FEMINICÍDIO

1.830 mulheres agredidas por hora. 40% das agressões ocorrem em casa

Casos de feminicídio têm como suspeitos cônjuges, ex-companheiros, vizinhos e conhecidos. Relatório aponta que 40% das agressões aconteceram no próprio lar

Feminicídio é o termo usado para denominar assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero. (Foto: Reprodução)

É importante que as pessoas ouçam e atendam um pedido de socorro. Eu gritei muito, fiquei sem voz. Talvez se os vizinhos tivessem ouvido o pedido de socorro logo, eu teria sido menos agredida”. Depois de passar quatro horas sendo agredida por Vinícius Batista Serra, a paisagista Elaine Caparroz finalmente foi socorrida pelo vigilante do prédio em que mora depois que os vizinhos ficaram “incomodados” com os gritos que vinham do apartamento. A essa altura, Elaine já estava gravemente ferida e desacordada. O caso ocorrido no Rio de Janeiro gerou comoção no país.

De acordo com o  relatório “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, divulgado na manhã de ontem pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), 27,4% das mulheres do país sofreram algum tipo de violência ou agressão no último ano. Quase 80% dessas agressões foram praticadas por um conhecido, como cônjuge, ex-companheiro ou até vizinho. E cerca de 40% das agressões aconteceram no interior do próprio lar.

Em São Luís, na última sexta-feira, Leonardo Pereira Vieira da Silva, de 21 anos (foto), foi preso em flagrante, no São Cristóvão, depois de ter tentando arrombar a  porta de uma residência para forçar uma conversa com a vítima. Segundo a vítima, ela ainda foi agredida pelo suspeito. Vizinhos informaram que ele tinha uma faca na mão.

O acusado foi encaminhado para a Casa da Mulher Brasileira e autuado em flagrante pelo crime de violência doméstica.

Em alguns casos, as vítimas não tiveram a mesma sorte que Elaine, e a mulher que Leonardo queria agredir,  para continuarem vivas. Em 2018, o Maranhão registrou 43 feminicídios. Em 2017, foram 51. Neste ano, de janeiro até o fechamento desta edição, cinco mulheres tiveram suas vidas tiradas por seus ex-namorados, companheiros, maridos.

Para a assistente social Ana Paula Serra, além da rede de proteção à mulher, as pessoas em volta também devem ajudar a proteger a vítima. Uma dessas formas pode ser através da denúncia. “A mulher não deve calar para as agressões, para os abusos. Mas as pessoas em volta também devem dar o apoio que ela necessita, devem denunciar caso vejam ou ouçam algo, buscar ajuda. A denúncia é anônima e pode salvar muitas vidas”, ressalta a profissional.

1.830 mulheres agredidas por hora

O mesmo relatório aponta que 59% da população afirma ter visto uma mulher sendo agredida fisicamente ou verbalmente no último ano; 43% dos brasileiros viram homens abordando mulheres na rua de forma desrespeitosa, mexendo, passando cantadas, dizendo ofensas; 37% viram homens humilhando, xingando ou ameaçando namoradas ou ex-namoradas, mulheres ou ex-mulheres, companheiras ou ex-companheiras; 28% viram mulheres que residem na sua vizinhança sendo agredidas por maridos, companheiros, namorados ou ex-maridos, ex-companheiros, ex-namorados.

Em valores absolutos, os resultados são assustadores. Segundo uma estimativa da pesquisa, são mais de 4,6 milhões de mulheres que sofreram uma agressão física (batidão, empurrão ou chute) propriamente dita no Brasil no último ano. O que dá, em média, 536 mulheres por hora. Para violências de qualquer tipo, são 16 milhões de mulheres – 1.830 por hora.

1.870 denúncias de agressão na Ilha

No ano passado, segundo a Delegacia da Mulher em São Luís, foram registradas 1.870 denúncias de mulheres ameaçadas por companheiros ou alguém do convívio familiar; 1.120 casos de agressão física na Grande São Luís; 1.625 inquéritos foram instaurados, 433 prisões efetivadas e 3.789 pedidos de medidas protetivas realizados.

Onde denunciar

Polícia Militar – 190

Atendimento à Mulher – 180

Disque-Denúncia – 3223 – 7800

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