Rio 2016

Dos 11 medalhistas brasileiros, nove são das Forças Armadas

Eles participam de programa do Ministério da Defesa e recebem salário de R$ 3,2 mil para se dedicar ao esporte

Um gesto bem simples tem chamado a atenção na Olimpíada do Rio. Alguns atletas brasileiros têm prestado continência após serem condecorados. Motivo? Eles são integrantes do Programa de Atletas de Alto Rendimento (Paar) do Ministério da Defesa. Dos 465 integrantes da delegação brasileira, 145 são militares.
Criado em 2014, o projeto tem números impressionantes. Das 11 medalhas que o Brasil tem até o momento na Rio 2016, nove foram conquistadas por atletas militares.
Para participar do programa, não é preciso ser militar de carreira. A seleção é feita por meio de editais que são lançados dois por ano. Os atletas passam por uma nova prode títulos, que inclui uma análise de seus desempenhos em competições e suas posições nos rankings de cada modalidade. Se aprovados, ganham uma patente (geralmente de sargento), um soldo (salário) de R$ 3,2 mil, com 13º, e direito de desfrutar de toda a estrutura esportiva das Forças Armadas. Além disso, têm direito a atendimento médico, odontológico, nutricional, fisioterápico e psicológico. Todos esses benefícios podem se estender por um período máximo de oito anos.
Felipe Wu
Atualmente, 670 atletas participam do projeto, o que gera um custo anual de R$ 18 milhões ao Ministério da Defesa. Primeiro medalhista do Brasil na Rio 2016, Felipe Wu é um deles. O atirador conta que ingressou no programa por não ter conseguido outra forma de incentivo financeiro. “Na minha modalidade, praticamente todos os atletas e dirigentes são militares. Então, quando saiu um edital em 2013, eles me avisaram, e eu me inscrevi”, lembra.
Wu acrescenta que, se não tivesse se tornado militar, não poderia ser atleta de tiro esportivo, já que, por ter menos de 25 anos, não pode obter porte de arma.
Sobre a continência que prestou no pódio, Wu nega ter recebido qualquer orientação para fazê-la. Ele também descarta a possibilidade de o gesto ter sido uma forma de agradecimento às Forças Armadas. “Até porque eu os agradeço sempre que posso”, justifica. “Cada um faz o que se sente confortável. Eu fiz de maneira voluntária. Foi uma foram de demonstrar respeito”.
Críticas
O programa do Ministério da Defesa foi criticado por Marcos Goto, técnico de Arthur Zanetti, prata nas argolas e um dos atletas militares em ação na Rio 2016. “São militares? Ou são atletas que são militares? Eles não treinam lá, só são contratados por eles. Eu que dou treino para o meu atleta, não são militares”, disparou, após a conquista de Zanetti. “Gostaria que os militares fizessem um trabalho de base, tiraria o chapéu para eles. Agora, apoiar atleta de alto nível é muito fácil.”
Robson Conceição
Sem mencionar o treinador, o Ministério da Defesa respondeu, em nota, que “além do Programa Atletas de Alto Rendimento, desenvolve, em parceria com os ministérios do Esporte e do Desenvolvimento Social e Agrário, o projeto social Forças no Esporte (Profesp), que beneficia cerca de 21 mil crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social”.
O próprio Goto minimizou sua declaração, afirmando que não fez, “de jeito nenhum”, uma crítica ao trabalho desenvolvido pela pasta. “Não fiz queixa, dei minha opinião. Fiquei sabendo que existem alguns projetos que fomentam o esporte. É uma alegria saber disso”, concluiu.
Militares medalhistas
Rafaela Silva – ouro no judô
Thiago Braz – ouro no salto com vara
Robson Conceição – ouro no boxe
Felipe Wu – prata no tiro esportivo
Arthur Zanetti – prata na ginástica artística
Arthur Nory – bronze na ginástica artística
Poliana Okimoto – bronze na maratona aquática
Mayra Aguiar – bronze no judô
Rafael Silva – bronze no judô
VER COMENTÁRIOS
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias