Belezas da arquitetura, paisagismo e segredos do Palácio dos Leões
Conheça mais sobre a imponência do luxuoso Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, construído sobre o sítio fundador da cidade de São Luís, localizado na Praça Pedro II
Por: Patricia Cunha
Plantas, um espelho d’água com visão infinita, entre outros atributos. Uma visão para a Baía de São Marcos de deixar qualquer um maravilhado. A imponência do luxuoso Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, construído sobre o sítio fundador da cidade de São Luís, localizado na Praça Pedro II, exibe ao fundo um jardim que pela sua beleza chama a atenção de dez entre dez profissionais da arquitetura e do paisagismo.
Foi o que chamou a atenção da Profa. Dra. Bárbara Irene Wasinski Prado, coordenadora de um projeto de pesquisa que visa recuperar o desenho paisagístico original do jardim interno do Palácio dos Leões. O Projeto de Restauração dos Jardins do Palácio dos Leões: uma obra de Roberto Burle Marx está sendo desenvolvido no Laboratório da Paisagem e do Ambiente (Lapa) do Curso de Arquitetura e Urbanismo (CAU) da Universidade Estadual do Maranhão, e está em fase de levantamento do trabalho inicial. O estudo iniciado em agosto do ano passado tem previsão de término no próximo mês de agosto e é patrocinado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
Restauração
Segundo a professora, o que se quer com a pesquisa, inicialmente, é que haja um trabalho de restauração dos jardins internos, por parte do governo do estado; e que o espaço seja aberto à visitação pública. O interesse surgiu quando da pesquisa sobre o trabalho do arquiteto. Foi quando Bárbara descobriu três obras no Maranhão atribuídas a ele. Além dos jardins do Palácio, há outras duas que ainda estão sendo alvo de confirmação.
“É inegável a importância que tem o monumento dos jardins, que é reconhecido mundialmente por ter sido realizado por Burle Marx, um arquiteto de fama internacional, mas aqui dentro isso ainda é desconhecido. Seria uma ignorância de nossa parte deixar que essa parte da história, que esse ponto turístico não seja conhecido, não seja disponibilizado para o público”, argumenta a professora doutora.
Principais Intervenções
1857
Teria recebido aleias de palmeiras, a exemplo do que vinha sendo praticado no Brasil, desde o Rio de Janeiro e São Paulo, quando houve o plantio das palmeiras-imperiais (Roystonea oleracea).
1901
Uma ordem do diretor da Intendência Municipal da Capital do Estado do Maranhão, publicada no “Diário do Norte”, Edital de nº 33 A, noticia o projeto de aformoseamento do “Largo de Palácio”, onde os edifícios mais importantes da cidade se localizavam, e de obras em outras praças e neste edital são indicados o projeto do engenheiro Palmerio de Carvalho Cantanhede e de seu substituto Anísio de Carvalho Palhano.
1906
O palácio foi ampliado, estendendo-se uma ala nos fundos dele, destinada à residência do governador, e a fachada do palácio trazia algumas alterações e um brasão heráldico em azulejo com leões pintados. No pátio, havia “um jardim zoológico de vida efêmera” (LIMA, 2002, p.63).
1968
Intervenção realizada por Roberto Burle Marx. O projeto de Roberto Burle Marx chegou com uma proposta paisagística modernista, que trazia consigo uma afirmação da modernidade, tal qual o discurso político daquela época no estado do Maranhão.
1973
Roberto Burle Marx foi chamado para concluir seu projeto original, que trazia modificações quanto à forma e ao conteúdo vegetal. Apresentava tanques e espelhos.
1993
O projeto de Acácio Gil Borsoi, de 1992, substituiu o de Roberto Burle Marx com adaptações para criar uma piscina onde houve um tanque para plantas aquáticas, perda de palmeiras-imperiais e de outras plantas e jardineiras, sem reposição de novos exemplares, retirada de plantas e canteiros para o estacionamento dos carros oficiais e realização de eventos sociais.
Foto: Jardim do Palácio dos Leões
Visitação Pública
Um projeto de paisagismo digno de apreciação merece, segundo Bárbara, que seja aberto ao público, claro, depois que forem feitas as intervenções resgatando o projeto original idealizado por Roberto Burle Marx.
“O que a gente não conhece a gente não cuida e, depois, estaremos recuperando a história do Maranhão; é preciso mostrar e tornar conhecido o trabalho de um profissional mundialmente conhecido que fez uma obra em São Luís e, por último, o turismo que aumentaria sem dúvida. Eu entendo que abrir para visitação uma área que precisa ser resguardada, por ser residência oficial, necessita de uma segurança, mas creio que dá para fazer um estudo de viabilidade sem comprometer a segurança da sede do governo”, pondera Bárbara Prado.
Bárbara Prado é arquiteta urbanista, professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão, mestre em Desenvolvimento Urbano-UFPE, Doutora em Urbanismo – UFRJ.