SACERDÓCIO

Ser padre: vocação e formação

A descoberta de uma vocação e o árduo, porém prazeroso, caminho que futuros padres seguem para sua formação

O seminário é uma instituição da Igreja Católica que se dedicada à formação de pessoas que farão parte do ministério sagrado. Os estudantes, também chamados de seminaristas, recebem preparação espiritual, bem como estudos da Filosofia e Teologia. Os seminários podem ser divididos em menores, que recebem alunos mais novos que geralmente ainda estão cursando o ensino médio, e os maiores, com alunos que já estão fazendo o curso superior de Filosofia e Teologia.
A formação de um seminário católico geralmente é dividida em quatro dimensões: a espiritual, que inclui oração e missas diárias; a intelectual, que diz respeito ao estudo e aulas que os seminaristas têm; a comunitária, que visa às relações humano-afetivas, comunitárias e caridosas dos seminaristas, e, por fim, a dimensão pastoral, onde se instiga o desenvolver de trabalhos propostos pela Igreja para a comunidade.
Vocação
O termo derivado do verbo no latim vocare significa “chamar”. Vocação religiosa seria então um chamado de Deus para a prática religiosa. Se tornar um padre vai muito além de ter apenas vocação, que já é algo bastante forte e não é tão simples, como conta padre Eduardo. “Nós passamos por diversas fazes, desde comprovações, na qual começamos a ter certeza das coisas participando de grupos vocacionais na Igreja para a formação do discernimento concreto do que queremos ser. E então, quando isto for comprovado para si mesmo, um Pároco vai recomendar o aluno ao Bispo, que irá lhe redirecionar para um Seminário”, explica.
Ainda segundo padre Eduardo “o próprio trabalho pastoral dos padres é de motivas os jovens ao seu despertar vocacional, com essas ações que são realizadas nas Igrejas”. Todas essas etapas podem ser chamadas de pré-seminário, ou seja, fazes que antecedam os Seminários Menores ou Maiores. Padre Eduardo também conta que “tudo isto dura em média 10 anos, podendo chegar até aos 14 anos de formação. No Seminário Maior o aluno primeiro irá passar quatro anos na graduação de Filosofia, depois quatro anos na de Teologia, para então começar seus trabalhos como Diácono e por fim ter sua Orientação Sacerdotal”.
O seminarista Marcos Barbosa, de 21 anos, começou a sua história ainda quando estava no ensino médio, no ano de 2009. “Eu comecei em São Domingos do Azeitão, cidade do interior do Maranhão, a criar esse discernimento que nós chamamos, quando atuava na minha paroquia e comunidade, chamada Comunidade Santa Teresa. Eu ingressei no seminário menor, quando ainda estava no 2º ano do ensino médio, na cidade de Balsas, e logo depois me mudei para a cidade de Pastos Bons”, conta sobre o inicio de sua trajetória.
Em 2013, marcos mudou-se para São Luís, quando entrou no Seminário Maior da Diocese de Balsas, chamado Seminário Dom Oscar Romero, localizado no bairro Santo Antônio. Marcos está prestes a se formar em Filosofia, e conta que mesmo ainda chegando ao meio do caminho para se tornar um padre “eu já atuo no grupo de jovens, dou suporte na catequese e crisma, além dos grupos de liturgia”, revela, onde trabalha na Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro do Coroado.
De família predominantemente católica, Marcos conta que seu avô foi o principal responsável em lhe inserir no mundo religioso. “Ele que começou a me ensinar as primeiras orações e também me ensinou que marcou muito a minha infância, chamada “Toda Bíblia é Comunicação”, de padre Zezinho. Sempre fui apoiado pela família, onde sempre que disseram que a minha felicidade será a felicidade deles. Mas por parte de alguns amigos houve um pouco de preconceito quando ingressei no seminário”, declara.
As responsabilidades em um Seminário Maior são, assim como o próprio nome, maiores e diferentes das que o estudante tinha ao ingressar no Seminário Menor. “Quando eu vim para São Luís muita coisa mudou, o Seminário Maior requer muito mais de nós, mas para mim tudo isso é muito satisfatório” diz. Marcos, quando finalizar sua formação, diz que quer se envolver muito com a comunidade. “Eu gosto muito de causas sociais. educação, movimentos sociais e trabalhos voluntários. E isso me move para exercer e atua bem nessa área como futuro padre”, finaliza.
História do Seminário Santo Antônio
O Seminário de Santo Antônio, um dos mais importantes na história de São Luís, começou a ser construído em agosto de 1624, junto a Capela Bom Jesus dos Navegantes. Foi fundado pelo Frei Francisco Cristóvão de Lisboa, que partiu para o Pará e então deixou frei Antônio Trindade como guardião local. O convento foi o primeiro quartel do Corpo de Polícia da Província do Maranhão (atual Polícia Militar), fundado em 1836.
No ano de 1838 a formação dos sacerdotes maranhenses era feita no Colégio de Nossa Senhora da Luz, dos jesuítas, que estava fechado desde 1759. Havia uma deficiência na formação e instrução do clero na capital, levando Dom Marcos Antônio de Souza, 15º bispo do Maranhão, a se preocupar com a instalação de um seminário diocesano para suprir esse vácuo que se instalara. Em 1856, o convento se encontrava quase abandonado começou a ser reconstruído pelo Frei Vicente de Jesus, que também iniciou a construção da Igreja de Santo Antônio, mas a falta de recursos impediu o término da obra. Apenas em 1864 novos recursos foram concedidos, e então em 17 de janeiro de 1867, após uma grande procissão que havia um caixão com a imagem de Santo Antônio que a igreja foi inaugurada, com uma grande comemoração.
Com uma história cheia de altos e baixos, natural em qualquer instituição, o Seminário Santo Antônio teve uma de suas épocas de glória com a chegada dos padres lazaristas, que assumiram a direção de Santo Antônio em 1904. E após 60 anos, o Seminário voltou a períodos de decadência, tendo que passar novamente um período fechado por falta de vocações e os lazaristas deixam a direção do local. O Seminário foi transferido para o velho sobrado do Barão de Grajaú, onde funcionou também o Museu de Artes Sacras do Maranhão. Em 1985 ele retorna para seu prédio oficial, se tornando um Seminário Interdiocesano, o que significa que todos os seminaristas de todas as dioceses do Maranhão iriam residir juntos.
O Seminário tipo Interdiocesano durou por pouco tempo, e logo após cada diocese começou a fundar o seu próprio Seminário. Hoje, o Seminário de Santo Antônio se encontra em reforma, desde o inicio do ano.
Acontecimentos notáveis
Há fatos de verdadeira importância histórica e outros fatos engraçados que aconteceram no Seminário de Santo Antônio. Por exemplo: as reuniões que antecederam as batalhas da Revolta de Beckman, em 1684, aconteciam nas dependências de Santo Antônio. Foi também na Capela Bom Jesus dos Navegantes, dentro da Igreja, que o Padre Antônio Vieira proferiu o famoso Sermão de Santo António aos Peixes, no ano de 1654, fazendo uma crítica velada à alta sociedade da época. Em outubro de 1991 o Papa João Paulo II, durante sua segunda viagem ao Brasil, se hospedou neste convento em sua passagem por São Luís. Há histórias também que contam que frades que moravam no Seminário tiveram uma “batalha” contra formigas que roubavam alimentos de suas despensas.
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