CHOQUE CULTURAL

O que pensam sobre São Luís três intercambistas alemães

Eles adoram a música, estranham o calor e reclamam da violência. Conheça as impressões de três intercambistas que escolheram São Luís para aprender português.

Reprodução

É fácil imaginar ou encontrar brasileiros que sonhem em morar fora do Brasil, mesmo que temporariamente. Por outro lado, é um pouco mais difícil imaginar que algum estrangeiro sinta-se interessado em sair da Europa ou da América do Norte para morar em nosso país, mesmo que temporariamente. Em São Luís, O Imparcial conversou com três jovens alemães que estão fazendo intercâmbio na capital maranhense e perguntou sobre como tem sido a rotina deles na ilha magnética.

Johannes Bosse, Gabriel Westermann e Marie Stahmer têm 19 anos, são alemães e estão em São Luís há cerca de seis meses para estreitar o contato com o idioma e aprimorar a habilidade com o português. “Eu aprendi inglês, francês e espanhol na minha escola. Eu quis conhecer outra cultura. Além disso, eu sou adotada. Minha mãe é de Cabo Verde e lá eles falaram português. Quis aprender o idioma para um dia eu voltar lá e interagir melhor com ela. Por isso, escolhi o Brasil”, explica Marie, que estuda Design em uma universidade particular de São Luís.

Para os alemães, dominar dois, três ou quatro idiomas é bem comum. O Brasil é uma rota muito procurada quando o interesse dos intercambistas é aprender português e ter contato com uma cultura completamente diferente. “Gosto muito das pessoas, da música, do ritmo, das festas daqui. Não vou em muitas, mas gosto porque sempre tocam vários ritmos. Essa é uma diferença grande. Gosto muito de reggae”, conta o estudante de engenharia, Johannes. Funk é o estilo preferido de Marie e Gabriel.

Gabriel, inclusive, que ressalta o calor como uma grande diferença entre São Luís e a Alemanha. “Muito calor. Muito, muito, muito quente. Além disso, São Luís é muito colorido. Tem muitos grupos diferentes de pessoas, é muito grande. Muita coisa diferente, muita coisa para aprender”, conta ele, que estuda Publicidade e Propaganda em uma universidade particular da cidade.

Johannes Bosse aproveitou a experiência para criar um canal no YouTube:

Pontos negativos

Apesar da diferença cultural ser um ponto positivo, os intercambistas ressaltam que nem tudo é tão colorido assim. “Uma coisa que precisa melhorar é a violência. Na Alemanhã, você não tem problema com andar na rua, não precisa ter medo na rua. Lá também tem mais estrutura, ônibus, trem”, explica Marie. “Lá, você pode usar o celular na rua, a noite, às 3h da manhã e a gente sabe que nada vai acontecer”, completa Gabriel.

A diferença de hábitos entre as cidades também faz Johannes sentir um pouco de saudade da terra natal. “Não gosto muito de ter que depender muito de um carro ou de um taxi para andar pela cidade. Lá, eu não tenho meu próprio carro, mas eu também não preciso. Vou para todos os lugares de bicicleta. Posso sair qualquer hora, posso ficar na rua. Tudo isso que aqui eu não posso”, revela.

“Uma coisa que eu também sinto saudade é de passar um dia inteiro sem passar repelente. Fico muito preocupado com essas doenças e não consigo ficar sem”, completa Johannes, referindo-se ao mosquito da zika e tirando gargalhadas de todos.

Relação com ludovicenses

Quanto o assunto é a relação com os ludovicenses, os intercambistas confirmam o que se houve muito falar mundo afora. “Aqui é muito fácil de se fazer amigos e sair com eles. Na Alemanha não é”, resume Marie, contando que no Brasil as pessoas falam mais alto do que na Europa.

No entanto, um quesito é unânime entre os intercambistas quando o assunto é o relacionamento entre brasileiros: a superficialidade das amizades. “Lá, se você tem um amigo, ele é um amigo bem próximo, bem fiel. É mais difícil se fazer amigos, mas quando você tem um, ele fica do seu lado, é o seu melhor amigo. Aqui, você anda um dia com um, depois com outro grupo”, pontua Gabriel.

A longo prazo, segundo Johannes, isso também é um motivo para sentir saudade dos velhos amigos. “Aqui é mais fácil fazer amizade, mas eu, às vezes, sinto falta de amigos de verdade. Tipo, amigos que você pode contar muitas coisas. Aqui, às vezes, você conta pra alguém e ela vai e conta para todo mundo. Isso não é muito legal”, disse o intercambista.

Alunos recebem certificado do curso de português na Via Mundo (Foto: Divulgação)

Experiência em São Luís

Apesar de reconhecerem as falhas da cidade, os intercambistas fazem questão de valorizar a importância que esse choque cultural tem na vida de qualquer pessoa. “Minha mãe é brasileira e, antes, eu subestimava um pouco tudo o que ela fez por mim. Aprendi que a mãe sempre vai te amar. Além disso, quando você mora com outra gente, você aprende muitas coisas. Aprendi muitas coisas sobre mim”, disse Gabriel.

Marie, por sua vez, destacou que conhecer a diversidade cultural de São Luís ajuda qualquer estudante a enfrentar os desafios do mundo de uma maneira melhor. “São Luís é uma cidade que tem muitas coisas diferentes, outra cultura, outras pessoas. Por causa disso, acho que fica mais fácil para a gente aprender outras culturas e outros países”, explicou.

Depois de passar meses em São Luís, Johannes explicou, com sinceridade, como São Luís o ensinou valorizar mais de onde veio. Questionado sobre como resumiria a cidade, o alemão surpreendeu. “São Luís é um lugar para voltar”, disse Johannes, sendo apoiado pelos amigos gringos, que estão adorando essa mistura de cores, ritmos e movimentos fazem São Luís ser tão admirada mundo afora.

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