FINADOS

Religiões e o seu diálogo com os mortos

Várias religiões acreditam que a morte é só uma passagem para outro mundo e com isso buscam cada vez mais estar próximas dessas almas.

Todo ano, em 2 de novembro, é celebrado o Dia de Finados ou Dia dos Fiéis Defuntos por grande parte dos países ocidentais. A tradição ocorre desde a Idade Média, após essa data ter sido sugerida pelo monge beneditino Abade Odilon de Cluny. A celebração do feriado é marcada por grande parte das religiões, o que, para algumas, é uma data festiva, já para outras um momento de silêncio e reflexão, tendo por principal objetivo na maiorias delas relembrar a memória dos entes queridos.
Cada religião traz consigo uma tradição ritualística para celebrar esse feriado, sem falar na variação regional que influencia a modificação dessa data. No Brasil, o Dia de Finados é uma data triste, para grande partes das igrejas, afinal, as pessoas lembram de seus entes e sentem saudades. Já no México, é tudo diferente! Os mexicanos realizam festas com muitos banquetes, pois acreditam que nesse dia as almas de seus entes voltariam para fazer uma visita a seus familiares e amigos.
De maneira geral, cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição. Já os espíritas creem na reencarnação onde o espírito retorna à vida material através de um novo corpo humano para continuar o processo de evolução. Algumas doutrinas acreditam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro sentido: é a continuação de um processo de purificação. Nas diversas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro.
Entenda como cada religião tenta se aproximar do contato com os mortos
Umbanda
O Dia de Finados para o umbandista é um dia de louvor aos mortos, onde relembram os entes queridos através de orações e cânticos. Além de ser um dia onde realizam preceitos, galgando o intuito de fechar determinados pontos do corpo humano que poderão por alguma razão ou por alguma emoção abrirem, esses pontos são chamados de chakras. Este dia remete a um estado reflexivo, onde através da oração eles poderão se conectar com seus falecidos queridos.

“No Dia de finados, nós, umbandistas, louvamos a força e o poder do Orixá Omulu e Obaluaê, sincretizados como São Roque e São Lazáro”, Vera Iolorixá de Xangô, mãe de santo

Em São Luís, no bairro do Angelim, a casa Palácio de Xangô, encantaria de dom João Rei de Mina, fundada há mais de 50 anos, toma essa tradição adquirida de geração por geração. A religião traz uma cadeia de orixás que traduzem o sentido de comandante das almas. “No Dia de Finados, nós, umbandistas, louvamos a força e o poder do Orixá Omulu e Obaluaê, sincretizados como São Roque e São Lazáro. As benditas almas trabalham fazendo caridade com as energias de luz e positivas que emanam do cruzeiro santo. Iansã do Balé, sincretizadas como Santa Barbara, é a orixá senhora dos Eguns, ou seja, senhora que comanda o disciplinamento de almas que estão em uma dimensão inferior e que precisam ser direcionadas para o mundo da luz”, relatou a mãe da casa, Vera Iolorixá de Xangô.
Espiritismo
O Espiritismo defende a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação em outro corpo. Para os espíritas, aqueles que praticam o bem evoluem mais rapidamente, e os que praticam o mal recebem novas oportunidades de melhoria através das inúmeras encarnações Crendo na eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como criador de pessoas boas ou más. “Nós, espíritas, no normal não visitamos os cemitérios, pois esse é mais um dia como outro, porque todos os dias homenageamos esses vivos desencarnados. Ao contrário do que se pensa é favorável, desde que sinceras e não apenas convencionais. A palavra médium significa meio, ou seja, aquele que se comunicam com o outro plano da vida”, explicou o espirita, Moabe José, fundador do Centro de Vivência Espírita, no bairro da Cohab.

“Nós, espíritas, no normal não visitamos os cemitérios, pois esse é mais um dia como outro, porque todos os dias homenageamos esses vivos desencarnados”, Moabe José, fundador do Centro de Vivência Espírita

No espiritismo, os médiuns realizam a prática chamada psicografia, que nada mais é do que a técnica utilizada por eles para que estes escrevam um texto sob a influência de um espírito desencarnado, utilizando para isso sua própria mão, o que deu origem à psicografia direta ou psicografia manual.
História de Experiência
Eliza Lago, moradora de São Luís, teve a filha Rita Clara vítima de um atropelamento no dia 4 de julho de 1991. A dor e a angústia de uma mãe desesperada por saber o porquê do ocorrido levou ela até Uberaba, em Minas Gerais, para buscar uma resposta ao seu questionamento, recebendo uma psicografia de Celso de Almeida Afonso considerado como um dos sucessores de Chico Xavier. Em entrevista para o jornal imparcial a mãe fala:
“Minha filha Rita Clara (Clarinha) foi vítima de atropelamento, vindo a deixar o plano terreno, em 4 de julho de 1991, após quatro dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Uma dor imensurável; uma saudade que me acompanha diariamente. Pensei que não iria suportar tamanha dor; contudo tive a graça de conhecer a Doutrina Espírita que me confortou, mesmo sendo católica. Em outubro do mesmo ano, me desloquei de São Luís para São Paulo, e lá vi a oportunidade de ir até Uberada-MG, dada a proximidade, mesmo sem nada conhecer, em busca de uma resposta para aquele tremendo golpe.
“Na noite de 4 de outubro de 1991, levada ao Centro Espírita ‘Aurélio Agostinho’, fui contemplada com um carta psicografada pelo médium Celso de Almeida Afonso. Em momento algum, ao me dirigir ao salão de preces hesitei; eu estava decidida a encontrar algo que pudesse alentar meu coração Ali fui tomada por uma sensação de paz. Após os ritos daquela reunião pública, e leitura das mensagens, fiquei em estado de êxtase ao perceber que minha filha esteve presente. A cada frase lida, identificando a autoria, emoção indescritível tomava conta de mim.
“Não forneci detalhes do ocorrido, exceto o meu nome e o nome da Clarinha, datas em que nasceu e desencarnou. A riqueza de detalhe nos registros da carta me deixou perplexa. Terminada a reunião, de imediato, retornei para a pensão, já tarde da noite, ansiosa para ler a mensagem calmamente e, por telefone, repassar ao meu marido que havia ficado aqui em São Luís com nosso filho maior. Posso confessar que naquela noite dormi com tranquilidade”, contou Eliza Lago à equipe de O Imparcial.
Visitações no cemitério
Cemitur

O Cemitur é um passeio musicado (flauta, violino e violão) com atores e intérpretes, que representam algumas personalidades sepultadas no Cemitério do Gavião como Aluísio Azevedo, Joãozinho Trinta, Maria Aragão, Coxinho e Bandeira Tribuzzi. O projeto foi criado pelo inspetor da Polícia Rodoviária Federal e turismólogo Antônio Noberto e sua Esposa Aline vasconcelos. O tour pelo cemitério faz parte de um segmento do turismo conhecido como “necroturismo”, que, para muitos maranhenses, ainda é uma novidade: “Esse trabalho que possui vários lados importantes um deles é que a necrópole fica mais preservada. O projeto visa trazer a valorização do espaço e a valorização da memória. O turismólogo atualmente já visitou mais de 250 cemitérios tanto no país como no exterior e ainda não chegou nem na metade desejada: “O importante de realizar turismo e projetos nesses espaços são quebrar os tabus das pessoas que vê o mal naquele lugar, quando realmente o mal está fora dele. E sem falar naquela básica frase: Lembrar é reviver. Então, reviver”, declamou Antônio Noberto.

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