Polícia trabalha com possível rota ilegal de imigração entre o Brasil e a África
A informação foi dita pelo delegado Robério Chaves em entrevista coletiva nesta manhã na sede da Polícia Federal. Os imigrantes estão alojados no Ginásio Costa Rodrigues

Foto: Petronilio Ferreira
“O caso é inédito na aplicação do artigo 232a da Lei de Imigração no Brasil”, relata o delegado federal Luís André Ferreira. Segundo ele, os dois brasileiros presos durante o resgate dos 25 imigrantes à deriva no litoral do Maranhão responderão a promoção de imigração ilegal. Os imigrantes estão alojados no Ginásio Costa Rodrigues recebendo os cuidados do Governo do estado.
A situação dos imigrantes é incerta. “Hoje já inicia os procedimentos na área de controle imigratório. Uma equipe foi deslocada para fazer catalogação e análise, para começar a fazer os procedimentos necessários”, disse o delegado federal, Robério Chaves. Ele lembrou que desde novembro do ano passado está em vigor a nova lei de imigração. “A nova lei prevê diversas possibilidades: desde a deportação, a entrada condicionada, ou até mesmo o refúgio”, esclareceu.
A princípio, o delegado Robério Chaves afirmou que a Polícia Federal trabalhava com a hipótese dos imigrantes terem sido aliciados para trabalho escravo no Brasil, mas na manhã de hoje ele não confirmou. “Ainda não podemos afirmar nada sobre o assunto. Mas muitos disseram que vieram em busca de uma vida melhor”, relatou.
Uma história de cinema

Segundo as investigações, os 25 imigrantes saíram de um porto ainda não identificado em Cabo Verde. De 4 nacionalidades diferentes (Senegal, Nigéria, Serra Leoa e Guiné), cada um pagou cerca de 1000 euros (4 mil reais) para os 2 coiotes brasileiros.
Durante a travessia, o barco enfrentou forte rajadas de vento que danificaram o mastro e o motor. “Sem o propulsor principal, eles ficaram à deriva”, afirma Robério. Com a correnteza, o barco foi empurrado para a costa norte do país. Quando foram encontrados, no sábado por pescadores cearenses, o grupo estava há cinco dias sem comida e água. Uma operação de resgate foi montada pelos pescadores. Por uma corda, eles passaram comida e água aos imigrantes.
Ao chegar ao cais, os 25 imigrantes estavam com casos de desidratação. “Eles receberam os primeiros atendimentos no cais em Ribamar, e apenas 2 ficaram na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) tomando soro”, afirma o delegado federal Robério Chaves
Um novo destino
O caso levantou os olhares da mídia internacional para o Brasil. É a primeira vez que um barco com grande quantidade de imigrantes é resgatado na costa brasileira. “Antes tinha casos de pessoas que entravam ilegalmente por navios. Mas esse caso é inédito pela quantidade de pessoas”, afirma o delegado federal Luís André.
“Estamos trabalhando com a possibilidade de uma nova rota de imigração ilegal. Um deles afirmou que já esteve antes em Cabo Verde”, afirmou delegado que investiga o caso, Robério Chaves.
Em 2017, foram ao todo 33.866 pedidos de concessão de refúgio no país. Segundo o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça, o número é considerado alto. O triplo de 2016, mas abaixo da média internacional. Isso pode ser explicado pelo forte investimento do governo federal petista em países da África e Ásia, mas também, a fuga de adversidades políticas, econômicas e culturais nos países de origem.
Somente da Venezuela, 17865 pessoas aguardam reconhecimento da condição de refugiados. Da África, pessoas de Senegal, Guiné, Guiné Bissau, Nigéria, República Democrática do Congo e Angola representaram pouco mais de 5000 pedidos no ano passado.