9º DIA DE GREVE

“Estamos aqui pelo povo brasileiro”, afirma caminhoneiro

Após 9 dias de greve, caminhoneiros dizem que não tem intenção de acabar com mobilização. Para eles, o governo é corrupto e medidas provisórias não atendem reivindicações

“Aqui não vamos abrir mão, não!”, gesticulava o caminhoneiro paulista Nilson Agner quando a equipe de reportagem de O Imparcial chegou ao Posto Maracanã localizado no Km 6 da BR-135.

Revoltado ele e outros caminhoneiros estavam reunidos discutindo a cobertura intensa que a mídia tem dado ao assunto. Para ele, os jornais não estão mostrando a real situação do movimento que completa 9 dias nesta terça, 29.

“Quem tá passando ai são os covardes”, critica o caminhoneiro Nilson Agner apontando para os caminhões que começavam a aparecer na rodovia. Mesmo com o movimento enfraquecendo aos poucos, eles afirmam que resistirão até as solicitações serem atendidas. “Estamos aqui pelo povo brasileiro. Não é só pela gasolina”, ressalta o caminhoneiro paraibano que não quis ser identificado.

“Queremos baixar o preço do combustível em geral, reduzir o frete. Lutamos por um país melhor. Mas a população ainda não entendeu isso”, critica o caminhoneiro.

Para eles o governo mente ao dizer que está negociando com representantes dos caminhoneiros. “Ele [o Governo] não está preocupado com a comissão dos caminhoneiros”, alerta o caminhoneiro de Santa Catarina, Darlan Douglas. Segundo ele, o presidente, Michel Temer, chegou a expulsar representantes enviados pelas categorias. “Quando o pessoal vai falar com ele tiram ele de dentro”, denuncia.

“Agora queremos a cabeça do presidente”

A afirmação é do caminhoneiro paulista Nilson Agner. Como grande parte da população, ele está descrente com os ramos que a política nacional tem tomado recentemente. “O presidente só não deixa o cargo porque tem medo de ser preso”, comenta. Com 40 anos aparente, ele diz que a melhor solução seria uma intervenção militar. “Os militares têm que tomar isso aí. Pelo menos, veríamos as coisas como elas são”, afirma.

Andando um pouco pelo movimento, não é difícil ver as placas pedindo Intervenção Militar. Após 33 anos do fim da Ditadura, as letras garrafais escritas em tinta branca, ressurge o fantasma de um passado tenebroso da política brasileira. Mesmo sem terem vivido a era, os caminhoneiros afirmam que essa seria a melhor saída para o momento que o país está vivendo agora. “Eu não vivi essa época, mas os mais velhos dizem que era muito melhor. O país era certo, não tinha tanta violência e corrupção como tem hoje”, afirma o caminhoneiro goiano que não quis ser identificado.

Quando questionados se era melhor perder o direito ao voto para dar lugar a uma ditadura, eles são unanimes ao responder que sim. “Se estiver na mão dos militares a gente resolve as coisas bem mais fácil. Não vai ser a mesma coisa como está com esse ladrão”, declarou Nilson. “O militar é do lado do povo. Eles estão para ajudar o povo. Tirando o militar, o resto só quer prejudicar”, replica.

O Planalto

Foto: Reprodução

Após um dia inteiro de negociações o presidente, Michel Temer, anunciou neste último domingo, 27, cinco medidas provisórias que atendem as principais reivindicações dos manifestantes, como: zerar alíquotas da Cide e PIS/Cofins; aumentar o tempo de congelamento dos preços do diesel e gasolina para 60 dias; eliminou a cobrança de pedágios para eixos suspensos; além de estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário.

“Os efeitos dessa paralisação na vida de cada cidadão me dispensam de citar a importância da missão nobre de cada trabalhador no setor de cargas. Durante toda esta semana, o governo sempre esteve aberto ao diálogo e assinamos acordo logo no início. Confirmo a validade de tudo que foi acertado”, afirmou o presidente.

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