Rendeiras buscam novos lugares para comercialização dos produtos
A falta de divulgação por parte do poder público local está prejudicando o ofício que a cada dia vem despertando menos o interesse dos mais jovens pelo artesanato
Com dificuldades de vender seus produtos, as rendeiras da Raposa, a 28 km de São Luís, procuram novos espaços para que possam comercializar suas mercadorias fora do município, porque, segundo elas, a falta de divulgação por parte do poder público local está prejudicando o ofício que a cada dia vem despertando menos o interesse dos mais jovens pelo artesanato.
“Eu tenho um filha que sabe fazer renda, mas não quer mais fazer. Ela diz pra mim que me vê se acabando em fazer uma almofada e pra vender é uma luta. E aqui na raposa, a cada dia que passa elas estão extinta e as que tem estão paradas. Nosso estoque de renda na sede da Associação está chegando no teto, porque a gente não consegue vender”, lamenta Marilene Marques. Hoje a Associação das Rendeiras da Raposa possui 56 associados que produzem as rendas para a associação revender em outros espaços fora do município, como no Museu do Catete no Rio de Janeiro, no Centro de Produção de Artesanato do Maranhão (Ceprama), localizado na Madre Deus, em São Luís.
“Aqui na Raposa falta divulgação, não tem um outdoor ou panfleto divulgando o nosso trabalho. Já falei com a prefeita, mas até agora nada. Até porque é também um atrativo para a cidade. O turista vem aqui e passa o dia todo na Raposa. Vai fazer o passeio náutico, almoça no restaurante e tem também o corredor das rendeiras, mas isso precisa ser divulgado”, explica Marilene.
O mesmo pensa a rendeira Márcia Santos, que não é uma associada, mas ainda produz para o corredor das rendeiras no município da Raposa. “Muitas continuam na luta, mas boa parte não produz mais. Umas por falta de estímulo e outras porque preferem fazer outra coisa que lhes dê mais lucro mesmo. Na verdade, o artesanato aqui na Raposa teve uma recaída muito grande e ninguém mais quer produzir”, confirma.
Desinteresse
Para Márcia, o Sebrae tem feito a parte dele, capacitando as rendeiras em vários segmentos, mas sem o poder público, não adianta muita coisa. “O Sebrae está sempre aqui ajudando, o problema é que quando chega no poder público não tem um retorno. E então a nova geração acaba se desinteressando também em fazer e as que estão fazendo também”.
A Associação ajuda no sentido de levar essas rendas para outros locais, pois no município da Raposa elas deixam a comercialização para o corredor das rendeiras, para que não haja uma concorrência desleal, segundo a presidente da associação. “A associação tem o objetivo de divulgar a arte das rendeiras, seja ela sócia ou não. Então não tem comercialização, só produção. A comercialização está no corredor das rendeiras. A gente tem venda, mas ela não fica exposta, para não concorrer com as rendeiras do corredor. Pois não queremos colocar um espaço de venda só para associadas para não prejudicar as que não são associadas”.
Para Merilene, a associação passa poralgumas dificuldades para se manter, por conta disso, pois de alguns anos pra cá tem diminuído o número de associadas. “A associação tem dificuldade em ter uma renda própria aqui. A gente só tira 5% nas vendas das rendas dos associados e para ser um sócio a associada precisa pagar R$ 3,00 por mês, para manter a sede, mas estão todas inadimplentes”, lamenta.
No caso do desinteresse dos mais jovens, Marilene diz que eles querem um retorno mais ápido e acabam procurando outros ofícios para isso. “Para fazer uma camiseta de renda, por exemplo, ele passa 15 dias para fazer, depois ele não consegue vender de imediato, então, eles querem dinheiro rápido e acabam perdendo o interesse pela renda. Então, estamos abrindo cursos em outras artes para que eles possam voltar a se interessar pelo ofício de artesão”.