Maranhão

Pesquisadores estudam importância científica e econômica do Jurará

Animal é consumido como iguaria da culinária maranhense e servido na própria carapaça, tornando-se fonte de renda para muitas famílias da zona rural

Reprodução

O jurará, muçuã ou tartaruga de lodo, cujo nome científico é Kinosternon scorpioides, é um animal silvestre semi-aquático comumente encontrado às margens de rios e campos alagados do Maranhão e Pará. De pequeno porte, ele chega a atingir, geralmente, 15 cm de comprimento de carapaça.

É consumido como iguaria da culinária maranhense como prato exótico, servido na própria carapaça, tornando-se fonte de renda para muitas famílias da zona rural da baixada maranhense e também de São Luís. Por sua grande concentração no Maranhão e importância econômica acabou despertando pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) para aprofundar os estudos a respeito da espécie.

Em 2008, a UEMA obteve autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Maranhão (IBAMA) para funcionamento do Criadouro Científico para Kinosternon scorpioides.

O espaço, localizado no prédio do Curso de Medicina Veterinária do Campus Paulo VI, é composto por cinco baias de paredes teladas em ferro galvanizado e destina-se ao desenvolvimento de diversas pesquisas relacionadas à biologia da espécie K. scorpioides em cativeiro.

Atualmente, o criadouro comporta, aproximadamente, 112 animais, distribuídos entre juvenis e adultos, que são manejados diariamente na renovação da água dos tanques, alimentados e acompanhados quanto a sua sanidade.

No ano de 2014, por meio do Edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão  (FAPEMA), o Criadouro Científico foi reformado e adaptado, ganhando um Laboratório Experimental para pesquisas de alunos de graduação e pós-graduação.

De acordo com a coordenadora do Criadouro Científico, Alana Lislea de Sousa, muitos são os avanços nos estudos sobre os jurarás. “Conseguimos descrever a morfologia, não havia nada dessas descrições antes, nem em revistas. Posteriormente, conseguimos argumentar sobre como eles se alimentam. Também entendemos que a espécie pode, perfeitamente, ser trabalhada em cativeiro, no sentido de repovoação em ambientes naturais. Hoje, já sabemos como funciona a cópula, o melhor período que as fêmeas estão disponíveis para acasalamento, o período de maturação dos ovos, e isso tudo são dados que pudemos obter nas pesquisas realizadas no Criadouro”, ressalta.

As atividades feitas no Criadouro e no Laboratório Experimental contam com a ajuda dos alunos da graduação, que participam como bolsistas de projetos ou voluntários. Os projetos desenvolvidos não se restringem a área de pesquisa, há ainda projetos de extensão voltados para educação ambiental e preservação dos jurarás em municípios como Anajatuba, São Bento e Pinheiro na baixada maranhense.

Os desafios atuais nos estudos dos jurarás, segundo Alana Lislea, são os que se referem ao melhoramento genético da espécie. “Os desafios, agora, são de melhoria genética para que esses animais tenham crescimento mais rápido e também tenham um peso padrão para comercialização. Estão sendo feitas pesquisas no que tange ao padrão da carne desse animal, características organolépticas e manejo do criadouro, futuramente, tenhamos um documento de orientação técnica. Desde instalação, o manejo nutricional e como ele deve ser abatido, respeitando a legislação”, completa.

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