404 ANOS

A ilha de diversos nomes e significados

Cheios de referências da formação cultura, social, arquitetônica, histórica e literária, desvende os vários apelidos de nossa cidade

Quando você conhece uma pessoa especial logo começará a vir na sua cabeça apelidos carinhosos para denominá-la. Assim acontece com aquele objeto que você tem muito carinho e acaba dando vida a tal por meio de nomes carinhosos carregados de significados. E foi assim também que aconteceu com a cidade de São Luís, e seus diversos apelidos e significados marcantes. Cheios de referências da sua formação cultural, social, arquitetônica, histórica, politica e literária, O Imparcial irá listar alguns desses diversos nomes e seus significados.
Ilha do amor
Talvez um dos nomes mais conhecidos que a cidade carregue, São Luís é conhecida como Ilha do Amor. E foi talvez Gonçalves Dias, poeta romântico e indianista da 1ª fase do Romantismo Brasileiro, que tenha dado a maior contribuição poética e romântica para nossa cidade. Naquela época “um poeta poderia ser encontrado em cada esquina de São Luís”, mas Dias procurava a tranquilidade nas palmeiras da praça que hoje carrega o seu nome, também conhecida como o Largo Dos Amores.
E como dito pelo autor Antônio Maria Santiago Cabral em sua obra Releituras da Alma de São Luís do Maranhão, “E na acolhedora Praça Gonçalves Dias, onde se ergue a estátua do grande poeta – o Largo dos Amores – embaixo de uma palmeira onde canta o sabiá, uma linda moça vestida de branco olha ansiosamente para o imenso mar à frente. É Ana Amélia, a eterna musa de Gonçalves Dias, e espera a chegada do navio Ville de Boulogne que traz o seu amado de volta da Europa. Não o verá, porque o navio naufragará próximo aos Lençóis Maranhenses, mas ainda que se passem mais 400 anos, aquele sonho de amor continuará vivo”.
Com seu lindo panorama da cidade, poética e clima favorável ao cultivo do amor, não resta dúvidas de que Dias deu força para que São Luís mereça o título de Ilha do Amor.
Cidade dos azulejos
Os azulejos de São Luís compõem um dos patrimônios culturais mais belos da cidade. Encontrados nas fachadas das casas antigas no centro, assim como em igrejas e decorações internas dos casarões, foi no período colonial que os azulejos lusitanos começaram a chegar à capital maranhense. Historicamente, os azulejos tinham uma visão estética de enriquecer as casas da burguesia e os prédios comerciais da época.
Segundo a autora Isabella Bogéa de Assis, “Os portugueses se dedicaram à produção de azulejos, utilizando técnicas diferenciadas e trabalho manual. Eles também trabalharam em prol de uma construção visual, de forma que um painel com o mesmo azulejo colocado em determinadas posições possa ser visto de várias formas. Esse diferencial português tornou seus produtos mais sofisticados e refinados do que o dos outros países da Europa, que não se dedicaram tanto à produção de azulejos”.
O Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Museu de Artes Visuais), localizado na Rua Portugal, na Praia Grande, contém o maior acervo de azulejos em exposição atualmente. Lá comprovamos com historiadores que o patrimônio azulejar maranhense é em sua maior parte proveniente de Portugal, mas que também possui influência da França.
Essa herança, assim como o nome Cidade dos Azulejos, é um patrimônio cultural mundial. A proteção dos azulejos é de extrema importância para a sociedade, pois eles retratam a identidade ludovicense, que por sua vez é formada por uma mistura de vários povos. Essa cultura azulejar maranhense, assim denominada, resgata historicamente pontos marcantes da construção da nossa cidade, assim como se tornou uma referência mundial da azulejaria.
Jamaica brasileira
O reggae é um dos ritmos que mais embala a capital maranhense. As radiolas de reggae, ou seja, grupos musicais organizados ao redor de DJs e paredões de som arrastam centenas de amantes da música em diversas festas pela ilha. Mas não é de hoje que essa relação de São Luís e o ritmo se iniciaram. Há pessoas que dizem que o ritmo foi difundido por ondas de rádio do Caribe na década de 70, trazendo agrado a quem ouvia.
Outras teorias dizem que o ritmo chegou entre os anos 50 e 60, que não só as ondas de rádio ajudaram nessa difusão do ritmo pelos habitantes da ilha, como também os marinheiros, especialmente contrabandistas de café brasileiro que levavam cargas para as Guianas.
Por sua relação com o estilo musical, a cidade ficou conhecida como a capital do reggae no Brasil – ou simplesmente “a Jamaica brasileira”. Segundo a jornalista Karla Freire, “O reggae é uma música de negro, com baixos e graves fortes. Por isso existe uma identificação muito grande com a cultura negra do Maranhão. Em muitos casos, a mesma pessoa que curte o reggae é quem toca o bumba-meu-boi, o tambor de crioula”.
Historicamente, sabe-se que na década de 80 alguns programas de rádio e televisão foram dedicados ao reggae, ajudando na propagação desse ritmo; já nos anos 90, já se foi listado mais de 80 salões e clubes de reggae pela cidade, fazendo jus ao nome de Jamaica Brasileira.
Terra das palmeiras
A “Canção do Exílio”, poesia romântica de Gonçalves Dias, introduzida na obra lírica Primeiros cantos, de 1846, faz com que a cidade de São Luís acabe por ganhar mais um carinhoso apelido. O poeta trata de forma sutil certa aversão aos valores portugueses e consegue evidenciar os valores naturais do Brasil, usando como musa a capital, ou também chamada Terra das Palmeiras.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)
Atenas Brasileira
São Luís teve sua fase de ouro no século XVIII, onde uma agitação cultural da cidade era predominante, que começara a se relacionar com mais capitais europeias do que outras cidades brasileiras. São Luis possuía calçamento e iluminação que poucas cidades do Brasil possuíam; foi também a primeira a receber uma companhia italiana de ópera. Recebeu semanalmente as últimas novidades da literatura francesa e os comerciantes, que estavam em uma ótima fase econômica tinham a condição de enviar seus filhos para estudarem em outras capitais, mas, principalmente, na Europa.
E então a cidade se tornou uma Atenas Brasileira. Decorrente do número de escritores locais que exerceram importante papel na literatura partir do romantismo, o Maranhão começou a ser conhecido como o estado que fala o melhor português de todo o Brasil. Assim, a primeira gramática do Brasil foi escrita e editada aqui, por Sotero dos Reis.
Ilha Rebelde
A cidade não recebe o nome de Ilha Rebelde por acaso. São Luís foi marcada por diversos movimentos históricos de grande repercussão, palco de manifestações onde a esperança de transformação das práticas políticas foram o principal foco.
Em 1951houve a histórica greve da meia passagem. Em 1979 houveram comícios na Praça Deodoro no Movimento Diretas Já e no Fora Collor. A ilha sempre se mostrou resistente e foi exemplo de mobilização. E por isso, de forma carinhosa dada pelos moradores, a Ilha Rebelde é uma capital também de orgulho por ter enfrentado diversos momentos de altos e baixos.
Cidade do Palácio de Porcelana
O Palácio dos Leões, erguido no alto de uma colina de frente para o oceano Atlântico e com palmeiras imperiais aos arredores é um dos pontos turísticos da ilha. Hoje, ele é residência e sede administrativa do Governo do Maranhão, figurando como o endereço mais nobre da Ilha de São Luís.
Esculpido com a sublimidade da arquitetura neoclássica e com seus três mil metros quadrados de área construída, o forte erguido em 1612 pelos franceses transformou-se em um palácio. Seus salões nobres e luxuosos, obras de arte como um par de jarras Vieux Paris e, no Salão Dourado, a existência de duas obras sobre alguns móveis que evidenciam o apelido dado ao palácio: as porcelanas de Sèvres, que mostram o talento dos artistas do século XIX.
Hoje, o palácio é vigiado por duas imponentes estátuas de leões em bronze, postas em frente à fachada e que representam o poder executivo. Na entrada principal, uma escadaria é o caminho para a ala nobre, com seus cinco salões principais, que agregam 1.300 objetos de arte: Salão Luís Felipe, Salão de Banquete, Sala da Estrela, Salão Dourado e Hall do Arcais. O Palácio dos Leões se tornou uma espécie de viagem ao passado, arte, cultura e política do Brasil.
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