prata da casa

O Rei da Cachaça do ‘Reviver’

Dos seus 69 anos de idade, Corintiano trabalha há quase três décadas como comerciante no Centro Histórico de São Luís

Paulo Malheiros

Raimundo Costa, ainda na infância, gostava de analisar os emblemas dos times brasileiros de futebol. Decidiu então que torceria pela equipe que possuísse o símbolo mais cativante, segundo sua análise. Mas ficou na dúvida durante a escolha. “Eu achava lindo o escudo do Vasco da Gama também”, confessou. No páreo, venceu o escudo do Sport Club Corinthians Paulista, time fundado em 1910, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. A partir de então, Raimundo Costa ganhou o apelido de “Corintiano”, o caloroso torcedor que faz questão de deixar à mostra sua paixão pelo time alvinegro. Tanto fascínio lhe rendeu a alcunha e, mais tarde, o seu principal marketing comercial. “Hoje, se você perguntar no aeroporto de São Luís, quem é o Corintiano do Centro Histórico, todo mundo sabe quem é”, orgulhou-se.

Dos seus 69 anos de idade, Corintiano trabalha há quase três décadas como comerciante no Mercado das Tulhas, Centro Histórico de São Luís. “Eu trabalhava com mercearia, vendia cereais. Mas há 10 anos decidi mudar de ramo.” A mudança nas vendas ocorreu após uma visita corriqueira ao médico. Como de praxe para pacientes daquela idade, o clínico fez várias perguntas. Entre elas, sobre a utilização de medicamentos para disfunção eréctil. “Ele disse que as pessoas tomam remédios fortes, que prejudicam. Então eu pensei: vou criar uma bebida afrodisíaca, com produtos naturais.“ Raimundo começou então uma pesquisa sobre raízes, plantas e frutas. Contudo, durante os experimentos, verificou que os líquidos eram excessivamente perecíveis. “Não durava uma semana. Aí eu tive que incluir a cachaça.”

Nas paredes da barraca na feira histórica, uma imagem imensa com o escudo e pôsteres dos títulos do time do coração, fotografias com amigos e recorte de jornais se misturam a garrafas penduradas e barris com torneirinhas.  “As pessoas chegam aqui e perguntam quantos funcionários eu tenho. Eu digo que são 11”, diz o Rei da Cachaça, aprontando para 11 gigantescas garrafas transparentes com líquidos de várias colorações. Publicitário autodidata, Corintiano nomeia suas bebidas de maneira peculiar: “Fogosinha”, “Fogosada”, “Gogozada”. Uma mereceu apresentação especial. “Essa aqui é para os corações mais seguros. Chama-se Fura-ferro.” A fama afrodisíaca das bebidas é atestada por vários frequentadores. “Eu não tenho como comprovar. Mas os depoimentos confirmam. Baseado nisso, depois da bebida, eu distribuo camisinha. Não sobre uma”, diz enquanto segura uma caixa repleta de preservativos.

A despeito de ser um ambiente que vende bebida alcoólica, o Rei da Cachaça assegura que o local é tranquilo. “Se o cara chega e quer se embriagar, eu não deixo. Mas se for preciso eu levo até o táxi, até o carro.” Com isso, Corintiano conseguiu conquistar a fidelidade de seus clientes que, vez por outra, pedem conselhos para curar o mal-estar depois da bebedeira. “A pessoa pode evitar a ressaca durante a ingestão da bebida. É só se hidratar.” Pelas prescrições de Corintiano, se alimentar durante a noitada é contraindicado. “No máximo, a pessoa pode tomar um caldo de ovos.”

Depois do triunfo de 11 tipos exóticos de bebidas, O Rei da Cachaça quer inovar em uma nova irmã para a família de garrafas. “Eu tenho vontade de criar uma ‘antibafômetro’. Se eu fosse químico eu ia lutar para criar, mas eu sou apenas um estudioso.”

O sucesso no empreendimento não tem segredo. “Eu só prezo por duas coisas. Primeiro, a qualidade do produto. Segundo, é tratar bem os clientes“, explica. Os produtos do Corintiano são conhecidos internacionalmente e seu bar se tornou ponto turístico na cidade. “A vitória é do amor. Depois de algumas doses, você sente um calorzinho. Aí é a hora de procurar a pessoa amada e começar o amasso”, finalizou gargalhando.

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