia de lama. “Acho que conversando a gente se entende”, finaliza.

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