MARANHÃO

Paralisação no Minha Casa, Minha Vida afeta setor da construção

Entidades maranhenses veem governo federal interino com cautela

O Mercado da Construção Civil no Maranhão está órfão do programa de habitação Minha Casa, Minha Vida, de responsabilidade do governo federal, com obras paralisadas e desemprego em níveis preocupantes, repercutindo no estado, que possui um dos maiores déficits habitacionais do país.
É o que se pode deduzir das declarações dadas com exclusividade para O Imparcial pelo presidente em exercício do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Maranhão, Edmilson de Araújo Pires, e do secretário de Estado da Indústria e Comércio do Maranhão, Simplício Araújo.
Segundo os entrevistados, presentes no encontro da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, em São Luís, a conjunção político-econômica do país, passando pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff e a posse do vice Michel Temer, como presidente interino, a crise econômica, com aumento de inflação e desvalorização do real frente ao dólar e ao euro, tem prejudicado o setor, mas, mais que isso, a paralisação do Programa Minha Casa, Minha Vida acertou em cheio a construção civil no estado.
Compasso de espera
Para Edmilson Pires, a presença de Michel Temer na cadeira presidencial não trouxe, ainda, motivos para comemorar. Ele frisa que o pouco tempo de governo não é suficiente para se traçar um diagnóstico de como afetará o setor, mas que as melhorias prometidas não virão logo.
“O tempo do governo Temer ainda é muito curto. Nossa expectativa é positiva, mas não de grandes mudanças. A regulação do mercado passa muito pela confiança com o ente público, e hoje a indústria imobiliária, um dos maiores nichos da indústria da construção civil, passa por uma grande dependência de financiamentos”, disse Pires.
Os financiamentos, por sua vez, precisam que os bancos estejam bem e a economia saudável, e Edimilson vê com cuidado as projeções para o país: “Os bancos, sejam eles privados ou públicos, dependem da melhoria da economia e da estabilização política. É um quadro que não está seguro. Temos que esperar o que vem pela frente. O governo é provisório, então estamos em compasso de espera”.
O secretário da Indústria e Comércio do Maranhão, Simplício Araújo, por sua vez, ressaltou que a paralisação do Minha Casa, Minha Vida prejudicou o Maranhão, um dos estados com um dos maiores desequilíbrios de habitação para pessoas de baixa renda do país. Ele apontou que o Governo do Estado possui um programa semelhante ao federal, o Minha Casa, Meu Maranhão, mas que não é suficiente. “Quando digo que o Maranhão é o mais atingido é porque temos o maior déficit habitacional. Nós temos hoje uma necessidade de 400 mil habitações e a paralisação desse projeto (o Minha Casa, Minha Vida) acarretou desemprego e a paralisação de segmentos importantes.
Empregos perdidos
A crise no setor acarretou uma leva de desemprego, e enquanto alguns apontam uma retomada dos postos de trabalho e larga recuperação da indústria, como discutido durante o Fórum da Construção Civil, organizado no começo do ano pelo Instituto Brasileiro do Desenvolvimento da Arquitetura. O presidente do Sinduscon MA puxa o freio e analisa que os empregos voltarão, mas em médio prazo. Tudo depende, segundo ele, da volta dos financiamentos e pagamentos.
“Existe uma promessa de retorno do nível de financiamento, retomada das obras paralisadas e também o retorno da regularização de pagamentos de obras que estiveram paradas em um período recente. A nossa expectativa é que quando os financiamentos retornarem e o nível de pagamentos se regularizar essas obras irão retornar, mas não acreditamos em ritmo acelerado. Deve haver uma recuperação, mas não tão intensa, e a médio prazo. Isso retornaria o emprego a um nível aceitável”, comentou Edimilson Pires.
Segundo dados expostos pelo secretário Araújo, a paralisação de programas federais, e seu consequente impacto sobre o setor da Construção Civil, causou uma lacuna de cerca de 3 milhões de empregos no Maranhão. “E uma indústria importante para o país e não só para o Maranhão. A paralisação do Minha Casa, Minha Vida impactou em 700 mil postos de trabalho diretamente, e indiretamente fazemos um cálculo que afete cinco vezes mais em decorrência da forte agregação da cadeia produtiva. Um posto direto gera pelo menos cinco indiretos”, calculou.
Grandes Empreendimentos
O Sinduscon avalia que nesse momento o Maranhão não é o estado dos grandes empreendimentos em imóveis, estando os projetos de casas populares no coração da indústria local. “(O Maranhão) é um dos estados que mais construíram imóveis de utilidade social para pessoas de baixo rendimento. Os programas do governo, de uma forma geral, auxiliaram muito o estado nesse sentido. Minha Casa, Minha Vida – Faixa 1 foi um grande movimento. Então, assim, há um vetor de venda específico para cada segmento. Cada imóvel tem seu tempo, e o forte hoje no Maranhão são os imóveis do Minha Casa, Minha Vida Faixa 1 e Faixa 2″.
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