ANIVERSÁRIO DE SÃO LUÍS

Cortejo de personagens dará início as comemorações dos 404 anos

O cortejo sairá hoje da Praça Benedito Leite rumo ao Palácio dos Leões e tem como objetivo divulgar a história e a cultura do povo ludovicense

Um grande cortejo Tambores baseado no livro “Os Tambores de São Luís” do escritor maranhense Josué Montello acompanhado de um roteiro turístico dramatizado abre hoje (1º), às 19h, às celebração dos 404 anos da cidade. O cortejo sairá da Praça Benedito Leite rumo ao Palácio dos Leões e tem como objetivo divulgar a história e a cultura do povo ludovicense, utilizando-se de personagens e textos da obra mencionada.
O roteiro tenta aproximar-se da trajetória do negro Damião, personagem principal do romance, que, ao longo do seu percurso, rememora, não só a sua vida, desde a época como escravo, seminarista e professor, mas também daqueles que contribuíram para a história do Estado e da cidade de São Luís, como poetas, padres, políticos, artistas e muitos outros.
Farão parte do percurso personagens do início da fundação da cidade, representada pelos seus primeiros habitantes que marcaram escreveram no tempo o início da história de São Luís, tais como Daniel de La Touche, sob o título de Senhor de La Ravardière, foi um experiente Lugar-tenente General da Marinha Francesa do século XVII. Nobre, de religião protestante, liderou a expedição francesa que, em 1612, deu início as pretensões de colonização no Norte do Brasil. Denominada de França Equinocial, teve seu marco na fundação do Fort Saint Louis (Forte de São Luís), sendo o atual Palácio dos Leões, o núcleo do antigo forte. O Palácio abriga a sede do governo estadual em São Luís, atual capital do Maranhão. La Touche oriundo de Poitou, na região do Loire, viveu grande parte de sua vida em Cancale com sua esposa, cidade portuária próxima de Saint-Mailo, no Norte da França, na região da Bretanha. Em sua homenagem o edifício da prefeitura de São Luís chama-se Palácio de La Ravardière em sua homenagem. Além da loucura da consorte de França Maria Médici também estará presente no cortejo. Ela Foi também Rainha Mãe de França. que foi a segunda esposa do rei Henrique IV, o primeiro dos Bourbon no trono francês.
O sincretismo religioso que formam as primeiras matrizes religiosas da cidade também estarão no cortejo com a presença de Mãe Andressa Maria, Yalorixá da Casa das Minas, um dos terreiro de tambor de mina mais antigo de São Luís e terceiro terreiro de culto afro-brasileiro inscrito no livro de tombo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Com uma organização matriarcal, sempre foi chefiada por mulheres. Uma das líderes mais conhecidas – já passaram pelo comando oito governantes – foi Mãe Andressa, que governou a Casa entre 1914 e 1954. E os primeiros representantes da Igreja Católica do Bispo Dom Manuel e Padre Policárpo.
Histórias de amor que fizeram com que a cidade ganhesse o título de Ilha do Amor estará representada por nada menos que o amor de Ana Amélia e Gonçalves Dias autor do poema Canção do Exílio e parte dos poemas de “Primeiros cantos” e “Segundos cantos”; o drama Patkull; e “Beatriz de Cenci”. Como grande musa inspiradora Ana Amélia Ferreira Vale inspirou várias de suas peças românticas, inclusive “Ainda uma vez — Adeus” foram escritas para ela. Gonçalves Dias pediu Ana Amélia em casamento em 1852, mas a família dela, em virtude da ascendência mestiça do escritor, refutou veementemente o pedido. No mesmo ano retornou ao Rio de Janeiro, onde casou-se com Olímpia da Costa. Logo depois foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros. Passou os quatro anos seguintes na Europa realizando pesquisas em prol da educação nacional. Voltando ao Brasil foi convidado a participar da Comissão Científica de Exploração, pela qual viajou por quase todo o norte do país. Voltou à Europa em 1862 para um tratamento de saúde. Não obtendo resultados retornou ao Brasil em 1864 no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa brasileira; salvaram-se todos, exceto o poeta, que foi esquecido, agonizando em seu leito, e se afogou. O acidente ocorreu nos Baixos de Atins, perto de Tutóia, no Maranhão. Ao lado de José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Pela sua importância na história da literatura brasileira, podemos dizer que Gonçalves Dias incorporou uma ideia de Brasil à literatura nacional.
O crime da baronesa
Outro personagem histórico que marcou a justiça da cidade também está no cortejo: a Baronesa Ana Rosa. Ela ficou conhecida pelo caso do assassinato do escravo de 8 anos de idade, de forma violenta em 1876. A Baronesa de Grajaú, mulher do vice-presidente da província e médico Carlos Fernando Ribeiro, moradores da Rua São João, no centro de São Luís. O caso que ganhou repercussão nacional pois o mesmo, permite o mergulho nas disputas políticas do império brasileiro também circunscritas na província maranhense entre liberais e conservadores, nas disputas abolicionistas, além de um olhar multidisciplinar de Direito Penal, Criminologia, Medicina Legal, Antropologia, Sociologia e História sobre um dos mais importantes julgamentos do Brasil no séc. XIX.
A baronesa foi absolvida e o promotor e poeta Celso Magalhães, discípulo do também jurista e poeta pernambucano Tobias Barreto, foi exonerado do cargo. O Corpo do menino foi levado ao cemitério com caixão fechado, hábito incomum na época. Excelente mote para discutir questões escravistas e abolicionista, além de aspectos sociais e culturais do Brasil, em especial do Maranhão na segunda metade do século XIX.
A Rainha do Maranhão no cortejo
O público conhecerá ainda personagens como Catulo da Paixão Cearense, Nhá Zica e Ana Jansen. Ana Joaquina Jansen Pereira, apelidada de “Rainha do Maranhão”, que foi uma rica proprietária de terras e imovéis, além de portadora de Títulos de Nobreza e Ativista Política e dos Movimentos Sociais. Descendente da nobreza européia, sua família se instalou no Brasil, na província de São Luís do Maranhão. Ficou conhecida pela dureza que tratava os inimigos e pela autoridade extrema a que tratava seus funcionários. Era muito dura com as pessoas pois a vida nunca foi fácil para ela. Contam que um dia, uma escrava de dentes muito bonitos sorriu para a poderosa Jansen com deboche e ela, com ódio do sorriso, mandou arrancar o dente da negra a força, sem anestesia e a escrava morreu de hemorragia e foi jogada num poço da fazenda, sem dó nem piedade. Ana era muito cruel para com todos. Estudos no Maranhão comprovam que nesse poço estavam enterrados mais de 100 cadáveres, todos escravos de Ana, que ela mandou matar de forma totalmente desumana.
Ana, a poderosa do Maranhão, morre devido a idade, aos 76 anos, e após esse fato, tem sua memória maculada pelos inimigos que a transformam em uma alma penada, em uma bruxa maldita que percorre as ruas de São Luís em uma carruagem puxada por cavalos e escravos mutilados, gritando de dor e desespero por se arrepender dos pecados que cometera. Até hoje em São Luís todos temem seu espírito e até parentes de Ana, como bisnetos e tataranetos, as pessoas evitam se aproximar por medo de uma “maldição familiar”. Existem ruas com o nome dela e até uma lagoa em sua homenagem, por parte da prefeitura, pois a população não gosta dela por acreditarem nos fatos que por fim lhe deram a reputação de uma mulher cruel e assassina de crianças e escravos.
A noite iniciará com a apresentação do Tambor de Crioula, na Praça Benedito Leite, e seguirá com o cortejo, entrando em cena os personagens mencionados. Ao final, todos passearão pela praça interagindo com o público.
 
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