ATIVIDADE

Mulheres Rurais: Agricultura familiar com toque feminino

Mulheres destacam na agricultura familiar com garra e determinação

Determinada. Assim a agricultora familiar Júlia Assunção, de 43 anos, se define. Há 26 anos morando na comunidade Iguaíba, no município de Paço do Lumiar, Região Metropolitana de São Luís, Júlia diz que já passou por altos e baixos desde que escolheu a agricultura como fonte de trabalho e renda. Em uma área que não era sua, e sim do sogro, a agricultora iniciou a atividade agrícola, cultivando frutas e verduras até conseguir juntar dinheiro e comprar sua própria terra.
Primeiro, Júlia começou a cultivar em uma área de três hectares, que foi crescendo e hoje corresponde a uma área de 15 hectares no Iguaíba. “Foi uma realização quando comprei minha terra. Como dizem por aí, hoje cultivo ‘só tudo’”, conta sorrindo. Em uma área de 15 hectares, a agricultora produz acerola, mamão, graviola, banana, macaxeira, maxixe, quiabo, cheiro verde, dentre outros.
A comercialização é feita aos sábados na Feira da Agricultura Familiar no escritório regional da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp) no bairro do João Paulo e em mais duas feiras da capital, além de comercializar a produção por meio de programas federais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
“Sempre digo que na agricultura familiar não existe crise. A gente produz o ano inteiro e vendemos o ano inteiro porque a população precisa se alimentar. Têm altos e baixos na vida e na agricultura não é diferente, mas a gente se mantém firme e forte para produzir”, afirma Júlia Assunção.
Acerola é o grande potencial da comunidade e da produção de Júlia Assunção. São 85 famílias produtoras de hortifrúti ligadas à Associação dos Pequenos Produtores de Iguaíba, dessas, 70% formado por mulheres como Júlia, que estão à frente da produção familiar. Por duas vezes, ela esteve à frente da Associação como presidente, mostrando o poder da mulher na tomada de decisões.
“Quando a Associação foi criada, apenas 10% das mulheres estavam associadas. Os homens achavam que a gente (mulheres) estava entrando num mundo que não era nosso e eu os desafiava e dizia que íamos conquistar a agricultura de Iguaíba, pois eles achavam que mulher não tinha capacidade para isso”, relembra.
Aos poucos, a Associação foi dando espaço para as mulheres e a agricultura familiar de Iguaíba ganhando mais capricho. “Nós mulheres temos uma prática diferenciada, fazemos tudo com carinho e colocamos perfeição no que fazemos”, afirma a agricultora.
Tanto Júlia quanto outros agricultores da comunidade são assistidos pelo Governo do Estado, por meio da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (Agerp). O órgão é responsável por levar assistência técnica continuada e intermediar o acesso do agricultor a vários programas de comercialização e políticas rurais.
“Todo conhecimento que tive, técnico, capacitação, venda e tudo, foi a Agerp que me proporcionou. Se não fosse o apoio da Agerp eu não teria o que tenho hoje, talvez tivesse, mas não dessa maneira. Como mulher agricultora, me vejo como referência para outras. Lutei para conquistar o que tenho hoje e enfrento o que tiver que enfrentar para defender meus direitos e de todos da comunidade”, declara Júlia.
Para o presidente da Agerp, Júlio César Mendonça, as mulheres sempre desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento do país. Ele destaca que ao apoiar as mulheres rurais, a Agerp fortalece ainda mais a agricultura familiar.
“Vemos a participação das mulheres em vários setores protagonizando a cena no que diz respeito à renda e sustentação da família. Na agricultura familiar não é diferente, as vemos atuando nas mais diversas atividades e cultivos. Isso tem um aspecto positivo, pois as mulheres têm uma afinidade para manusear culturas que exigem um trato mais refinado, então elas, naturalmente, dominam esses setores. A Agerp tem todo um olhar diferenciado para as mulheres rurais por reconhecê-las como parceiras para geração de emprego e renda, implemento tecnológico, verticalização e agregação de valor nos produtos”, enfatiza Júlio César Mendonça.
Reconhecimento
A história de Júlia e de outras mulheres rurais ganha ainda mais destaque durante os 17 dias da Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais em celebração ao Dia Mundial da Mulher Rural, comemorado neste sábado (15). A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem como um dos objetivos dar visibilidade para direitos e experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.
No Brasil, a campanha é liderada pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). São parceiros a Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), dentre outras instituições.
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