ENTREVISTA

Ted Lago fala sobre os resultados e parcerias para o Porto do Itaqui

Sob comando de Ted Lago, empresa busca aproveitar melhor o potencial do Porto, que pode ser fonte de riqueza para o MA

Ted Lago fala sobre os resultados, parcerias e federalização do porto do Itaqui
Uma fonte de riqueza que era muito mal aproveitada. Assim podemos definir o Porto do Itaqui, partindo dos resultados mostrados pela diretoria nos quase dezoito meses de nova gestão na Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), sob o comando do presidente Ted Lago.
Em um ano e meio, os números mudaram progressivamente e hoje o Porto rende lucros para o Maranhão e todo o Brasil. Se partirmos da ótica geográfica, o Itaqui tem uma posição estratégica no que diz respeito a oportunidades de escoamento de mercadorias, seja na importação ou exportação, prática mais corriqueira hoje em dia.
Em entrevista a O Imparcial, Ted Lago fala sobre os resultados, reajustes no Porto e na Emap, parcerias internacionais e federalização do porto.
Pelo segundo ano consecutivo, o Porto do Itaqui consegue números expressivos, quebrando recordes em movimentação, seja com exportações ou importações. Onde está o foco, a base que levou a esses resultados?
Ted Lago – A missão que nos foi confiada pelo governador Flávio Dino é consolidar o Porto do Itaqui como meio de desenvolvimento para o Maranhão. Desde o primeiro dia de trabalho, estamos focados nos resultados que possam integrar os recursos operados pelo porto com oportunidades que gerem renda e melhoria da qualidade de vida dos maranhenses. Resultado é consequência de trabalho e gestão. No caso do Porto do Itaqui, refletem o casamento entre suas excepcionais condições naturais, importantes parcerias institucionais, atração de novos negócios e consolidação dos que já encontramos em processo, o início do funcionamento do Tegram e, principalmente, ao trabalho de uma equipe focada em atingir a excelência no que faz e concretizar sua visão que é “ser, até 2018, a empresa pública referência em gestão portuária no Brasil”.
É importante também perceber que estamos atravessando um ano difícil. Além da crise econômica e política, sofremos com as mudanças climáticas e já é esperada uma quebra na safra de grãos na ordem de 40%. Precisamos estar ainda mais atentos de modo a garantir nosso plano de investimentos. A participação do setor privado é fundamental, seja nos investimentos para a área portuária, seja para a atração de novos negócios. Buscamos sempre a parceria com Associação Comercial, Federação das Indústrias, dentre outros importantes atores privados.
Gastos também foram cortados. Há a ideia de que haviam pessoas demais dentro da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), sem a necessidade de tanta gente? Esses cortes com pessoal realmente foram feitos? Isso gerou uma economia de quanto?
Nossa estrutura administrativa é rigorosamente a mesma que encontramos em janeiro de 2015. O que houve foi redução de despesas e custos operacionais, eliminando aquilo que era inadequado e desnecessário. Importante notar que nenhum serviço foi eliminado. O que fizemos foi rever contratos, identificando oportunidades de melhoria. Então é uma questão de respeito ao dinheiro público, marca do governo Flávio Dino. Também tivemos economia de R$ 1,3 milhão com a suspensão de bônus e gratificação para presidente e diretores. A otimização dos procedimentos de segurança e a melhoria da gestão das operações ocasionou a redução de 52% no tempo médio de espera de navios. Na área financeira houve redução de R$ 32 milhões de custos operacionais e despesas administrativas em relação a 2014 (26% menos que o realizado em 2014), margem Ebtida (indicador financeiro que mede a rentabilidade) de 49% (índice que em 2014 era de 0,08%).
Recentemente foi assinado um memorando de entendimento com uma instituição de Cingapura, buscando um conjunto de benefícios. O que pode ser extraído dessa parceria?
O objetivo da parceria é consolidar o Porto do Itaqui como hub logístico regional, aproveitando a experiência de Singapura em uma consultoria que prevê assistência na área de desenvolvimento econômico por meio de planejamento estratégico portuário, considerando toda a área de influência do Itaqui, incluindo desenvolvimento de infraestrutura e suporte operacional. Queremos aprender com os melhores do mundo e também compartilhar com eles nossas experiências.
Que outros projetos e parcerias a Emap vem buscando, no sentido de otimizar, dinamizar e evoluir os trabalhos do Porto do Itaqui?
Temos realizado ações estratégicas junto aos mercados latino-americano, asiático e do oriente médio, com o objetivo de apresentar as vantagens competitivas do Porto do Itaqui e da logística do corredor Centro Norte e região agrícola do Matopiba – formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Apresentamos as características do mercado e o porto do Maranhão como porta de entrada e saída de mercadoria e comércio e também mostramos a possibilidade de incentivos fiscais para empresas que queiram investir no Maranhão. Entre os negócios internos, destaca-se a parceria que vem sendo desenhada com o Porto Seco de Anápolis e as empresas Brado e VLI para fomento da movimentação de contêineres, trazendo e levando cargas para o Centro-Oeste do país. As negociações estão avançadas e são previstos embarques-teste de grãos conteinerizados, que serão movimentados pela Norte-Sul e Estrada de Ferro Carajás.
Federalização do Porto. Tem gente defendendo essa ideia. Como o senhor vê?
Essa ideia representa um retrocesso não só para o Maranhão, mas para o Brasil, já que a esfera de decisões e de investimentos no Porto do Itaqui se deslocaria para o âmbito federal, perdendo a conexão direta com a realidade local. Causa espanto que esses rumores surjam justamente no momento em que a importância do Itaqui se consolida não somente para a economia maranhense, mas também para toda a área de influência do Itaqui. Para se ter uma ideia, cerca de 35% do ICMS arrecadado no Maranhão é proveniente de negócios movimentado no Porto do Itaqui. No primeiro quadrimestre deste ano, movimentamos no porto aproximadamente R$ 7,3 bilhões em mercadorias. Foram R$ 4,3 bilhões em exportações e R$ 3 bilhões em importações. Só com a exportação de gado vivo foram injetados na economia maranhense R$ 42 milhões.
Mas é importante dizer que não há formalização de qualquer iniciativa no sentido de federalização. A classe empresarial local tem externado sua posição contrária, a Câmara de São Luís e vários parlamentares da Assembleia Legislativa e Congresso Federal também vem se contrapondo e, recentemente, o próprio diretor da Antaq declarou publicamente que não há motivo plausível que possa fundamentar essa que me parece uma ideia isolada.
A situação de momento do Porto. É possível que ele se torne a principal porta marítima do Brasil e/ ou da América do Sul, tendo em vista sua posição estratégica?
O Porto do Itaqui é o primeiro porto público do Norte e Nordeste do país em movimentação de cargas e também em profundidade. Além disso, é patrimônio do povo do Maranhão e tem importância vital na dinamização da economia de todo o corredor centro-norte do Brasil, impactando positivamente as receitas de oito estados e dinamizando um mercado potencial formado por cerca de 50 milhões de pessoas. Essa posição torna o Maranhão mais competitivo, com capacidade de operar navios com maior capacidade de armazenamento, o que reduz o custo do frete por tonelada. As novas eclusas do Canal do Panamá acabam de ser inauguradas, o que favorecerá ainda mais o Porto do Itaqui.
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