Gesto de Herói

São Luís recebe exposição itinerante sobre doação de órgãos

A ação que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos permanecerá até o dia 3 de julho

Começou na última sexta-feira, dia 24, em São Luís, o Projeto “Gesto de Herói – o poder de doar vida”, exposição itinerante sobre doação de órgãos que já passou pelas cidades de Rio Branco (AC), Manaus (AM), Belém (PA) e Teresina (PI), e acontecerá durante o ano de 2016 em mais cinco estados nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do país.
A ação do Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e, principalmente, colocar esse tema em pauta nas discussões familiares.
Isso porque a recusa da doação pela família ainda é uma grande barreira ao aumento no número de doadores no país, principalmente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país. No Maranhão, a taxa de recusa familiar chega a 70%.
A exposição permanecerá na capital maranhense até o dia 3 de julho, no Rio Anil Shopping, com entrada gratuita. Além da exibição de depoimentos reais de familiares de doadores falecidos e pacientes transplantados, a população poderá esclarecer as principais dúvidas relacionadas à doação e transplante de órgãos.
Com painéis explicativos sobre o processo e, ainda, a presença de especialistas em doação e transplante para responder perguntas, o Projeto se estenderá ao longo do ano pelos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe.
70% das famílias maranhenses recusam doar órgãos de parentes com diagnóstico de morte cerebral
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, cerca de 900 pessoas estavam aguardando por um transplante no estado do Maranhão em 2015. Do total de pacientes na fila de espera, 138 necessitavam da doação de um rim e mais de 760 de um transplante de córneas. Durante o ano passado, 137 pessoas foram notificadas como potenciais doadores de órgãos no estado, mas somente 18 tiveram algum órgão ou tecido doado neste período. A alta taxa de recusa familiar (70%) tornou-se motivo de preocupação.
O médico Leonardo Borges de Barros e Silva, coordenador da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), informa que os motivos para a recusa da doação pela família são diversos: desde crenças religiosas que impedem a realização do transplante até o desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, o que faz muitos familiares acreditarem que a condição do ente querido com o corpo quente e o coração batendo seja um indicativo de que ele sobreviverá.
“Entretanto, o diagnóstico de morte encefálica – conhecida também como morte cerebral – é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as funções que mantêm a sua vida, como a consciência e capacidade de respirar. O coração permanece batendo e os demais órgãos funcionando. Com exceção das córneas, pele, ossos, vasos e valvas do coração, é somente nessa situação que os órgãos podem ser utilizados para transplante”, observa o especialista.
Autorização
O consentimento informado é a forma oficial de manifestação à doação. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependem da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmado em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor à doação de seus órgãos e tecidos para transplante pode favorecer o consentimento após a morte, mas, de acordo com a lei, é a vontade da família que deve prevalecer”, explica o médico Leonardo Borges de Barros e Silva.
Segundo números do Ministério da Saúde, 205 transplantes foram realizados no estado do Maranhão em 2015. Desses, 144 casos foram de córneas transplantadas e 61 de rim.
“Com transplantes inferiores à média da região Nordeste, nosso estado ainda enfrenta dificuldades para confirmação de diagnóstico de morte encefálica. O ponto positivo é que cresceu o número de doadores efetivos durante o ano”, conta Maria Inês Gomes de Oliveira, Coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do Maranhão.
VER COMENTÁRIOS
veja também
Polícia
Concursos e Emprego
Esportes
Entretenimento e Cultura
Saúde
Negócios
Mais Notícias