AUTISMO

Psicanalista alerta para que os pais fiquem atentos aos bebês

Graciela Crespin participa de evento sobre a detecção precoce do autismo que ocorre nesta sexta, dia 28, no teatro de O Imparcial

Começa nesta sexta, dia 28, no auditório de O Imparcial a 3ª Jornada Internacional e 8ª Jornada Internacional do Centro da Infância e Adolescência Maudi Mannoni – CIAMM, que este ano tratará sobre a detecção precoce do autismo e pesquisas neurocientíficas atuais, com presença da psicanalista Graciela Crespin.
Graciela é psicanalista argentina, radicada há décadas na França, sendo membro da Associação Lacaniana Internacional, e presidente e fundadora da Associação PREAUT, que promove capacitação para identificação precoce do autismo em crianças. Em conversa com O Imparcial, a psicanalista falou sobre seu trabalho como pesquisadora e clínica em autismo, além do livro que lançará nesta sexta.
Crespin começou sua carreira nos anos 80 como psicóloga clínica de crianças, e um dia se deparou com um paciente que tinha características diferentes e que ela não achava ser capaz de acompanhar, um garotinho com autismo. “Ele era bem diferente dos bebês que eu conhecia, então procurei um psiquiatra que havia sido meu professor para pedir ajuda, pois percebi que esse bebê era particular. Pedi a ele que cuidasse do bebezinho, era um professor experiente, e eu bem jovem. Mas ele disse ‘você vai cuidar desse bebê e eu vou acompanhar’. Foi assim que nos anos 80 comecei a trabalhar sempre com bebês. Trabalho desde sempre com educação infantil, com bebês e mães em dificuldades, e terapeuta de crianças com autismo”, lembrou.
Ela contou que nos anos 1980 o autismo começou a ser bastante falado, mas que a síndrome foi descoberta ainda na década de 1940, mas ficou esquecida. “Até os anos 70 não interessava a muitas pessoas. Não se pesquisava e não se tratava”, comentou. Para ela, as pesquisas em autismo evoluíram muito de lá para cá, mas ainda encontra dificuldades.
“Mudamos de planeta, sabe. Essa será a segunda palestra. Foi uma revolução, não só científica, mas também uma revolução nas classificações, nas prevalências, nas concepções e no tratamento. Tudo mudou, algumas muito, mas algumas ainda é difícil. Acredito que o Brasil está trabalhando bastante para mudar nesse cenário”, ressaltou
Para a psicanalista, a sociedade está mais aberta ao entendimento e aceitação de pessoas com autismo, mas há agora uma recorrência em “achar que tudo é autismo”. “Agora toda psicopatologia da criança virou autismo. É uma confusão. Também falarei disso em minha palestra, sobre quais as dificuldades de identificar o autismo”, contou. Ela ressaltou ainda que, mesmo com uma maior inserção social das crianças com autismo, “ainda é algo muito difícil para os pais”.
“A vida ainda é complicada. Porque é um transtorno muito grande do desenvolvimento. Até hoje, apesar dos avanços das pesquisas neurocientíficas e genéticas, não conseguimos verdadeiramente saber quais são as causas do autismo. Estamos falando de transtorno do desenvolvimento, de um espectro, com prognósticos diferentes. Algumas crianças se desenvolvem muito melhor, outras ficam muito travadas, apesar dos cuidados”, explanou.
Uma das maiores recomendações que Graciela é que os pais fiquem atentos aos bebês, e desde muito cedo procurem ajuda caso notem que seu filho é diferente de outras crianças. “Autismo é um transtorno evolutivo, quanto mais tarde mais se agrava”, pontuou. “É possível detectar o risco de autismo já nos primeiros meses de vida, mas o diagnóstico só aos três anos”, aconselhou.
Segundo Crespin, na França já existem redes de detecção precoce do autismo, e capacitação de profissionais que trabalhem com crianças, como professores e pediatras. Para ela, “seria interessante que o Brasil fizesse o mesmo”.
A psicanalista lançará ainda o seu livro “A escuta de crianças na educação infantil”, com uma palestra seguinte à primeira, que começa às 15h no auditório de O Imparcial, com o tema “PREAUT: desdobramentos e aplicações clínico-institucionais das pesquisas”. No sábado as jornadas acontecem das 9h às 17h, no auditório do Conselho Regional de Medicina – CRM.
Sobre o Autismo
Autismo, ou Transtorno do Espectro Autista, é um distúrbio que dá sinais nos primeiros meses de vida dos bebês. O número de crianças com o transtorno no mundo é desconhecido, mas um relatório publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos sugere que o autismo é mais comum que se imagina, e afeta cinco vezes mais meninos do que meninas.
Segundo dados do Hospital Israelita A. Einstein, no Brasil são diagnosticados mais de 150 mil casos de autismo por ano, afetando minoritariamente pessoas de 0 a 2 anos e com mais de 60 anos.
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