População de São Luís sente os impactos da greve
No 8º dia de paralisação dos caminhoneiros as ruas estão vazias e quase não há engarrafamentos, universidades cancelaram as aulas, e a frota de ônibus está reduzida a 10% do contingente normal.
Fazia uma hora que Luciane Ferreira estava sentada na parada em frente à um shopping, no Renascença. Cansada, a voz já não tinha o mesmo vigor de uma jovem de 18 anos. “Eu vim só gastar meu dinheiro”, contava a estudante que saiu as 7h da manhã de casa para ir ao dentista. “Quando cheguei aqui, descobri que o dentista tinha cancelado”, lamenta.
Quem também sofreu com os impactos da greve foi Lucivania Rodrigues. “Quando eu cheguei no terminal, estranhei. Os ônibus não estavam lotados”, relata. A aposentada decidiu sair de casa, nesta manhã, para comprar o leite sem lactose que havia acabado na despensa de casa. “Fui no supermercado, mas acabou. Agora estou indo em outro”, comenta Lucivania. Ela até tentou tomar o leite normal, mas sofreu com os efeitos do problema que apareceram depois dos 50 anos.
Apoio a greve
Indo em direção ao estágio, o estudante Ricardo Cruz afirma que os impactos da greve já estão sendo sentidos no gênero alimentício. “Fui ao Burger King e estava sem batata”, conta sorrindo. Para Ricardo, o movimento é válido, mas as reivindicações deveriam ser expandidas para os diversos anseios da população. “Acho que eles deveriam maximizar isso. Protestando em prol da sociedade como um todo, e não só da classe deles”, posiciona. Para ele, após a conquista das exigências dos caminhoneiros, a sociedade não perceberá a melhora.
Perdas incalculáveis
Dona Lucivania Rodrigues diz está preocupada com as consequências que a greve pode trazer. “Estou com pena dos animais”, comenta. O temor dela é partilhado com empresários do ramo alimentício. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), um total de 64 milhões de aves adultas e pintinhos morreram por falta de alimentação. Em nota a ABPA afirma que há um risco alto de canibalização. Com isso, no 8º dia de paralizações em rodovias os impactos econômicos chegam a ser alarmantes. Com frigoríficos parados, o impacto na balança comercial brasileira já chega a US$ 350 milhões.