Fraudes

Polícia investiga suposta fraude em eleição do Sintram

O Sindicato é acusado de fraudes eleitorais, desvio de verbas e falsificações de assinaturas

A delegacia de defraudações investiga uma possível fraude na eleição do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral do Estado do Maranhão (Sintram), os chamados estivas.
Segundo denúncias, o atual presidente, Benedito Onofre Divino Silva, garantiu a reeleição falsificando pelo menos 42 assinaturas de trabalhadores que não fazem mais parte do Sintram. A eleição, realizada no primeiro semestre deste ano, garantiu a ele um mandato de 12 anos, quando, por lei, sindicatos são obrigados a fazer eleições a cada dois anos. Ouvido pela reportagem, o diretor do Sitram Enilton Carlos Protázio nega qualquer irregularidade e diz que o processo eleitoral foi realizado todo dentro da legalidade.
Benedito Divino
Segundo o titular da Delegacia de Defraudações, Raimundo Batalha, as investigações foram iniciadas e o presidente foi notificado para depor sobre as possíveis fraudes eleitorais. “A diretoria eleita é alvo de investigações pela delegacia da defraudações em face com a fraude no processo eleitoral. Estamos fazendo exame grafotécnico nas assinaturas apontadas como suspeitas de terem sido falsificadas”, relatou o delegado.
A reportagem ouviu avulsos (trabalhadores que não têm vinculo empregatícios) que foram sindicalizados, mas hoje denunciam o sindicato pelas fraudes. Mauro Moura, que prestava serviço à diretoria do Sintram, foi um dos primeiros a denunciar Benedito.
BO
Ele relata que antes do novo sindicato, ele trabalhava de carteira assinada, mas com a entrada de Benedito várias mudanças aconteceram. O denunciante afirma que foi vítima do golpe eleitoral, pois falsificaram sua assinatura e ele nem sequer tinha vínculo com o sindicato: “Eu não estava presente na assembleia e, como eu, outros amigos foram vítimas dessa eleição”, descreveu no documento.
Além de Mauro, outros funcionários acusam Benedito de falsificar assinaturas para se reeleger. O estivador José Sá é um deles. “Eu descobri que meu nome estava nessa folha de eleição depois que uma pessoa de dentro do Sindicato me perguntou porquê eu tinha votado nele, se eu nem fazia mais parte. Daí que fui conferir e descobri que fui vítima de mais um golpe do Sintram. Que eu saiba, tem o direito ao voto apenas quem ainda está trabalhando para o Sindicato”, confessou o ex-funcionário do Sintram.
Segundo ele, não se pode “nem chamar de eleição porque é apenas uma lista criada por eles mesmos, para continuarem dando o golpe nos trabalhadores”. Diante do ocorrido, a polícia dá sequência à investigações e pediu exame grafotécnico nas assinaturas dos votos para descobrir se, de fato, os trabalhadores votaram ou tiveram suas assinaturas falsificadas.
 
MAIS PROCESSOS
O Sintram responde a outros processos de falsificação de identidade. Em um deles a vítima é José Lourenço Castro, trabalhador contratado pelo sindicato no passado. Segundo ele, os registros mostravam que Castro teria de receber R$ 21.228.83 por quinzenas de trabalho.
O documento comprovava o serviço e estava inclusive assinado pelo trabalhador. “Mas eu nunca recebi esse dinheiro, muito menos assinei tal papel. Por isso vou recorrer aos meus direitos e estou aguardando para fazer o exame grafotécnico e receber apenas o que me deve, só isso que eu quero” declarou José Castro. A polícia ainda apura o número de casos que envolvem o sindicato em nome do atual presidente Benedito.
 
OUTRO LADO
O Imparcial conversou com o Sintream sobre as acusações. O atual presidente, Benedito Onofre Divino Silva, está afastado devido a problemas de saúde.O diretor Enilton Carlos Protázio nega irregularidades e desconhece irregularidades. Tudo ocorreu de forma íntegra, sem nenhum erro”.
Sobre o mandato de 12 anos, o diretor diz que “tudo foi autorizado pela justiça”, e que inclusive a mudança foi autenticada em cartório. Ele, porém, não apresentou à reportagem uma cópia da autorização judicial.
Pagamento
O sindicato afirma que o pagamento de R$ 21.228.83 por quinzenas de trabalho foi integralmente destinado ao trabalhador Lourenço Castro. Porém, o erro foi por parte do funcionário, que não repassou o dinheiro ao demais. “Todos os comprovantes estão na justiça, e, por motivos de sigilo do sindicato, não podemos fornecê-los. Mas eu posso afirmar que todos os pagamentos foram feitos”, relatou o diretor.
Os trabalhadores afirmam que além do atraso salarial, o sindicato tirava mais do que devia na sua porcentagem chegando a descontar 53.7% do total, o que fazia com que eles recebessem bem menos. Contudo, o diretor afirma que os trabalhadores estão mal informados e que eles recebem 64% do total arrecadado. 
Em defesa o diretor afirma que todos os atos do sindicato estão protegidos sobre a lei n°12.023 de agosto de 2009.
ENTENDA O CASO
O Sintram representa os avulsos perante empresas e armazém que precisam de estivadores para carga e descarga de caminhões. Na falta de empresas para representá-los, o próprio Sindicato pode fazê-lo, recebendo dinheiro e repassando aos trabalhadores. Segundo avulsos que se dizem prejudicados pelo Sintram, é justamente nessa negociação que eles saem perdendo. Acusam o Sindicato, sob o comando de Benedito, de ficar com a maior parte do repasse.
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