SÃO LUÍS

Medo e clima de insegurança dominam a Vila Funil

Um grande número de moradores da Vila Funil deixou suas casas por medo da criminalidade no bairro.

O medo tomou conta da população do bairro Vila Funil, região metropolitana de São Luís, onde a onda de criminalidade e falta de segurança se somam e obrigam muitos moradores a deixarem suas casas.
A equipe de reportagem foi até o bairro e se deparou com um cenário típico de velho oeste, ruas vazias, muitas pessoas trancadas em suas casas e várias residências fechadas, com placas de venda e aluguel. Outro ponto que chamou a atenção é a inscrição, supostamente de uma facção criminosa, escrita a carvão no muro da Associação de Moradores do bairro. Segundo informações dos próprios moradores, o sentimento de insegurança que predomina no local fez com que algumas pessoas deixassem suas casas, colocando-as à venda, ou apenas fechando o imóvel e se mudando para outro local.
A dona de casa Maria Raimunda, de 51 anos, contou que já mora no bairro desde a sua fundação e que já observa há muito tempo a falta de segurança que existe no local. “Não tem segurança. Aqui a segurança é só de Jesus mesmo, porque aqui sempre foi assim e nunca foi feito nada”. Ela conta que até vê a passagem de viaturas da Polícia Militar realizando rondas, mas que não é o suficiente para inibir os crimes. “Até passa sempre por aqui sim, mas não adianta, nos horários de cinco e meia, seis horas da manhã sempre tem assalto por aqui, sempre a gente vê alguém que sofre com isso”, explicou Maria Raimunda.
Mudança para um local mais seguro
Uma moradora, que está com sua casa à venda e não se identificou, disse que há 14 anos mora no bairro e que em certas ocasiões é necessário ser cego e surdo. Ela acredita que as ações criminosas que acontecem na Vila Funil são realizadas por pessoas de fora do bairro. “Quando a gente vê que teve assalto ou alguma coisa aqui é porque vem gente de outros lugares assaltarem aqui dentro”. Ela destaca também que não confia em fazer denúncias anônimas, pois acha que não existe sigilo. “Esse negócio de denúncia anônima não existe porque quando o cara sai de lá (cadeia) vem certinho em você pra te matar”, relata. Em julho deste ano, o líder comunitário Almir Silva dos Santos, de 46 anos, foi assassinado a tiros dentro de casa por criminosos da área. A suspeita de que ele repassava informações sobre a criminalidade no bairro foi levantada por alguns moradores na época.
Outro morador que também não quis se identificar, por medo de represálias dos bandidos, relatou que já foi assaltado e viveu momentos tensos com uma arma apontada para si. “Ninguém quer viver com medo, nem ficar sem dormir tranquilo ou sair de noite por causa de assalto, mas a gente tem que fazer o que pode, né! Tenta evitar certas coisas para não correr riscos”, conta.
Opinião contrária
O comerciante Genivaldo não acredita que exista clima de insegurança no bairro e discorda que moradores estejam saindo por medo. “Eu não tenho o que dizer desse bairro. Moro há cinco anos e pra mim é tranquilo, esses moradores que saem daqui à vezes é porque não se contentam com a sua vida e ficam querendo saber da vida dos outros”. Ele conta também que se sente seguro morando com sua família no bairro “Eu sempre tive meu comércio aqui e só fui assaltado uma vez. Pra mim não existe essas coisas não”.
Polícia desconhece informação de insegurança
O responsável pelo 21° Batalhão de Polícia Militar, major Mauro, disse que a segurança sempre é feita no local por meio de rondas e da presença do efetivo da PM responsável pela área do Maracanã e adjacências, mas desconhece ações criminosas que estão levando moradores a sair de suas casas. “A gente tem conhecimento dos assaltos a ônibus que acontecem naquela área, fato que estamos trabalhando para prevenir, mas sobre ações criminosas dentro do bairro mesmo não temos recebido reclamações”. Ele conta também que o batalhão dispõe de três viaturas do Batalhão de Choque, que fazem a segurança em bairros como Vila Samara, Vila Esperança e outros bairros próximos, além da Vila Funil e que qualquer denúncia feita à polícia será prontamente atendida, “A Vila Funil é um bairro pequeno. Então, sempre estamos presentes no bairro, assim como nos outros próximos. Qualquer denúncia que os moradores precisem fazer é só entrar em contato com o batalhão e nós iremos verificar o ocorrido, não é preciso nem se identificar, é só você ligar e fazer a denúncia”.
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