Editorial

BR-135: Mortandade sem fim

Mais um grave acidente na BR-135 alertou para a necessidade de duplicação da rodovia que já teve várias datas para conclusão

Já faz muitos anos que o governo federal se propôs a duplicar o trecho da BR-135, entre o Estreito dos Mosquitos, que separa São Luís do continente, e Bacabeira, estendendo-se até o povoado Entroncamento, em Itapecuru. Mesmo tendo surgido de uma necessidade urgente para impedir que a chamada “Rodovia da Morte” continuasse com sua escalada mortífera em acidentes de carros, cada vez mais violentos, o projeto passou por inúmeras análises no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), discussões políticas infindáveis, enquanto o custo da obra ia ganhando polpudos reajustes.
Depois de licitado, o projeto sofreu revés na Justiça, enquanto os técnicos refaziam o detalhamento e jogavam os custos para o alto. Na definição do trecho a ser duplicado, o preço por quilômetros ficou um dos mais caros do Brasil, sob a justificativa de a estrada cortar uma área alagada e ser implantada entre duas ferrovias – a da Vale (Carajás) e de São Luís-Teresina. Por tratar-se de o único acesso rodoviário à capital maranhense, imaginava-se que a BR-135 teria prioridade absoluta do governo federal. Ledo engano.
Muito mais urgente seria em razão dos inúmeros acidentes fatais naquele trecho da BR-135. Já foram mais de 100 pessoas trucidadas na “Rodovia da Morte”. Mesmo assim, a obra de duplicação anda, anda e para. Hoje está quase parando. Passou dois governo Roseana Sarney; passou segundo mandato de Lula, o primeiro e quase a metade do segundo de Dilma, e a duplicação não chega ao fim.
Políticos de todos os níveis de governo e de representação parlamentar procuraram até fazer média, colocando outdoors dando boas-vindas à obra, assumindo a “paternidade” do projeto, mas a irresponsabilidade dos governantes fala mais alto. Depois sumiram os outdoors, sumiram os “padrinhos” e a duplicação, inexplicavelmente, parou. Foi retomada bem devagar. Acabou o governo Roseana, começou o de Flávio Dino; caiu o governo Dilma Rousseff, caiu o diretor do Dnit, entrou o substituto, voltou o anterior, e a duplicação da BR não avança.
Tanto os governos Lula, quanto os de Dilma receberam votações recordes no Maranhão. Mas as realizações do governo federal no Estado têm sido sinônimo de fracasso, de desrespeito e de irresponsabilidade para com o povo maranhense. Exemplos não faltam, como o famigerado Polo de Confecção de Rosário, que o presidente Fernando Henrique inaugurou; a Refinaria Premium, que valeu tantos discursos, produziu sonhos, mandatos eletivos e não passou de um mais um escândalo ligado à Petrobras. Mais de R$ 1 bilhão jogados fora. Dava para duplicar toda a BR-135, do Maranhão ao Piauí.
Quanto já foi gasto na duplicação da “Rodovia da Morte” não se sabe o valor exato. O que todos têm certeza é que, quando as máquinas voltarem um dia para concluir a duplicação, obviamente que o preço não será o mesmo, ao custo de mais de R$ 15 milhões por quilômetro será reajustado. O descaso é corroborado com a fraca representatividade do Maranhão no parlamento nacional. Nas informações sobre obras de infraestrutura, no governo Michel Temer, a BR-135 não está incluída. Enquanto a mortandade prossegue. Desgraçadamente, uma tragédia repetitiva e revoltante.
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