EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Dia das Crianças: Dinheiro como presente é recomendável?

Especialistas esclarecem dúvidas sobre o assunto e orientam sobre idade e condições ideais para os pequenos lidar com dinheiro

Com a chegada de mais uma grande data comemorativa como o Dia das Crianças e o consumo cada vez maior, se torna essencial o debate sobre o papel dos pais na educação financeira dos filhos. Mas será que você sabe a forma certa de presentear seu filho com dinheiro? Qual a idade em que o dinheiro pode ser oferecido? Em quais casos é melhor negar a quantia?
Pensando nisso, O Imparcial consultou especialistas para responder os principais questionamentos, para seu filho ter mais um Dia das Crianças inesquecível.
Evelyn Lindholm, psicóloga (Honório Moreira/O Imparcial)

Para a psicóloga Evelyn Lindholm, a troca do presente palpável por dinheiro é válida principalmente se na família já houver a iniciação às noções financeiras. “A troca de presente material por um presente em forma de dinheiro é mais adequada quando já existe uma introdução de mesadas, percepção de custo e limites. Mas, devemos ter cautela em alguns casos. Dependendo da idade, o modo como esse dinheiro será usado e, dependo do valor, como ele será apresentado. Ou seja, se a criança andará com todo o valor em suas mãos (carteira, bolsa, mochila, roupa) ou se será dado aos poucos conforme a necessidade e descontando do valor total, pois em alguns lugares não é seguro uma criança andar com certas quantias”, orienta Evelyn.

Pós e contras
Reinaldo Domingos

Para Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), existe pós e contras:

Prós – ajuda na iniciação da criança ao universo financeiro; estimula o aprendizado de educação financeira; oferece noções de administração do recurso financeiro (que perdurarão por toda a vida); ensina a criança a poupar para realizar um sonho; etc.
Contras – apenas se for dado a crianças muito pequenas que ainda não saberão compreender o que é e para que serve; dado sem orientação quanto à importância da poupança e de como administrá-lo.
Existe uma idade adequada para começar a inserir dinheiro na vida da criança?
Reinaldo Domingos – Com a minha experiência nessa área, como educador financeiro, lidando diretamente e diariamente com crianças e jovens, posso dizer que cada criança é de um jeito, tem uma personalidade, por isso, não tem regra. No entanto, a idade entre sete e oito anos se mostra bem interessante para começar a inserir essa prática com o dinheiro, pois já estão mais familiarizados com a teoria. Até indico que, caso os responsáveis/familiares queiram conceder mesada, essa é uma boa faixa etária.
Evelyn Lindholm – Através da mesada elas vão vivenciar situações comuns da vida adulta, como querer comprar algo e o custo for maior que sua renda, a necessidade de juntar duas ou três mesadas para atingir o objetivo, ou o ato de não se controlar e gastar toda a mesada logo que recebe e ficar sem dinheiro depois, é sempre recomendado que quando situações assim acontecerem, o responsável deve aproveitar a oportunidade para educar sobre prioridades e consumo indevido, não o compensando com outro valor se ele demonstrar frustração por não poder contar ainda com a mesada.
Em quais tipos de casos não é aconselhável repassar esse dinheiro?
Evelyn Lindholm – Quando nos referimos a troca de presente por um valor em dinheiro deve-se considerar certa instrução necessária à criança sobre esse valor, sua utilização e administração. Noções básicas são suficientes no início desse processo. Explicações mais complexas como descontos, barganha e negociações podem ser ensinadas com o tempo.
Reinaldo Domingos – Não acredito que haja casos em que não se possa repassar esse dinheiro. A única coisa que alerto é para prestar atenção à personalidade, condutas e comportamento da criança que se pensa em conceder dinheiro. Se ela já se mostrar consumista, com tendência a gastar tudo o que recebe, sem filtros e ponderações, é preciso urgentemente começar a oferecer instruções sobre educação financeira.
Os pais são exemplos
Sendo referência aos filhos, é necessário muito cuidado por parte dos pais. O consultor financeiro explica que se a criança vê os pais comprando sem parar, vão acabar absorvendo o modelo. Com isso, é fundamental ter muito cuidado com o exemplo que os familiares passam e sempre demonstrar que a felicidade não está ligada ao consumismo.
“No caso do exemplo externo, a família também terá um papel de grande relevância, que é o de estabelecer os limites para esta atitude. Os pais podem reforçar ou não a atitude consumista da criança e se o comportamento da criança não mudar nesse primeiro momento é muito provável que ela se torne um adulto sem limite nos seus gastos”, esclarece Reinaldo Domingos.
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