ABANDONO

Animais de rua são problemas crônicos

Na capital, eles podem ser vistos em todo lugar, ruas, calçadas, feiras, bares, abandonados à própria sorte, sujeitos a maus-tratos e à violência humana

Reprodução

Tigrão e Tigresa, estes gatinhos da foto acima, não poderiam estar melhores. Os gatos foram abandonados e deixados para morrer. Tigrão, por exemplo, foi encontrado dentro de um saco fechado, deixado para morrer mesmo.  Abandonados na porta do empresário Nogueira Filho, ativista independente, protetor de animais, eles foram apenas alguns dos muitos animais que são abandonados todos os dias nas ruas de São Luís.

Hoje todas as ações de proteção aos animais de rua são feitos por ativistas independentes ou ONGs protetoras. Atualmente não há nenhum serviço, nenhum programa realizado pelo poder público, nenhuma ação pública em relação aos animais de rua. E eles estão se multiplicando, e a gente não está conseguindo controlar. Temos feito ações de castrações nos bairros, mas não estamos dando conta.

Nessas ações, a gente não abrange nem um décimo do que precisa para diminuir o número de animais abandonados. Hoje pode-se dizer que é um problema de calamidade pública.

A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades de grande porte, para cada cinco habitantes há um cachorro. Destes, 10% estão abandonados. No interior, em cidades menores, a situação não é muito diferente. Em muitos casos o número chega a 1/4 da população humana.

Em São Luís não se tem esses dados, mas não é preciso procurar muito para perceber que eles estão em toda parte. “A prefeitura deveria ter esse controle porque são eles que fazem a vacinação, mas já conversamos com eles e não têm essa informação, mas o número é bastante elevado”, comenta Nogueira Filho.

Nogueira faz parte do grupo de ativistas que trabalha na Praça dos Gatos, na Avenida dos Africanos. Segundo ele, quando o grupo assumiu os trabalhos, em janeiro do ano passado, havia 140 gatos no local. Mas esse número varia. Tem dias que há mais ou menos animais. Todos os dias surgem novos, e morrem outros, pelo menos três por dia. “Ali é uma desova de gatos todos os dias. Hoje temos 30 gatos, mas amanhã pode ter 25, ou 40, porque trabalhamos com adoção, mas cada dia chegam mais. Aí, o que a gente faz é cuidar, castrar e disponibilizar para adoção. Levamos para a casa da pessoa já cuidado”, conta Nogueira.

Segundo ele, já foram doados 240 gatos de ano passado para cá, apenas oriundos da Praça dos Gatos. Nesse período, 155 felinos não conseguiram sobreviver e 160 animais já foram cadastrados. “Ali na praça os animais morrem de doença, em primeiro lugar, e depois a maldade humana, pessoas matam com pedradas, pauladas, judiam mesmo com os gatos”, lamenta Nogueira.

Além do trabalho na praça, Nogueira faz suas próprias ações, por isso que ele é ativista independente. Na sua casa, ele tem dois gatos e dois cachorros e, no local de trabalho, dois gatos: Tigrão e Tigresa (que foram resgatados e, segundo ele, são seus melhores funcionários). Tigrão já está há 4 anos morando na empresa. “Eu recolho animal, levo para castrar, cuidar e depois devolvo, porque eu não tenho mais onde deixar. Em casa, já tenho quatro, e as ONGs já estão todas abarrotadas de animais que a gente resgata. Às vezes as pessoas não entendem. Nós somos muito questionados, as pessoas fazem comparação, mas eu encaro como uma missão. A resposta que eu dou é que cada um recebe uma missão na vida, e a minha é cuidar de animais”, afirma.

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