Riqueza histórica

Dia Nacional do Patrimônio Histórico

Em 17 de agosto se comemora o Dia Nacional do Patrimônio Histórico no Brasil. Saiba por que a data é importante

Quando se fala em Patrimônio Cultural no Maranhão, logo se pensa no Centro Histórico de São Luís, mas o estado possui tantos outros locais e bens imateriais. Alguns, como as ferrovias das cidades de Caxias, Codó, Rosário e Santa Rita, são praticamente desconhecidos como partes do Patrimônio Histórico, outros, como o Altar-Mor da Catedral da Sé e o Palacete Gentil Braga, já fazem parte da lisa de muitos na hora de apontar o que o Maranhão tem de riqueza histórica.
Outra parte do patrimônio diz respeito a coisas que nem se pode tocar fisicamente, mas que certamente está no coração dos maranhenses, como o Bumba meu Boi, o Tambor de Crioula, a Roda de Capoeira e o ofício dos Mestres de Capoeira. Todos eles são lembrados nesse dia 17 de agosto, o Dia Nacional do Patrimônio Histórico no Brasil.
O novo e o antigo
Nem só de bens e manifestações antigos vive a cultura e história de um país, como explica o estudo. A noção de que apenas coisas antigas devem ser preservadas e tombadas é “ultrapassada e equivocada”, já que a “importância de um bem não tem relação direta com sua idade”. “Bens recentes podem ser indicados para tombamento, pois também estão sujeitos às descaracterizações ou demolições”, diz o estudo. A Pampulha, Brasília, o Masp, Parque do Ibirapuera e os jardins de Burle Marx, são exemplos de construções recentes na história do Brasil e que são tombados como Patrimônio.
Recursos do PAC garantidos
Na semana passada uma reunião do secretário de Cultura e Turismo do Maranhão, Diego Galdino, com o ministro da Cultura, Marcelo Calero, e a presidenta do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Kátia Bogéa, em Brasília. Em pauta, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das Cidades Históricas em São Luís, como recuperação da Rua Grande e as reformas dos Teatros Artur Azevedo e João do Vale, os Pontos de Cultura do Maranhão e os Faróis dos Saberes. Atenção repórter a ideia é fazermos um passeio com ele pela Praia Grande no Centro Histórico, na Frente do João do Vale e no Teatro Arthur Azevedo. Durante a reunião, o ministro Calero garantiu a Galdino a aplicação de recursos federais nas obras ainda durante este ano e informou que já estão previstos no Orçamento Geral da União investimentos para 2017.
Gestão de preservação
Atualmente no Maranhão existem 44 projetos de conservação, que fazem parte do programa federal PAC-Cidades Históricas, administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan-MA, hoje sob gestão do superintendente Maurício Itapary. O gestor aponta que entre os projetos estão as requalificações e restaurações da Rua Grande, do Teatro Artur Azevedo, Teatro João do Vale, do Complexo Ferroviário da RFFSA, Praça João Lisboa, Lago do Carmo e Mercado Central. Além do Iphan, também atua em São Luís a Fundação Municipal do Patrimônio Histórico (Fumph), criada em 2005 para atuar na preservação e reabilitação de prédios históricos no Centro Histórico de São Luis. “A Fumph é responsável por projetos importantes no Centro Histórico, desenvolvendo ações de reabilitação para habitação (ruas da Palma, Giz e Humberto de Campos), equipamentos de apoio à comunidade na Casa do Bairro, equipamentos culturais no Cine Teatro Roxy”, enumera o presidente da Fundação, Aquiles Andrade.
Andrade ainda aponta que faz parte ações da Fundação municipal a “sensibilização da comunidade sobre a importância da preservação do patrimônio histórico”. Ele frisa que a colaboração a população é importante, como foi de forma ativa na restauração da Fonte das Pedras.
Tombamento de bens históricos no Brasil
A preocupação com a cultura e história do Brasil foi oficializada em 1937, com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Sphan, que tinha um objetivo claro: proteger cidades antigas e monumentos que corriam risco com a especulação imobiliária e reformas urbanas, como explicam os pesquisadores do Crea-SP Nilson Ghirardello e Beatriz Spisso eno estudo “Patrimônio Histórico: como e por que preservar”. Estiveram envolvidos na criação do Serviço, as personalidades Mário de Andrade, Lúcio Costa, Gustavo Capanema e Rodrigo Melo de Andrade. O dia 17 de agosto foi escolhido como Dia Nacional do Patrimônio Histórico por ser também a data de nascimento de Melo de Andrade, historiador e jornalista que dedicou uma vida ao trabalho no Sphan. Hoje o Serviço se transformou no IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, possuindo registro de mais de 20 mil edifícios, 83 conjuntos urbanos e sítios arqueológicos, além de obras de arte, documentos e manifestações culturais, como Bumba meu Boi do Maranhão, por exemplo.
Por que preservar
Os pesquisadores Ghirardello e Spisso explicam que as intervenções humanas no ambiente são “registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras”. A conservação de bens, memórias e saberes é de suma importância, frisam os pesquisadores, e “ ganha novo foco, decorrente da necessária consciência de diminuirmos o impacto sobre o ambiente, provocado pela produção de bens.
O que é tombamento
Tombar é o ato de inventariar, arquivar, registrar coisas materiais ou imateriais, que tenham relação com uma região ou especialidade, com a finalidade de proteger e garantir a sua assistência por parte de algum agente de poder.
Tombamento é um termo que vem de Portugal, da Torre do Tombo, uma das torres do Castelo São Jorge, onde se costumavam guardar documentos importantes do Estado Português.
Preservar e tombar são relacionados, mas a preservação de uma cultura ou história pode existir sem o tombamento, que é um registro legal. Entretanto, especialistas ressaltam que sem o aporte legal, a preservação não é garantida.
Entre o público e o privado
Em São Luís, como em muitas outras cidades históricas, existem edifícios tombados que são de propriedade do Estado, União ou mesmo da Prefeitura, assim como centenas deles de propriedade privada, o que pode gerar muitas dúvidas sobre o processo de preservação e tombamento.
Para muitos o tombamento pode ser visto como uma “agressão” ou “desapropriação”, mas a lei não funciona dessa forma. Ela apenas regula o “uso responsável” da propriedade e em nada tem haver com retirada de posse. Itapary aponta que “é importante esclarecer e orientar os proprietários sobre a importância econômica e social da preservação de seus imóveis, mantendo diálogo permanente, orientando e aprovando seus projetos de restauração”.
Para o gestor do Iphan no Maranhão, a data de 17 de agosto é para refletir sobre a valorização do “alto significado dos bens materiais e imateriais”. “Nas escolas, nas universidades, nas instituições culturais, como as Academias de Letras, ou de Artes e Ciências, este seria um instante propício para uma reflexão sobre o importante e valioso papel que cada uma dessas entidades, ou todas em cooperação, poderiam desempenhar na promoção de medidas de salvaguarda e valorização do extraordinário patrimônio cultural maranhense”, comentou.
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