Arraial da Maria Aragão: a união entre o novo e o tradicional
Na noite desta sexta, 23, 5 grupos juninos se apresentaram no palco da Maria Aragão. O público ficou espantado com a beleza das apresentações

Foto: Petronilio Ferreira
Com apenas 4 anos, Artur Thiago ainda tem uma timidez na frente do público. Mas é no decorrer da apresentação da Dança Portuguesa Império de Lisboa que ele vai dando os primeiros passos. Sempre observador, olha atento aos passos complexos dos brincantes mais velhos, e as vezes reproduz lindamente. Essa união entre o novo e o tradicional chamou a atenção da plateia na noite de ontem, 22, no Arraial da Maria Aragão.
“Ele brinca desde quando estava na minha barriga”, lembra a mãe do Artur, Ana Maria. Conversando com ela, é possível ver o orgulho do filho que segue os seus passos. “Ele gosta muito. Fica empolgado. Quando chega a hora, ele pede logo a roupa”, conta. Para ela, a participação do filho na brincadeira é muito importante para a manutenção da dança de origem na capital maranhense. “É muito pouco valorizado. Os governantes não ajudam em nada”, critica a ex-brincante.
“Parece com o carnaval do Rio”

Ana Maria explica que a preparação começa pouco mais de um ano antes. “Depois do São João, em setembro nós começamos a realizar as reuniões. Mas é em janeiro que começamos a confeccionar as roupas. Tudo é feito a mão”, explica. A perfeição e riqueza das fantasias fez o casal do Rio de Janeiro comparar o São João do Maranhão ao Carnaval do Rio. “Aqui deve ser a mesma coisa do Rio, unindo a toda a comunidade”, comenta o carioca Amory Boller
Para a são-luisense Joyna Santos, esse envolvimento da comunidade com o São João é a melhor forma de diminuir a criminalidade dos bairros. “O envolvimentos dos jovens precisa ser mais difundido. Afinal, esse meio de identificação é uma saída do crime nas comunidades mais pobres”, analisa a estudante.
Uma programação vasta

O Arraial da Maria Aragão teve uma sexta de programação vasta. Se apresentaram no palco o Tambor de Crioula Maracrioula; Dança Portuguesa Império de Lisboa; Quadrilha Asa Branca; Show do Lamparina; Boi de Apolônio da Floresta; Cacuriá de Teté e o Bumba-meu-boi de Axixá.
Para o casal do Rio, o mais bonito dessa festa é que tudo é de graça e aberto ao público. “Já fomos em várias cidades no país e poucas tem uma programação vasta e gratuita como São Luís”, ressaltou Ana Maria .
Segundo o são-luisense Josemar Sousa, a programação desse ano está muito melhor. “Esse ano está prometendo. A programação está bem vasta”, analisa o maranhense. Com um chapéu de palha, ele não perdeu um minuto do show do grupo lamparina e encantou dançando performaticamente todos as grandes músicas do São João Maranhense.
A estudante Joyna Santos destaca que o melhor da festa é a segurança. “Esse ano está bem mais tranquilo. Tem muito policial. Isso me dá sensação de segurança”, analisa.
Boi de lágrimas cantado pelo público

“Chiador,
Levantou maioba
Chão tremeu, quem fez?
Foi Maracanã…
Ê boi, chegou
Batalhão da mata,
Enfrenta o contrário no cordão
Ê boi…”
Um dos momentos mais emocionantes da noite foi o público de centenas de pessoas cantando uma das músicas mais tradicionais do São João Maranhense. As vozes do grupo Lamparina, puxaram o coro e aos poucos, o público soltou o hino tradicional do sotaque de orquestra. Durante o show, as cantoras lembraram a importância de está no palco principal da Maria Aragão. “Cantar aqui é sempre emocionante para qualquer artista. É uma honra”, disse.
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- Foto: Petronilio Ferreira
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